quarta-feira, 27 de julho de 2011

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO





O esôfago corresponde a um longo tubo músculo-membranoso e elástico que liga a boca ao estômago. Sua extremidade inferior possui o chamado “enfíncter esofagiano inferior” (EEI), cujo função básica é regular ou impedir o refluxo de alimentos e ácido do estômago no sentido oposto, ou seja, em direção ao esôfago e boca. Este esfíncter evita o refluxo gastroesofágico (RGE). Algumas pessoas, contudo, apresentam a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), onde há retorno do conteúdo ácido do estômago, devido a ineficácia dos mecanismos anti-refluxo, incluindo a redução do tônus do esfíncter. Estes pacientes se queixam de pirose (dor em queimação irradiando para cima e por trás do osso esterno), regurgitação (fluxo do líquido azedo ou amargo do estômago para a boca, ocorrendo principalmente à noite ou quando a pessoa se inclina para frente), disfagia (sensação de que o alimento está bloqueado na da boca ao esôfago), odinofagia (dor à deglutição), sialorréia (enchimento súbito da boca com um líquido claro, levemente salgado produzido pelas glândulas salivares), eructação (arroto), queixas respiratórias (tosse crônica, aspiração recorrente e asma) e queixas otorrinolaringológicas (rouquidão, dor de garganta, pigarro e soluços). Assim, existe uma série de medidas que poderiam ser tomadas a fim de evitar complicações futuras em pacientes com DRGE, as quais são citadas a seguir.

A) Mudança do Estilo de Vida (MEV):


Elevação da cabeceira da cama; evitar alimentos sólidos ou líquidos 2 a 3 horas antes de deitar-se; abstinência dos cigarros e de bebidas alcoólicas; evitar usar roupas apertadas na cintura; emagrecimento (se estiver acima do peso); uso de antiácidos líquidos (hidróxido de alumínio ou de magnésio) antes de deitar-se e 30 minutos após refeições ou uso de bloqueadores H2 sob orientação médica.


B) Tratamento Dietético:


Ajustar as necessidades energéticas da dieta para adequar o peso corporal; evitar o excesso de carboidratos e aumentar a ingestão de proteína na dieta (para estimular a liberação do hormônio gastrina, que promove o aumento do tônus do esfíncter); evitar o excesso de gordura na dieta (que retarda o esvaziamento gástrico e estimula liberação de colecistoquinina, um hormônio que diminui o tônus do esfíncter). Deve-se realizar pelo menos 6 refeições por dia com pequenos volumes. Bebidas gasosas e líquidos juntamente com as refeições devem ser evitados. Cafezinho, chás e condimentos (pimenta do reino, pimenta vermelha, páprica e mostarda em grão) diminuem a pressão do esfíncter e devem ser evitados. Bacon, língua, carne de porco e miúdos em geral (fígado, coração e rim) também devem ser restringidos em sua dieta, pois são ricos em gordura saturada e colesterol. Feijão, cebola, alho, couve de Bruxelas e repolho também devem ser evitados, pois causam flatulência, distensão abdominal ou desconforto gastrintestinal.


Enfim, a dieta tem um papel crucial no tratamento de pacientes com DRGE. A medicação também tem um importante papel, desde que sob orientação médica.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

RECOMENDAÇÕES DE CARBOIDRATOS NO EXERCÍCIO E NO ESPORTE


Abordamos em uma postagem anterior as recomendações de lipídeos no exercício e no esporte. Trabalhamos com a função dos lipídeos ou gorduras, as fontes alimentares, os valores percentuais para a prescrição dietética e um pouquinho de bioquímica para ilustrar sua importância na saúde humana. Dando continuindade ao nosso Blog de Nutrição Esportiva, agora apresento as recomendações de carboidratos (também chamados de hidratos de carbono ou glicídeos) no exercício e no esporte. Minha idéia é abordar os seis (06) nutrientes essenciais para a saúde: carboidratos (açúcares), lipídeos (gorduras), proteínas, vitaminas, minerais e água. As fibras dietéticas fazem parte dos carboidratos dietéticos, mas serão abordados separadamente em função de sua importância na saúde e prevenção de doenças. Observe que algumas pessoas simplesmente se alimentam, enquanto que outras verdadeiramente se nutrem. Sendo assim, vou ajudá-los, caro leitor, a entender esta diferença crucial. Lembre-se, inicialmente, do ditado popular: “Você é que você come”. Além disso, sua alimentação também pode lhe garantir saúde e uma velhice com qualidade de vida. Neste sentido, lembre-se também do pensamento de Hipócrates: “Que os teus remédios sejam os teus alimentos”. Enfim, abaixo apresento algumas Recomendações Dietéticas para Carboidratos no Exercício e no Esporte.

RECOMENDAÇÕES GERAIS DE CARBOIDRATOS

- Em primeiro lugar é importante respeitar as recomendações quanto à quantidade dos alimentos, os alimentos indicados e os horários das refeições. Você deve realizar 5 ou 6 refeições por dia em horários pré-estabelecidos. Para atletas, algumas vezes se trabalha com até 9 refeições diárias. Jamais pule uma refeição, pois o plano alimentar elaborado pelo profissional nutricionista permite alcançar os resultados almejados em curto e médio prazo.



