TOP 60 DOS RECURSOS ERGOGÊNICOS:
Seu guia de consulta rápida sobre os 60 suplementos e medicamentos observadas
no exercício e no esporte
Saúde ou estética corporal? O que as
pessoas verdadeiramente buscam quando se matriculam nas academias de ginástica
e musculação ou procuram auxílio com profissional nutricionista? Seja qual for
à resposta, sabemos que muitas pessoas estão inseguras quanto a sua imagem
corporal e partem para o uso não orientado de suplementos e, por vezes,
medicamentos, para emagrecer ou aumentar a massa muscular. A “indústria do
espelho” e a “mídia do corpo perfeito” têm aproveitado a situação, faturando
alto com a insegurança de imagem corporal das pessoas. As pessoas questionam
que apenas o treinamento não é suficientemente rápido para alcançar suas
ambições e objetivos, recorrendo ao uso de suplementos e fármacos. Os
suplementos importados, por sua vez, viraram moda nas academias de ginástica e
musculação no Brasil, prometendo resultados rápidos. Desta forma, nós
profissionais de saúde, temos a obrigação de abordar o assunto criteriosamente
e com embasamento científico. Para tanto, o objetivo desta postagem é
apresentar rapidamente os 60 recursos ergogênicos nutricionais e
farmacológicos que tenho observado nestes longos anos trabalhando como
nutricionista esportivo nas mais diferentes modalidades esportivas. Apresento
estes Top 60 dos Recursos Ergogênicos em ordem alfabética, a fim de facilitar
sua busca futuramente. São apresentadas as substâncias (e não os produtos,
embora alguns nomes possam aparecer). Estes e muitos outros são apresentados em
minhas aulas de Nutrição Esportiva e Cursos de Extensão. Aqui, contudo, pretendo
apenas trazer uma visão geral destas substâncias em uma espécie de Guia de Consulta
Rápida. Alguns serão abordados rapidamente, enquanto que outros serão abordados
criteriosamente. Abaixo segue a ordem dos suplementos esportivos e medicamentos aqui
apresentados. Espero que gostem, pois o trabalho de pesquisa foi árduo e ao
mesmo tempo prazeroso.
1. ÁCIDO LINOLÉICO (LA)
2. ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO (CLA)
3. ALBUMINA
4. AMINOÁCIDOS RAMIFICADOS (BCAA)
5. ARGININA
6. ATP-CARNOSINA-VASO COMPLEX
7. BAUHIMIA PURPUREA
8. BENZODIAZEPINAS
9. BETA-ALANINA
10. BETA-HIDROXI-BETA-METILBUTIRATO
11. BORO
12. CAFEÍNA
13. CARALLUMA FIMBRIATA
14. CARNITINA
15. CASEÍNA
16. CASEOLAMINA
17. CENTELLA ASIÁTICA
18. CHÁ VERDE
19. CIRSIUM OLIGOPHYLLUM
20. CLEMBUTEROL
21. COLÁGENO
22. CREATINA
23. DESIDROEPIANDROSTERONA (DHEA)
24. DEXTROSE
25. EFEDRINA
26. ESTANOZOLOL
27. EXTRATO DE GERÂNIO
28. EXTRATO DE GUGGUL
29. EXTRATO DE GYMNEMA SYLVESTRE
30. FASEOLAMINA
31. FIBRAS E ERVAS
32. GARCÍNIA CAMBOGIA
33. GLUTAMINA
34. GUARANÁ
35. HIPERCALÓRICOS
36. HIPOCALÓRICOS
37. HORDENINA
38. INOSITOL
39. MALTODEXTRINA
40. METILFENILETILAMINA
41. ÓLEO DE CÁRTAMO (CA)
42. ÓLEO DE COCO
43. ÓLEO DE PEIXE COM ÔMEGA-3
44. PHOLIA MAGRA
45. PICOLINATO DE CROMO
46. POLIVITAMÍNICOS E MINERAIS
47. PROTEINATO DE CÁLCIO
48. QUITOSANA
49. RESVERATROL
50. SCHIZANDROL A
51. TAURINA
52. THIOMUCASE
53. TIRONINA
54. TOOTHED CLUBMOSS
55. TRIBULUS TERRESTRIS
56. VANÁDIO
57. WAXY MAIZE
58. WHEY PROTEIN
59. YOHIMBINA
60. ZMA
1. ÁCIDO LINOLÉICO (LA)
O ácido linoléico (ácido cis-9-12-octadecadienóico) é um ácido graxo poliinsaturado do tipo
ômega-6 (n-6), enquanto que o ácido a-linolênico
(ácido cis-9,12,15-octadecatrienóico)
é do tipo ômega-3 (n-3). Ambos, o ácido linoléico (LA) e o ácido a-linolênico (LNA), são considerados ácidos graxos
essenciais (AGEs), ou seja, devem vir da dieta para existirem no organismo. Estes
AGEs possuem muitas funções no organismo, a saber: manutenção da relação
flexibilidade-fluidez da membrana celular, modulação do sistema imunológico, precursores
de prostaglandinas (uma família de ácidos graxos com uma variedade de funções
hormonais e regulatórias), desenvolvimento adequado do sistema nervoso central
(SNC) e controle do colesterol sérico. A propaganda do LA é bastante ousada: “Acelere a queima de gordura de maneira
eficaz e aproveite os benefícios de ter um corpo bem definido e saudável”.
