terça-feira, 6 de outubro de 2015

ESTEROIDES ANABOLIZANTES, O QUE SABEMOS DE VERDADE?






FOCO, FÉ E FORÇA ou FOCO, DISCIPLINA E PERSISTÊNCIA.
Estas são palavras comuns entre os atletas e, especialmente, no fisiculturismo.
Todavia, creio que faltaram duas palavras:
ESTEROIDES ANABOLIZANTES.
Calma, falar de ESTEROIDES ANABÓLICO-ANDROGÊNICOS é um tema
POLÊMICO,
POBREMENTE ENTENDIDO,
ALTAMENTE CRITICADO
e CURIOSAMENTE SECRETO.

Nestes meus longos anos de profissão já tive a oportunidade de trabalhar com atletas nas mais diferentes modalidades esportivas e, obviamente, já observei relatos impressionantes do uso de esteroides anabólico-androgênicos (EAA), também conhecidos como esteroides anabolizantes ou apelidados como “bombas”.

Como professor e palestrante já ministrei aulas do Oiapoque ao Chuí do Brasil, por assim dizer, onde este assunto sempre gerou curiosidade e discussão.

Observo, atualmente, “prescrições” de EAA à população jovem por motivos puramente estéticos, sendo realizadas por colegas de treino, fisiculturistas, médicos, profissionais de Educação Física e, até mesmo, colegas Nutricionistas. Ah, mas professor, os médicos podem prescrever medicamentos? Sim, podem. Todavia, lembre que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBE) repudia a prescrição e uso de EAA para fins estéticos.

O uso abusivo, indiscriminado e ilegal de EAA é uma realidade em nossa sociedade moderna e deve ser colocado em debate. Se isso não ocorrer continuaremos observando novos “gurus”, “experts” ou “falsos profetas” surgirem feito erva daninha na sociedade, prometendo resultados rápidos com “injeções na bunda” e nenhum embasamento científico.

Antes de começar, vejamos o que dizem alguns especialistas:

O Dr. José Maria Santarém, médico, especialista em reumatologia e fisiatria, fundador de algumas federações de culturismo e consultor científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício, certa vez disse uma frase memorável: “O uso de drogas anabolizantes pode-se ser comparado com o tabagismo, onde um grande número de pessoas aparentando boa saúde tende a estimular a falsa noção de segurança”.

Já o Dr. Harrison Graham Pope, médico psiquiatra, professor de Harvard Medical School e médico assistente do McLean Hospital, e autor do livro “O Complexo de Adônis: a obsessão masculina pelo corpo” (Rio de Janeiro: Campus, 2000), diz que: “As pessoas que usam simplesmente não admitem seu uso. Milhões de pessoas já usaram e, até mesmo, aqueles que menos suspeitamos. O uso de esteroides anabolizantes está aumentando e eles não vão desaparecer tão cedo”.

Agora sim, está preparado para ler algumas verdades?

OS ESTEROIDES ANABOLIZANTES TRAZEM BENEFÍCIOS A SAÚDE?

Obviamente que sim. Se você perder uns minutos do seu dia poderá observar que a bula de alguns EAA mostram benefícios no tratamento da sarcopenia, raquitismo, osteoporose, síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS), hipogonadismo, crescimento retardado, micropênis neonatal, câncer de mama, Síndrome de Tanner com baixa estatura, Distrofia Muscular de Duchenne, entre outros.

Mas serão essas finalidades para o uso de EAA entre os esportistas e atletas? Engraçado, nunca ouvi alguém dizendo que está usando “bombas” porque tem micropênis?

E o que dizem os estudos?
(Obs.: Existem termos técnicos aqui, que só explicarei em sala de aula, entenderam o recado “experts”?).

Curr Neuropharmacol 13(1): 146-159, 2015.
A ação dos andrógenos ocorre via ligação com receptores androgênicos, que em seguida migram para o núcleo. Esta ligação resulta em mudanças conformacionais no DNA nuclear. O músculo esquelético pode ser considerado o principal tecido-alvo para os efeitos anabólicos dos EAA, que resulta em aumento da massa muscular (hipertrofia) dose-dependente. Além disso, os EAA aumentam a tolerância ao exercício, tornando os músculos mais resistentes à sobrecarga e, como consequência, protegendo-os contra os danos nas fibras musculares e melhorando a síntese proteica muscular durante a recuperação.