- Os carboidratos são classificados como nutrientes energéticos. Quando ingeridos, os carboidratos sofrem digestão no intestino delgado e são absorvidos, chegando ao sangue. Neste momento, o pâncreas libera um hormônio chamado insulina, que promove a entrada da glicose (comumente conhecido como açúcar do sangue) aos tecidos. Esta glicose (açúcar) pode ser utilizada como uma fonte de energia para manutenção do trabalho biológico celular, ou seja, fornecem energia ao nosso organismo. Além disso, também podem ser armazenados no fígado e nos músculos para uso futuro (por exemplo, jejum e/ou atividade física).


- Em uma alimentação saudável, os carboidratos ganham papel de destaque já que a glicose é o único combustível usado pelo cérebro e sistema nervoso central (SNC) em situações fisiológicas. Além disso, as dietas hipoglicídicas (baixo teor de carboidratos ingeridos) devem ser evitadas em nutrição esportiva. Indivíduos submetidos ao esforço físico que sacrificam seu carboidrato de origem alimentar frequentemente apresentam fadiga precoce e fazem com que o organismo utilize de maneira alternativa a proteína do tecido muscular para se manter vivo e ativo. Como conseqüência, há perda de massa corporal magra (MCM) ou massa muscular. Bioquimicamente, ocorre o seguinte: em situações de hipoglicemia (baixa concentração de glicose no sangue) o organismo cataboliza a massa muscular para obter glicose em um processo conhecido como gliconeogênese. Neste situação, os aminoácidos do tecido muscular são direcionados ao tecido hepático e convertidos em glicose, que voltam ao sangue para alimentar o cérebro e sistema nervoso central (SNC), o que justificaria a perda de massa muscular. Além disso, a falta de carboidratos no período pré-treino não permite a adequação dos depósitos de glicogênio hepático e muscular, justificando a queda glicêmica (hipoglicemia) e a fadiga precoce durante o treinamento. Além das funções citadas (energética, reserva energética como glicogênio e manutenção da glicemia), os carboidratos são componentes estruturais das membranas biológicas e exercem efeito “poupador” de proteínas. Conclui-se, portanto, que a prescrição de carboidrato deva atingir estas finalidades. Porém, o excesso de carboidrato da dieta acaba concorrendo para o sobrepeso e obesidade, pois bioquimicamente falando ele é convertido em lipídeos (gorduras) pela rota metabólica conhecida como lipogênese.

CARBOIDRATOS SIMPLES VERSUS COMPLEXOS


- Você deve evitar o consumo exagerado dos chamados carboidratos ou açúcares simples, tais como o açúcar refinado, o açúcar mascavo, o mel, o melado, as rapaduras, as doces, os bolos, as balas, os pudins, os bombons e os sorvetes, especialmente naquelas refeições fora de hora (“ato de beliscar”). Estes alimentos invadem rapidamente a corrente sangüínea (ditos alimentos de alto índice glicêmico) fazendo com que o pâncreas libera grandes quantidades do hormônio insulina (hiperinsulinemia) a fim de retirar a glicose (açúcar) do sangue. Como resultado, ocorre uma queda brusca da glicemia (hipoglicemia) e a pessoa terá um “roupante” de fome, podendo “atacar a geladeira” e comer tudo que nela houver, além de sentir sonolência e fraqueza excessiva.


- Você deve dar preferência para os carboidratos ou açúcares complexos encontrados em alimentos como arroz, batata, macarrão (sem molhos gordurosos, preferencialmente), pães (preferencialmente integrais) e legumes. Estes alimentos invadem lentamente a corrente sangüínea (ditos alimentos de baixo índice glicêmico) e não causam os efeitos maléficos anteriormente descritos, ou seja, eles controlam os níveis de açúcar no sangue e evitam os “picos” de glicemia e insulina durante o dia.


- Em alguns casos, você também pode substituir açúcar refinado por adoçantes artificiais, especialmente em dietas de emagrecimento ou definição muscular entre os esportistas e atletas. Neste caso, teríamos a sacarina, o ciclamato, o aspartame, a stévia, a sucralose, o sorbitol, o manitol e o xilitol.

DISTRIBUIÇÃO DO MACRONUTRIENTE E APORTE ENERGÉTICO


- Quanto à distribuição de macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) podemos observar que não difere grandemente do não-atleta. Em outras palavras, a Associação Americana de Cardiologia preconiza uma distribuição de macronutrientes para não-atletas na ordem de 55 a 60% de carboidrato, 25 a 30% de lipídeo e 10 a 15% de proteína. Já o National Research Council (NRC) preconiza uma distribuição de macronutrientes para atletas na ordem de 60 a 70% de carboidrato, até 25% de lipídeo e 10 a 15% de proteína, ou seja, esta distribuição percentual semelhante à recomendação para não-atletas. Onde estaria à diferença entre os indivíduos então? Ao que tudo indica, a diferença está no aporte energético da dieta e seleção de alimentos. Um indivíduo sedentário de meia idade, do sexo masculino, poderia estar consumindo cerca de 1.800 kcal/dia, enquanto que um indivíduo atleta, de idade similar, poderia estar consumindo 6.500 kcal/dia. Vejam que a distribuição de macronutrientes poderia ser a mesma nos dois casos, mas o aporte calórico diferencia totalmente. Ou seja, devemos levar em consideração a Equação do Equilíbrio Energético para estabelecer as necessidades energéticas e de nutrientes nos indivíduos.