Revista Brasileira de Medicina do Esporte 8(6): 235-243, 2002.
Os EAA melhoram o desempenho atlético por aumentar a massa muscular, promovendo o balanço nitrogenado positivo, a inibição do catabolismo proteico e a estimulação da eritropoiese. Os trabalhos mostram superexpressão do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF1) e da proteína de choque térmico (HSP72).

Steroids 10(87): 59-66, 2014.
Os EAA induzem efeitos miotróficos nos músculos esqueléticos, induzindo a supressão de MuRF1/Atrogina-1, ou seja, reduzindo a degradação proteica ou hipotrofia. Desta forma, está favorecido o anabolismo muscular.

Acta Biomed 1: 101-106, 2010.
A deficiência de testosterona, como no envelhecimento masculino (andropausa), também contribui para o risco de doença cardiovascular. Ou seja, a deficiência androgênica aumenta os níveis glicêmicos, o colesterol total, a lipoproteína de baixa densidade (LDL) e a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-1b, IL-6 e TNFa). Estes aspectos contribuem para disfunção endotelial e risco cardiovascular.

Arq Bras Cardiol 79(6): 644-649, 2002.
Com o envelhecimento há um incremento na prevalência de doenças cardiovasculares. Paralelamente, ocorre redução progressiva na concentração sérica dos hormônios sexuais masculinos, onde em idades mais avançadas observa-se redução de 15 até 20% destes hormônios. A terapia de reposição hormonal com andrógenos em idosos mostrou-se benéfica em relação ao metabolismo de lipídeos com redução de colesterol total e LDL. Um possível efeito inibidor da oxidação do LDL pode ser mediado pela dihidroepiandrosterona (DHEA), tendo um papel positivo do andrógeno na prevenção da aterosclerose. Há várias evidências que levam a crer que a terapia de reposição hormonal (TRH) com andrógenos possa ser efetivamente usada em várias condições a fim de promover a saúde e o bem-estar.

Quer dizer, tenha certeza que você gostou dos resultados acima, não é mesmo? Todavia, não confunda terapia de reposição hormonal (TRH) com doses suprafisiológicas frequentes de derivados sintéticos da testosterona. Continue lendo.

SE EU TREINAR POUCO E COMER ERRADO, AINDA ASSIM POSSO OBTER RESULTADOS COM ESTEROIDES ANABOLIZANTES?

N Engl J Med 335: 1-7, 1996.
Estudo randomizado-controlado por um período de 10 semanas observou que o uso de EAA em atletas experientes (levantamento de pesos) aumentou a acne e a sensibilidade mamária (ginecomastia), mas não houve alterações em enzimas hepáticas, hematócrito, hemoglobina e antígeno prostático específico (PSA). Já os níveis de testosterona total e livre aumentaram no grupo com uso de EAA, bem como reduziu o hormônio luteinizante (LH), o hormônio folículo-estimulante (FSH) e a globulina transportadora de hormônios sexuais (SHBG). Curiosamente, os usuários de EAA aumentaram sua massa muscular mesmo sem treinamento (grupo controle), como observado em análises da área transversal do peito, tríceps e quadríceps.

De acordo com Dr. Harrison Graham Pope (já citado acima), um jovem que se alimenta inadequadamente, é tabagista, dorme pouco em função de suas “baladas” noturnas e que treina pobremente tende a superar o atleta mais dedicado, mas que não usa EAA, em termos de ganhos musculares.

Sei que alguns usuários devem estar “pulando de raiva” neste momento, mas não me critique, apenas leia os estudos na íntegra.

QUAIS SÃO OS EFEITOS ADVERSOS GERAIS EM HOMENS E MULHERES QUE FAZEM USO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES?

J Sports Sci Med 5(2): 182-193, 2006.
Uma grande revisão apontou os inúmeros efeitos adversos à saúde associados ao uso de EAA. Em homens observa-se ginecomastia, insônia, hipertensão arterial, lesões tendinosas, sangramento nasal, atrofia testicular, hipogonadismo e impotência sexual. Nas mulheres salientam-se irregularidades menstruais, hipertrofia clitoriana, diminuição das mamas, engrossamento da voz, hirsutismo (excesso de pêlos) e dores articulares. Em ambos os sexos nota-se acne, calvície, perda da libido, depressão, aumento da resistência periférica à insulina, diminuição da lipoproteína de alta densidade (HDL), aumento do risco para hepatopatia e nefropatia. Causas de óbitos também são relatadas, tais como infartos cardíacos, trombose cerebral, hemorragia hepática, sangramentos de varizes esofágicas, miocardiopatia, metástase de tumores prostáticos e hepáticos, infecções por imunodepressão.

Med Arch. 69(3): 200-202, 2015.
Os derivados sintéticos da testosterona, conhecidos como EAA, são muito populares entre os esportistas e atletas jovens do sexo masculino com menos de 35 anos na Bósnia e Herzegovina, capital Saraievo, causando danos severos no sistema cardiovascular. Além disso, os EAA estão associados ao desenvolvimento de diabetes mellitus (DM), infarto do miocárdio, hiperlipidemias e hipertensão arterial (Estágios 1 e 2). Uma revisão de literatura entre 2010 e 2015 comprova um aumento da pressão arterial sistólica e diastólica (PAS/PAD) com o uso de EAA que, combinado com má alimentação, favorece o processo aterogênico.

EXISTEM RISCOS REAIS PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR EM USUÁRIOS DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES?

Se existem riscos? Segure-se, pois são muitos os estudos.

Handb Exp Phamacol 195: 411-457, 2010.
O abuso de EAA tem sido associado a uma grande variedade de complicações cardiovasculares, incluindo infarto do miocárdio, hipertrofia do ventrículo esquerdo e redução da função ventricular, trombose arterial, embolia pulmonar e óbito. A literatura apresenta inúmeros estudos associando os EAA com alterações no eletrocardiograma (ECG), aumento do status pró-trombótico, ativação da agregação plaquetária, disfunção de agentes vasodilatadores (fator de relaxamento derivado do endotélio-EDRF, especialmente óxido nítrico-NO) e dislipidemias (aumento da LDL e redução da HDL), arritmias e, por fim, aumento do risco para doença arterial coronariana.

Sports Med 1;42(2): 119-134, 2012.
O uso de EAA não se restringe apenas ao fisiculturismo, mas em todas as modalidades esportivas de alto desempenho observamos o uso de drogas anabolizantes. Numerosos estudos associam o uso de EAA com doenças cardiovasculares, incluindo infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e óbito. Anormalidades em pressão arterial sistólica e diastólica (PAS/PAD), alterações no eletrocardiograma (ECG) e no perfil lipídio plasmático (redução da HDL e aumento da LDL) são evidenciados. Observa-se redução intracelular de cálcio em miócitos e células endoteliais, aumento e fatores apoptogênicos e fortalecimento do colágeno entre os miócitos.

South Med J 105(12): 670-674, 2012.
Uma grande revisão da literatura (1976 ate 2012) revela que os EAA possuem efeitos danosos diretos a saúde, incluindo a hipertrofia cardíaca e fibrose miocárdica. Os efeitos indiretos a saúde incluem dislipidemias, hipertensão arterial e arritmias cardíacas.

J Forensic Leg med 33: 101-104, 2015.
O uso de EAA tem sido associado com morbimortalidade por doenças crônico-degenerativas, especialmente doença arterial coronariana. Este estudo investigou o papel dos EAA sob o ponto de vista de autópsias, histologia, imunohistoquímica, bioquímica e toxicologia. Os autores concluíram que os EAA causam metaplasia fibrogordurosa, fibrose perivascular e intersticial, fibrose perineural e alterações miocárdicas do ventrículo esquerdo. Sugerem que os EAA são potenciais agentes para mortes por doenças crônico-degenerativas, especialmente de caráter cardiovascular.

Hum Exp Toxicol 10, 2015.
Os EAA induzem a apoptose em cardiomiócitos, onde se observa sinalização pró-apoptótica envolvendo caspases-3, fator de necrose tumoral alpha (TNFa) e o sistema renina-angiotensina. Em células de cultura, a incubação de cardiomiócitos com EAA causou apoptose em 60 a 70% das células.

J Res Med Sci 20(2) 165-168, 2015.
É comum o uso de EAA entre os atletas e, especialmente, entre fisiculturistas. Neste estudo, 267 atletas homens, entre 20-45 anos de idade, usuários de EAA por mais de 2 meses, observou-se um aumento da pressão arterial sistólica e diastólica (PAS/PAD), onde as desordens do sistema vascular estariam associados com doença arterial coronariana.

Ann Noninvasive Eletrocardiol 28, 2015.
O uso crônico de EAA causa arritmia cardíaca e alterações do eletrocardiograma (ECG) em vários pontos de mensuração. Observa-se arritmia ventricular maligna com uso de EAA. Este estudo selecionou 33 fisiculturistas competitivos usuários de EAA por mais de 2 anos.