- O Equilíbrio Energético é uma equação bastante simples, que leva em consideração o que você come diariamente e o que você gasta com atividades diárias. Neste sentido, o consumo energético deve levar em consideração o (1) cardápio diário, (2) o cardápio do fim-de-semana, (3) o ato de beliscar entre as refeições, (4) a ingestão de bebidas alcoólicas e o (5) uso de recursos ergogênicos (também conhecidos como suplementos esportivos). Do outro lado da balança temos o gasto calórico, que deve levar em consideração a (1) taxa metabólica basal (TMB, corresponde entre 65 a 75% do gasto energético total, sendo o gasto calórico para se manter vivo em uma situação de repouso), a termogênese da dieta (que é o calor produzido como resultado do gasto energético para digerir e absorver o alimento, correspondendo a 10% do gasto energético total), o nível de atividade física (corresponde entre 15 a 30% do gasto energético total), a composição corporal dos indivíduos e a idade do mesmo. Ainda existe a temogênese adaptativa, que corresponde a 10% do gasto energético total e refere-se à alteração de calor produzida, sem atividade física, necessária, por exemplo, para evitar calafrios quando o indivíduo é exposto ao frio. Então, o aporte calórico de 1.800 kcal/dia do sedentário suporta as necessidades energéticas do indivíduo sedentário para manter seu peso adequado e saudável. Já o aporte calórico de 6.500 kcal/dia do atleta suporta as necessidades energéticas do atleta submetido a um treinamento intenso.


- O componente mais crítico que vai determinar o aporte calórico da dieta é a atividade física, ou seja, que vai determinar as necessidades energéticas diárias de um indivíduo. E salientamos que a grande maioria da população atualmente, sendo o jovem, o adolescente, o adulto ou idoso, vem praticando alguma atividade física, desde uma simples caminhada na praça até um esforço físico vigoroso nas academias de ginástica e musculação. Assim, estima-se que um corredor queime 950 kcal/hora ao exercitar-se em 80% VO2 máximo, enquanto que atletas de maratona (na mesma média de capacidade aeróbia) podem ter um custo energético de até 2.793 kcal/hora. Atletas de ultra-maratona em estágios múltiplos de ciclismo, a utilização energética oscila entre 7.000 e 10.000 kcal/dia. Além disso, o aporte calórico do atleta também pode variar conforme a calendário de treinamento. Por exemplo, um triatleta de meia idade pesando cerca de 70 kg, no período pré-competição, pode estar ingerindo entre 3.000 a 3.800 kcal/dia, tendo uma distribuição de macronutrientes em 65 a 75% de carboidrato, 20 a 25% de lipídeo e 10 a 12% de proteína. Este mesmo atleta em época de competição de Triathlon poderia estar consumindo entre 4.500 a 9.000 kcal/dia, tendo uma distribuição de macronutrientes em 70 a 75% de carboidrato, 15 a 20% de lipídeo e 10% de proteína. Então, a aporte calórico alterou-se grandemente levando em consideração a fase de treinamento. Enfim, a prescrição de 50 a 60% do valor energético total (VET) em carboidratos, por exemplo, não é um simples cálculo matemático sujeito a calculadora de última geração, mas, sim, um complexo mecanismo realizado pelo profissional nutricionista com excelentes conhecimentos de bioquímica e fisiologia do esporte.

AS RESERVAS DE GLICOGÊNIO SÃO MAIORES NO ATLETA


- O organismo humano armazena carboidrato para uso futuro e este é chamado de glicogênio, sendo armazenado no fígado e tecido muscular. A formação (biossíntese) de glicogênio se dá a partir da glicose (comumente chamado de açúcar,), sendo o processo conhecido bioquimicamente como glicogênese. O glicogênio, então, é um polímero de glicose armazenado no fígado, cujo sua função é a manutenção da glicemia, ou seja, libera esta glicose ao sangue nos episódios de jejum ou exercício. Já o glicogênio do músculo esquelético é usado para ele mesmo durante a contração muscular, não enviando esta glicose ao sangue. No fígado, este glicogênio corresponde a 6% do peso do órgão (85 a 90 g, ou seja, 340 a 360 kcal) e no músculo esquelético representa 1% do peso do tecido seco (300 a 400 g, ou seja, 1.200 a 1.600 kcal). Observe que os músculos esqueléticos apresentam 3 a 4 vezes mais reserva energética na forma de glicogênio quando comparado ao tecido hepático, mesmo porque possuímos apenas um fígado em relação a vários músculos. Outros autores relatam que o músculo esquelético de um indivíduo não-treinado apresenta cerca de 80 a 90 mmol/kg de peso muscular, enquanto que em um indivíduo treinado este valor sobe para 130 a 135 mmol/kg de peso muscular [Nota: mmol/kg trata-se apenas uma unidade de medida, mas fiquem atentos as variações nos valores demonstrados]. O glicogênio muscular garante o desempenho atlético e as experiências dos longos anos de treinamento causam adaptações fisiológicas capazes de aumentar grandemente esta reserva. Todavia, um atleta submetido ao treinamento concomitante com uma dieta hiperglicídica pode aumentar seu glicogênio muscular para 210 a 230 mmol/kg de peso muscular, mostrando um importante papel da nutrição no desempenho e, provavelmente, sucesso deste atleta em uma competição. Você não precisa se prender nos valores numéricos apresentados, mas deve observar que atletas possuem mais glicogênio nos músculos do que não-atletas. Observe também que as dietas ricas em carboidratos (dietas hiperglicídicas) podem garantir este pico maior de glicogênio, garantindo algum sucesso no treinamento ou competições. Isso vai de acordo com as publicações científicas nesta área de conhecimento, onde as dietas hiperglicídicas aumentam os depósitos de glicogênio muscular e/ou levam a uma menor degradação (depleção) de glicogênio em dias sucessivos de treinamento.