J Endocrinol Invest 37(9): 861-869, 2014.
A administração de testosterona e dihidrotestosterona (DHT) exacerbou o efeito inflamatório do fator de necrose tumoral alpha (TNFa) em células endoteliais umbilicais humanas (HUVEC), obtidas de doadores masculinos e femininos. O 17b-estradiol (E2) não teve nenhum efeito. Os autores concluíram experimentalmente que os andrógenos mostram efeitos pró-inflamatórios, tendo um papel fundamental na aterosclerose.

Drug Alcohol Depend. 1(152): 87-92, 2015.
A utilização não terapêutica de EAA tem sido associada com inúmeros efeitos adversos, onde o sistema cardiovascular é gravemente afetado com consequências desconhecidas em longo prazo. Os usuários de EAA possuem risco aumentado de morte prematura por todas as causas quando comparados aos não usuários. A exposição não terapêutica de EAA é um fator de risco independente para a mortalidade com complicações cardiovasculares.

ESTEROIDES ANABOLIZANTES PODEM TORNAR VOCÊ MAIS AGRESSIVO OU VIOLENTO?

Regul Toxicol Phamacol 57(1): 117-123, 2010.
Os efeitos adversos do uso ilegal, abusivo e não terapêutico dos EAA incluem disfunção sexual, alterações do sistema cardiovascular, alterações psíquicas e de comportamentos e toxicidade hepática. O uso de EAA combinados com bebidas alcoólicas aumenta o risco para agressividade e violência.

Revista Brasileira de Medicina do Esporte 8(6): 235-243, 2002.

O uso de EAA está associado à irritabilidade, raiva, hostilidade e sintomas cognitivos (distração, esquecimento e confusão).

ESTEROIDES ANABOLIZANTES PODEM PREJUDICAR MEU CÉREBRO?

Curr Neuropharmacol 13(1): 132-145, 2015.
Os EAA afetam o sistema reprodutor, hepático, musculoesquelético, endócrino, renal, imunológico, cardiovasculares, cerebrovasculares e hematológicas. Recentes estudos mostram potencial neurodegenerativo induzido por EAA, cujo neurotoxicidade estaria associada ao estímulo apoptótico.

J Biol Regul Homeost Agents 27(2): 107-114, 2013.
O abuso de EAA tem sido associado com complicações de saúde, incluindo ginecomastia, aumento do risco para doenças cardiovasculares e doenças hepáticas. Recentemente tem sido documentado que o uso não terapêutico de EAA pode conduzir ao déficit cognitivo. O potencial neurodegenerativo foi associado a um estímulo apoptótico neuronal.

ESTEROIDES ANABOLIZANTES PODEM AUMENTAM O RISCO PARA O CÂNCER DE PRÓSTATA?

Steroids 94; 60-69, 2015.
O uso de trembolona (um potente análogo de testosterona sintética) reduz a gordura corporal e aumenta a massa muscular em ratos (n = 12) em um período de 6 semanas. Entretanto, os níveis da lipoproteína de alta densidade (HDL) reduziram em 57% e a massa prostática aumentou em 149% (hipertrofia prostática) quando comparado ao grupo controle.

O USO DE ESTEROIDES ANABÓLICOS PODE CAUSAR EFEITOS ANTISSOCIAIS?

Eur Addict Res 19;21(6): 321-326, 2015.
Este estudo observou o comportamento antissocial associado ao uso de EAA em adolescentes do sexo masculino. O estudo investigou os acontecimentos em três anos distintos (2004, 2008 e 2012) em Estocolmo, Suécia (n = 19.773 indivíduos). O padrão antissocial foi documentado entre os usuários de EAA quando comparados aos não usuários.

OS ESTEROIDES ANABOLIZANTES PODEM PREJUDICAR MEU FÍGADO E RIM?

Aliment Pharmacol Ther 41(1): 116-125, 2015.
Esse estudo observou a hepatotoxicidade em fisiculturistas usuários de EAA, ou seja, 25 casos (20 na Espanha e 5 na América Latina). O grupo inclui homens jovens (média de 32 anos de idade) que requereram hospitalização por injúria hepatocelular. Os exames mostravam valores aumentados para bilirrubinas, creatinina, danos colestáticos e insuficiência renal aguda (IRA). Os autores concluíram que os EAA causam lesões hepáticas e renais, podendo ser fatais. Salienta-se, ainda que entre 2001 e 2009, os casos de hepatotoxicidade eram menos de 1% do total de casos, porém entre 2010 e 2013 os casos já atingiam 8%.