CARBOIDRATOS LÍQUIDOS VERSUS SÓLIDOS


- Além dos carboidratos simples e complexos, podemos abordar estes hidratos de carbono em líquidos e sólidos. Ambos apresentam vantagens e desvantagens quando utilizados. Por exemplo, os carboidratos líquidos apresentam as seguintes vantagens de utilização: (1) substitui as perdas pela sudorese do treino (hidratação), (2) possui rápido esvaziamento gástrico e (3) possuem uma variedade de sabores, principalmente em marcas comerciais (Gatorade, Marathon ou Maltodextrina). As desvantagens dos carboidratos líquidos incluem: (1) o cuidado especial com volume administrado, (2) a dificuldade de transporte e manutenção da temperatura ideal e (3) não prove saciedade. Então, também existem os carboidratos sólidos, que também apresentam vantagens e desvantagens. Os exemplos de vantagens são: (1) compacto, praticidade na conservação, transporte e consumo (frutas, cereais em barra, géis, etc.) e (2) prove variedade e saciedade. Claro, desvantagens também são verificadas, como: (1) esvaziamento gástrico lento, (2) o esvaziamento gástrico pode ser mais lento se houver proteína, lipídeos e fibras no alimento, (3) pode requerer líquido para facilitar a digestão e (4) não substitui as perdas pela sudorese do treino. Enfim, a seleção de carboidratos líquidos ou sólidos, ou mesmo em géis, depende de cada indivíduo (tolerância), bem como do esporte específico. Todavia, os artigos científicos são claros: os níveis de glicose e de hormônios glicorregulatórios, bem como o desempenho atlético, não diferem em alterações se o carboidrato é líquido ou sólido. A interferência ocorre em relação ao esvaziamento gástrico e índice glicêmico do carboidrato.

ÍNDICE GLICÊMICO DOS ALIMENTOS


- A batata-doce, o arroz integral e o pão integral são exemplos de carboidratos complexos de baixo índice glicêmico, o que significa dizer que sua rapidez em chegar ao sangue é menor que outros carboidratos. Índice glicêmico é o efeito da ingestão de um determinado alimento sobre os níveis glicêmicos, sendo denominada resposta glicêmica. Esta resposta reflete a habilidade deste alimento em causar hiperglicemia (aumento da glicose sangüínea). Além disso, esta resposta é influenciada pela quantidade de alimento ingerido, pelo conteúdo de fibra e gordura presente no alimento e pelo modo de preparo do mesmo. Existem Tabelas de Índice Glicêmico dos Alimentos, onde os mesmo são ordenados em função de sua habilidade em elevar a glicemia. Esta tabela foi criada, originalmente, para ajudar os pacientes diabéticos quanto à seleção de alimentos de moderado e baixo índice glicêmico (IG) a fim de controlar a glicemia. Posteriormente, a tabela tem sido utilizada por esportistas e atletas, uma vez que o controle da glicemia na refeição pré-treino, durante o treino e pós-treino pode otimizar o desempenho atlético. Como existem inúmeras tabelas e variáveis pontos de corte para o mesmo, me limito apenas em apresentar um modelo para ilustrar minha discussão. Sendo assim, alimentos de resposta glicêmica alta (valor acima de 60 ou IG maior que 60), tais como batata inglesa, flocos de milho e mel, invadem rapidamente a corrente sangüínea, fazendo com que o pâncreas libere grandes quantidades do hormônio insulina para captar a glicose. Como resultado, ocorre hipoglicemia resultante e você terá um “roupante” de fome, sonolência, sudorese, fraqueza excessiva e, eventualmente, desmaiar se for associado ao treino. No geral, estes alimentos são condenados na refeição pré-treino, mas desejáveis na refeição pós-treino a fim de repor rapidamente as reservas energéticas glicídicas (reserva de carboidratos no músculo e fígado) perdidas com o esforço físico (por isso que maltodextrina e dextrose pós-treino são bem vindos). Alimentos com resposta glicêmica baixa (valor menor que 40 ou IG menor que 40) e moderada (valores entre 40 e 60 ou IG 40-60), tais como arroz, macarrão, bananas, maçã e pêra, invadem lentamente a corrente sangüínea e não causam excesso na liberação de insulina. Estes devem ser consumidos antes do treinamento, pois fornecem energia contínua para o esforço físico, podendo retardar a fadiga em cerca de 20 ou 25 minutos. A batata-doce é o exemplo clássico de carboidrato de baixo índice glicêmico (IG). Este alimento também possui valor nutricional (macro e micronutrientes). Tendo IG baixo, ele também pode ser usado na última refeição do dia (jantar ou ceia), pois os picos de insulina são suaves, permitindo um fornecimento de glicose contínua durante a noite, evitando que o indivíduo entre em catabolismo facilmente. Veja, após 4 horas, aproximadamente, entramos em um grau maior de estado catabólico, que geralmente reflete os elevados níveis de glucagon (hormônio do jejum) e cortisol (hormônio do estresse). O resultado disso é a proteólise (quebra da proteína da massa muscular) e déficit de glicogênio hepático (que tende a acabar com o passar das horas). Se seu carboidrato é liberado lentamente, então, acredita-se que algum grau de proteólise é evitado, bem como efeito “poupador” deste glicogênio, que é degradado lentamente. Esta idéia de IG permite selecionar, como foi dito, o que comer antes, durante e depois do treino. Veja, por exemplo, a administração de 75 g glicose (quer dizer, carboidrato rapidíssimo) em 30 minutos antes do exercício reduziu o desempenho atlético em provas de endurance (provas de longa duração) por acelerar depleção de glicogênio e conduzir a hipoglicemia. Ou seja, devem-se evitar carboidratos de alto IG próximo ao treino, a fim de evitar a hiperinsulinemia (excesso de insulina) e a hipoglicemia de rebote. Observe que o exercício aumenta epinefrina, norepinefrina e glicocorticóides, enquanto inibe a insulina, controlando, deste modo, os efeitos da insulina em reduzir os níveis glicêmicos. Como regra geral, carboidratos de IG menor que 40 são usados no pré-treino, carboidratos de IG 40-60 são usados durante o treino e carboidratos de IG maior que 60 são usados no pós-treino. Por fim, o efeito glicêmico de um alimento pode influenciar o desempenho no exercício e no esporte.


JANELA DA OPORTUNIDADE (WINDOW OF OPPORTUNITY)


- Por fim, gostaria de abordar rapidamente um conceito interessante em nutrição esportiva: Window of Opportunity. Lembre-se: o que você come antes, durante ou depois do treinamento pode otimizar seu desempenho atlético ou, ao contrário, acabar completamente com qualquer possibilidade de sucesso no esporte ou competições. Sendo assim, o carboidrato é mais lentamente depletado (gasto) se o atleta foi submetido a uma dieta hiperglicídica. Da mesma forma, a ressíntese (nova formação) de glicogênio muscular é aumentada se o carboidrato for ingerido imediatamente após o esforço físico. Em outras palavras, quanto mais tarde você ingerir este carboidrato, menores serão as chances de repor rapidamente o glicogênio para as sessões de treino futuras. Enfim, você precisa aproveitar a Janela da Oportunidade, alimentando-se adequadamente antes, durante e pós-treino.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

CENÁRIO MUNDIAL: UMA VISÃO CRÍTICA DA RELAÇÃO SAÚDE-DOENÇA E O FUTURO DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA









Estudos revelam um crescimento rápido das doenças crônico-degenerativas (diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, câncer e obesidade) em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e em desenvolvimento, como o Brasil. Este fato tem sido correlacionado com uma elevada mortalidade em todo o mundo. A World Health Organization (Organização Mundial de Saúde) e a Organização Pan-Americana da Saúde relataram que 58 milhões de pessoas morreram em 2005 e que 60% destes óbitos (ou seja, 35 milhões de pessoas) devem-se as doenças crônico-degenerativas. Além disso, cerca de 80% das mortes por doenças crônicas ocorreram em países de baixa e média renda. Isso realmente é preocupante ou, melhor, assustador. Frente a esta problemática situação, resolvi escrever este pequeno artigo sobre a relação saúde-doença, porém com enfoque no futuro da nutrição esportiva. Minha intenção aqui é simples: fazer o leitor Parar, Refletir e Agir.

DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS


A doença crônico-degenerativa não-transmissível (DCDNT) é a terminologia usada para caracterizar patologias (doenças) que não envolvem a participação de microorganismos (um assunto questionável atualmente, principalmente em relação à participação de alguns vírus), que não apresentam transmissibilidade, que possuem um longo curso clínico e que apresentam danos celulares irreversíveis. Entre algumas DCDNT podemos citar o diabetes mellitus não insulino-dependente ou diabetes do tipo 2 (DM2), a hipertensão arterial, as doenças cardiovasculares (particularmente o infarto agudo do miocárdio, IAM), as doenças cerebrovasculares (particularmente o acidente vascular cerebral, AVC, também conhecido como derrame), o câncer (câncer de esôfago, cólon, mama e pulmão, por exemplo) e a obesidade.


Em todas estas patologias a ignorância e o descaso com a saúde faz o homem, digamos assim. Em outras palavras, a longa história de descaso com a saúde e a ignorância sobre os fatores de risco que ameaçam a saúde concorrem para a prevalência das DCDNT, que já levaram ao óbito 35 milhões de pessoas em 2005. Diabetes tipo 2 (DM2), hipertensão, doença cardiovascular e cerebrovascular, câncer e obesidade possuem uma trajetória longa e sua ocorrência pode ser prevista através de exames e investigações clínicas periódicas de saúde. Este nível epidêmico de doenças, contudo, está intimamente relacionado com a falta de atividade física e com a alimentação inadequada. Ao contrário, o exercício físico regular e a nutrição têm importância crucial na promoção, manutenção e recuperação da saúde.

FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS


Independente da região ou nível sócio-econômico e cultural da população, os fatores de risco para DCDNT devem ser divulgados pelos meios de comunicação de massa ou mídia (jornal, rádio, televisão, cinema, teatro, outdoor e internet). Entretanto, muitas vezes observamos o empobrecimento da mensagem, onde a vida particular de determinado cidadão, os escândalos sociais e as propagandas apelativas acabam chamando mais atenção do público do que notícias de saúde e bem-estar.


É importante perceber que a determinação dos fatores de risco para DCDNT permite identificar uma variável que se acredita estar relacionado à probabilidade de um indivíduo desenvolver uma doença, anterior ao ponto de irreversibilidade. Desta forma, podemos estabelecer a suscetibilidade individual para determinadas doenças e incentivar mudanças no estilo e nos hábitos de vida dos indivíduos e, neste ponto, é onde se insere o profissional de saúde. Os fatores de risco são inúmeros e, desta forma, nos limitaremos a destacar e comentar apenas alguns destes:

Sedentarismo

O sedentarismo é um fator de risco modificável e intimamente relacionado com a probabilidade de um indivíduo desenvolver uma doença. O sedentário tem 40% mais probabilidade de sofrer um infarto. Além disso, a inatividade física contribui para o aumento do peso e, sendo assim, o obeso é 2 vezes mais propenso a ter uma doença cardiovascular. Estudos mostram que durante o exercício moderado e intenso as fibras musculares tornam-se permeáveis a glicose independente do hormônio insulina, tornando-se uma ótima estratégia para reduzir a hiperglicemia do paciente diabético. O exercício físico também aumenta o colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-C, dito “bom colesterol”), minimizando o risco para doenças cardiovasculares. Por fim, o exercício físico também reduz os triglicerídeos séricos e a pressão arterial.

Alimentação Inadequada

A má nutrição é um fator de risco modificável, onde a seleção de alimentos “pobres” é um importante fator de risco para a evolução de uma doença crônico-degenerativa. Dietas ricas em gordura saturada e colesterol aumentam as chances de uma doença crônica. A hipercolesterolemia (elevado colesterol total sérico), por exemplo, triplica o risco para doença arterial coronariana (DAC). A ingestão excessiva de sódio (dietas hiperssódicas) é um mal para os hipertensos. A reduzida ingestão de fibras não permite retardar a absorção rápida da glicose e também se perdem os fatores de proteção da mucosa intestinal e manutenção do fluxo intestinal adequado. A ingestão reduzida de frutas, verduras e legumes concorrem para a ingestão reduzida de vitaminas e minerais, incluindo importantes antioxidantes (beta-caroteno, vitamina C, vitamina E, selênio, entre outros). As dietas hipercalóricas e hiperglicídicas, principalmente ricas em sacarose, contribuem para o aumento de peso em adiposidade na grande maioria da população. Já entre os esportistas e atletas, as dietas hiperprotéicas também podem contribuir para o aumento de peso em adiposidade e sobrecarga de tecidos, isso quando o treinamento não acompanha o maior aporte dietético.

Idade Avançada

A idade avançada também pode ser considerada um fator de risco para doenças, embora que não-modificável, pois quer você goste ou não, ninguém escapa do processo fisiológico de envelhecimento. O fato é que a expectativa da população aumentou e, com isso, a proporção de idosos na população. Isso pode determinar uma maior suscetibilidade para doenças, principalmente aquelas envolvendo o aparelho cardiocirculatório.

Fatores Genéticos

Pessoas com avós, pais ou irmãos que já sofreram um infarto tem 3 vezes mais probabilidade de serem vítimas de um ataque cardíaco. Sendo assim, aqui encontramos outro fator de risco não-modificável: história familiar em função de fatores genéticos.

Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial é um fator de risco modificável, uma vez que trata-se de uma doença silenciosa que requer, inegavelmente, tratamento medicamentoso, se necessário. Cerca de 60% dos óbitos por acidente vascular cerebral (AVC ou derrame) e 40% dos óbitos por infarto agudo do miocárdio (IAM) estão associados à hipertensão. Entre os hipertensos os riscos de DAC triplicam.

Diabetes e Hiperglicemia

A presença de diabetes ou hiperglicemia também pode ser considerada um fator de risco modificável, pois o diagnóstico e o tratamento adequado estão presentes, basta procurar auxílio e controlar as demais variáveis. Entre os homens, o diabetes dobra o risco para DAC, enquanto que em mulheres quintuplica o risco.

Tabagismo

O tabagismo é um fator de risco modificável, embora o fumante passivo seja um fator de risco controverso. Quem fuma 20 cigarros por dia corre 3 vezes mais risco de sofrer um infarto que um não-fumante. Pesquisas atuais também sugerem um grande risco também para o fumante passivo e, sendo assim, seria muitíssimo interessante o fumante soltar sua “fumaça” para o outro lado, digamos assim.

Estresse

O estresse também pode ser considerado um fator de risco, embora que controverso. Todavia, a atividade física regular serve como uma estratégia eficaz de distração a fim de reduzir o estresse da vida cotidiana. Além disso, o exercício aumenta os níveis de endorfinas produzidas pelo cérebro, o que reduziria a dor, provocaria a sensação de euforia e bem-estar, bem como relaxamento e prazer.