Revista Brasileira de Medicina do Esporte 8(6): 235-243, 2002.
Os efeitos colaterais dos EAA incluem hematoma hepático subcapsular, hemorragia intra-abdominal, icterícia, adenocarcinoma hepático, amenorréia, acne, crescimento de pêlos na face, modificação da voz em mulheres, calvície, hipertrofia de clitóris, hipercoagulabilidade, agregação plaquetária, diminuição da fibrinólise, alargamento da parede do ventrículo esquerdo, aumento da espessura do septo interventricular, trombose ventricular, embolismo sistêmico, cardiomiopatia dilatada, infarto do miocárdio, oclusão da artéria descendente anterior e morte súbita.

JOVENS ESTÃO SENDO CONDUZIDOS AO ERRO PELA FALTA DE INFORMAÇÃO SOBRE OS PERIGOS DOS ESTEROIDES ANABOLIZANTES?

Cad Saúde Pública 18(5): 1379-1387, 2002.
Estudos recentes em diferentes países têm apontado o aumento do consumo de EAA entre jovens fisiculturistas e outros atletas, bem como danos à saúde causados pelo uso indiscriminado. No Brasil, estudos sobre o uso de anabolizantes são escassos. Os dados apontam a falta de informação dos jovens sobre a extensão dos danos à saúde decorrentes do uso de EAA, mostrando que para muitos, o desejo de desenvolver massa muscular e alcançar o “corpo ideal” se sobrepõe ao risco de efeitos colaterais. Os resultados indicam a necessidade de se desenvolver ações culturalmente apropriadas, voltadas para a prevenção do abuso de EAA junto à população. O culto ao corpo, extremamente disseminado na sociedade brasileira e refletido na mídia, associado à desinformação, pode criar condições favoráveis ao abuso de EAA tornando-o um significativo problema de saúde pública, como vem ocorrendo nos Estados Unidos.

POSSO DE TORNAR UM DEPENDENTE QUÍMICO DE ESTEROIDES ANABOLIZANTES?

Revista Brasileira de Medicina do Esporte 8(6): 235-243, 2002.
Diversos estudos mostram dependência química em usuários de EAA, incluindo atletas competitivos e recreacionais. Observam-se, também, síndrome de abstinência ligada às síndromes comportamentais.

EU POSSO MORRER USANDO ESTEROIDES ANABOLIZANTES?
Se você ainda não percebeu que sim, lendo todos estes estudos, segue mais um trabalho.

Curr Neuropharmacol 13(1): 146-159, 2015.
O abuso e mau uso prolongado de EAA podem ter inúmeros efeitos adversos, alguns dos quais podem ser fatais, especialmente sobre o sistema cardiovascular. Esse processo envolve o risco de morte súbita cardíaca, infarto do miocárdio e hipertrofia cardíaca. A revisão da literatura permitiu identificar 19 casos fatais entre 1990 e 2012 associados ao uso de EAA com análises de autópsias.

Enfim, me parece ter algo faltando nas palavras de apoio, que poderia ser: FOCO, FÉ, FORÇA e ESTEROIDES ANABOLIZANTES.

Vamos parar com tanta hipocrisia, pois estão surgindo muitos “atletas” em poucos meses de academia e a população, leiga no assunto, caminha cabisbaixa para uma extrema preocupação e insegurança quanto à imagem corporal.

Qual será o milagre?

Ainda, ter um braço tem 45 cm, um abdome trincado ou um
vasto lateral impressionante não são sinônimos de conhecimento. Ao mesmo tempo, seria muita ingenuidade sua achar que estaria livre de risco para os efeitos colaterais do uso destas drogas anabolizantes com o passar dos anos.

Obviamente ninguém é dono da verdade, ou seja, ter a convicção de que há somente uma verdade é viver eternamente no erro. Todavia, quando andamos de mãos com a ciência enxergamos uma luz no fim do túnel para um grande número de questionamentos. Não critico os padrões de beleza atual, pois em toda a história da humanidade sempre houveram padrões de beleza estabelecidos pela época. Entretanto, atualmente vivemos um padrão de beleza associado a uma grande oferta de medicações, suplementos esportivos e cirurgias para modificar o corpo radicalmente. Alguém está ficando rico com esse cenário atual enquanto você injeta drogas na bunda, já pensou nisso? Eu fico imaginando quanto você gosta de seu corpo e sua saúde para entregar sua vida aos amados “gurus” ou “experts” que surgem na sociedade moderna, mas isso só você pode responder. Termino dizendo, então:

“O PIOR CEGO É AQUELA QUE NÃO QUER VER, OUVIR OU ACREDITAR”.