Obviamente existem outros fatores de risco para doenças crônico-degenerativas e, em particular, a doença cardiovascular. Você deve observar, contudo, que estes fatores podem ser agrupados em fatores de risco não-modificáveis (como a idade avançada, o sexo, a raça e a história familiar de doenças), fatores de risco modificáveis (como a hipertensão, a dislipidemia, o diabetes, a hiperglicemia, a obesidade, a má-nutrição e o tabagismo) e fatores de risco controversos (como a hiperhomocisteinemia, a deficiência estrogênica pós-menopausa em mulheres, o fumante passivo, o estresse e as condições sócio-econômicas e culturais).

EXTREMA PREOCUPAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL

Saúde ou Estética? O que as pessoas buscam? Frente a discussão anterior, a resposta deveria ser saúde. Entretanto, tenho visto que na grande maioria dos casos, dos 8 aos 80 anos, a respostam parece ser estética ou excelência física. O fato é que as pessoas estão inseguras quanto a sua imagem corporal e tem gente faturando alto com esta insegurança. Bombardeados constantemente pela mídia dos “corpos perfeitos” e estratégias “antienvelhecimento” e “longevidade”, esportistas (iniciantes, intermediários e avançados) e atletas segue por caminhos tortuosos com conseqüências devastadoras, incluindo a busca por recursos ergogênicos (suplementos nutricionais e farmacológicos) sem a orientação profissional adequada. O forte apelo pelo “corpo perfeito” também tem levado inúmeras pessoas a seguirem as chamadas "dietas da moda", que tratam-se de dietas mirabolantes e, muitas vezes, desequilibradas em seus componentes nutricionais. O resultado, na grande maioria dos casos, é a inadequação do peso e prejuízos de saúde, incluindo decréscimo do sistema imunológico, a tendência a injúria tecidual e, conseqüentemente, o afastamento da atividade física. Uma vez que os objetivos previamente estabelecidos não são alcançados, surge a tríade ansiedade, frustração e depressão.


É importante observar que entre os atletas o esporte adquiriu grandes dimensões com repercussões políticas e econômicas para um país, como observado durante as Olimpíadas. Neste sentido, nas competições esportivas as diferenças entre a fama e a fortuna, entre o campeão e o vice-campeão, são medidas por milésimos de segundo. Não é surpreendente, portanto, a busca por fatores que possam otimizar o desempenho atlético. Para muitos atletas, o treinamento não é suficientemente rápido e eficaz para alcançar suas ambições e a utilização de recursos ergogênicos torna-se um aliado nem sempre bem vindo. Todavia, não atletas também recorrem à utilização de recursos ergogênicos sem orientação adequada, movidos pela extrema preocupação com a imagem corporal.


A hipertrofia muscular, por exemplo, é um dos componentes de aptidão física constantemente visualizada pela população que freqüenta as academias de ginástica e musculação. Estes mesmo indivíduos muitas vezes acreditam cegamente na idéia que um determinado suplemento esportivo possa alterar sua composição corporal rapidamente. Todavia, o aumento da massa corporal magra (MCM) não depende apenas de um bom suplemento esportivo, mas, sim, trata-se de um conjunto de fatores, incluindo o treinamento de sobrecarga, a alimentação equilibrada, o descanso apropriado, além de fatores psicológicos e potencial genético. Mesmo assim, alguns suplementos importados viraram moda nas academias de ginástica e musculação no Brasil, por exemplo, NO-Shotgun VPX, Jack3d USPLabs, Yok3d USPLabs, Cellucor D4 Extreme, Red Line VPX ou Lipo-6X da Nutrex. Seus nomes comerciais chamam a atenção do consumidor e as propagandas associadas a tais produtos chamam ainda mais atenção dos curiosos. Por outro lado, as substâncias contidas nestes suplementos (incluindo evodiamina, N-acetil-L-tirosina, guggulsterona, 5-hidroxi-L-triptofano, adenosina monofosfato cíclico, vinpocetina, yohimbina, sinefrina, citrus aurantium, octopamina e 1,3-dimetilamilamina) passam despercebidas pela grande maioria da população leiga. Alguns profissionais de saúde não indicam sua utilização, pois não há dados suficientes na literatura científica que apóiem sua eficácia sem efeitos colaterais futuros. Outros profissionais não indicam sua utilização, relatando que a suplementação de tais produtos está embasada em uma literatura controversa. E outros profissionais simplesmente não indicam sua utilização por simples falta de conhecimento sobre o assunto.


O fato é: os jovens e adultos estão inseguros quanto à imagem corporal e essa extrema preocupação tem conduzido a procura por suplementos esportivos e, na grande maioria dos casos, sem orientação profissional adequada. O idoso, buscando uma longevidade ou promessa anti-envelhecimento, também vem aderindo aos suplementos esportivos. O atleta, movido por repercussões políticas e econômicas, movido por fama e fortuna, movido por um título de campeão, busca nos suplementos esportivos uma estratégia para otimizar seu desempenho atlético. Por fim, as indústrias de suplementos esportivos, juntamente com a Mídia do “corpo perfeito”, têm alimentado esta insegurança corporal e faturado verdadeiros bilhões de dólares em um processo altamente lucrativo. Cabe a nós, profissionais de saúde, orientar corretamente nossos pacientes ou clientes com base nos achados científicos fornecidos pela literatura científica. Cabe a nós, profissionais de saúde, perceber que o suplemento esportivo é um aliado bem vindo na alteração da composição corporal e saúde, desde que saibamos o mecanismo de ação deste suplemento e sua segurança nutricional. Cabe a população, por fim, recorrer ao auxílio nutricional e prescrição dietética de um profissional de nutrição qualificado, bem como auxilio de outros profissionais de saúde (educadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, etc.) para otimizar o desempenho atlético e saúde.

MUDANÇA DO HÁBITO E ESTILO DE VIDA

A alimentação é peça fundamental para garantir a saúde geral, maximizar o desempenho atlético e alterar positivamente a composição corporal. Na área de conhecimento em Nutrição Esportiva, destacamos que a nutrição pode maximizar o desempenho atlético, otimizando os depósitos energéticos corporais e garantindo o combustível necessário para o esforço físico. Além disso, a ingestão adequada de nutrientes reduz a fadiga e a possibilidade de injúrias, bem como reduz as enfermidades e garante a saúde geral do esportista e atleta. Desta forma, a mudança dos hábitos e estilo de vida torna-se de primordial importância. O recurso ergogênico (comumente chamado de suplemento esportivo) pode se tornar um aliado eficaz na alteração da composição corporal, desempenho atlético e saúde. Para todas estas variáveis, a supervisão de um profissional nutricionista qualificado é essencial.

O FUTURO DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA


Saúde ou Estética? O que as pessoas buscam? Lembram desta pergunta? Pois bem, e porque não buscamos ambos os fatores? Verdadeiramente as pessoas buscam estética corporal, mas devemos aliar esta busca incessante com a promoção da saúde. É justamente por isso que todas as variáveis (treinamento, alimentação, suplementação, descanso, fatores psicológicos e potencial genético) devem ser consideradas. É preciso, por exemplo, entender as necessidades dos praticantes de atividades físicas e trabalhar com um sistema de plano alimentar personalizado, pois não existe “receita de bolso” em nossa profissão. Eu costumo trabalhar com um Sistema de Qualidade e Sucesso (SQS) chamado Dietetic Reeducation Program for Health and Sports Performance (Programa de Reeducação Alimentar para Saúde e Desempenho Atlético), que desenvolvi após anos pesquisando uma estratégia para atingir estes indivíduos submetidos ao treinamento. O SQS prevê uma Avaliação Nutricional Global (ANG) e uma Evolução Nutricional Personalizada (ENP), visando alcançar em curto e médio prazo os objetivos previamente estabelecidos em relação à modelagem corporal e bem-estar físico e mental. Em longo prazo, visa à redução das doenças crônico-degenerativas na vida adulta e na terceira idade através promoção da saúde e da qualidade de vida. A ANG é essencialmente a entrevista, onde buscamos a avaliação do estado nutricional global do indivíduo, onde investiga-se o cadastro, a história clínica, o histórico do treinamento e dieta habitual, bem como a realização da avaliação antropométrica (avaliação física). A ENP, contudo, não é uma simples a entrega de dieta ou plano alimentar, pois trata-se da entrega de uma dieta personalizada, ou seja, que atenda as necessidade energéticas e nutricionais específicas do indivíduo frente a sua prática esportiva. A ENP também leva em consideração a discussão do diagnóstico nutricional e a entrega do manual de reeducação alimentar, lista de substituições de alimentos e acompanhamento semanal para maior controle de cada cliente. Este acompanhamento é um compromisso do cliente frente ao profissional nutricionista, onde o sucesso da dieta depende, verdadeiramente, do profissional (50%) e do cliente focado em seus objetivos (outros 50%).


Mas então, qual o futuro da Nutrição Esportiva? A nutrição no exercício e no esporte é uma ciência que está se desenvolvendo em altíssima velocidade e aplica conhecimentos de nutrição, fisiologia e bioquímica no esporte e atividade física. É uma área de conhecimento intimamente relacionada ao curso de Educação Física e Nutrição, onde uma não vive sem a outra. O mais surpreendente disso é que a Nutrição Esportiva está “abraçando” as demais áreas de conhecimento. Por exemplo, não basta tratar o doente, é preciso manter sua saúde através da dieta e exercício contínuo. Observe que o conceito mais completo de saúde não é apenas a ausência de doença, mas, sim, o bem-estar físico, mental e social. Este equilíbrio orgânico é conseguido com a prática esportiva e alimentação adequada. É fácil observar atualmente médicos e pacientes caminhando nas praças da cidade e se preocupando com a alimentação diária. Claro, algumas pessoas preferem as academias de ginástica e musculação; outros ficam centrados nas animadas aulas com músicas e gritarias; e outros preferem as caminhadas isoladas ouvindo música em seu fone de ouvido. Mas um fato é comum para todos: as pessoas estão se exercitando! A Nutrição Esportiva é uma profissão promissora, pois ela atende a demanda do mercado, onde cada vez mais as pessoas estão preocupadas com a saúde, qualidade de vida e excelência estética. O sucesso no treinamento e no esporte está intimamente ligado a alimentação equilibrada. A longevidade do indivíduo também parece estar ligada a alimentação, onde os estudos da nutrigenômica ganham força. Talvez, em um futuro próximo, o indivíduo sedentário seja uma "raça extinta", digna de um lindo quadro colocado no centro da sala de estar.