Infelizmente, nem todos os estudos comprovam sua eficácia em relação à
composição corporal. As cápsulas nos suplementos geralmente fornecem 1000 mg de
LA, sendo ingeridos de 2 até 6 cápsulas ao dia. Todavia, seus irmãos, o ácido
linoleico conjugado e o óleo de cártamo, ficaram mais famosos e serão
discutidos a seguir.
2. ÁCIDO LINOLÉICO CONJUGADO (CLA)
O ácido linoléico conjugado (CLA) é um lipídeo
derivado do ácido graxo essencial (AGE) conhecido como ácido linoléico (LA).
Aqui destaco o trabalho de conclusão de curso (TCC) de Tatiana
Ederich Lehnen, entitulado “Efeito do ácido linoléico conjugado (CLA)
sobre a composição corporal: possível efeito antiobesidade” do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle -
Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2008. O CLA é uma gordura trans, cujos isômeros do CLA com
atividade biológica descrita possuem 18 átomos de carbonos e duas ligações
duplas (C18:2) do tipo 9 cis - 11 trans (9c-11t) e 10 trans - 12 cis (10t-12c).
O primeiro é incorporado na membrana plasmática, enquanto que o segundo parece
estar relacionado com o metabolismo lipídico. O CLA é obtido da dieta através do
consumo de carnes (bovina e aves), bem como produtos lácteos e derivados. Os
efeitos do CLA sobre o emagrecimento envolvem a mobilização de gordura do
tecido adiposo (lipólise) e sua queima na mitocôndria (beta-oxidação dos ácidos
graxos), o que tem sido associada à suplementação do isômero 10t-12c. Em nossa
pesquisa e comparando com os dados atuais, a alteração da composição corporal
com a administração de CLA é expressiva apenas em estudos com animais e não em humanos.
Alguns efeitos colaterais também são relatados: aumento da resistência à
insulina, hiperglicemia e hiperinsulinemia de jejum, aumento da lipoperoxidação
e redução do HDL (“colesterol bom”). No Brasil, em 2007, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) havia proibido a fabricação, importação,
comercialização e uso do CLA, cuja alegação seria o risco à saúde e a falta de
estudos científicos que confirmem sua segurança e eficácia. Alguns trabalhos,
atualmente, investigam a associação entre o CLA e a estimulação de proteínas
desacopladoras da cadeia respiratória (UCPs), bem como sua influência sobre os receptores
ativados por proliferadores de peroxissoma do tipo gamma (PPARg). Isso pode trazer novos rumos aos conhecimentos do
CLA sobre a composição corporal. O consumo de suplementos contendo CLA varia de
1 até 5 g/dia. Aliás, falando em novos rumos de conhecimento, destaco o
trabalho de conclusão de curso (TCC) de Caroline Groos, entitulado “Impacto
do consumo de ácidos graxos trans na saúde cardiovascular do indivíduo adulto” do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle -
Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2012.
3. ALBUMINA
A albumina é uma proteína solúvel produzido pelo
fígado e participa de várias funções no organismo: manutenção da pressão
osmótica, controle do pH sanguíneo e transporte de hormônios, ácidos graxos,
bilirrubina e triptofano. A albumina também é encontrada na forma de
suplementos esportivos, sendo um produto contendo proteína de alto valor
biológico (PAVB) extraído da clara do ovo. A albumina em pó fornece uma estrutura química complexa
de aminoácidos e, desta forma, sua digestão e absorção é lenta, quando
comparado à proteína do soro do leite (Whey Protein). Neste sentido, ele é
similar a Caseína, o que poderia justificar sua utilização antes de dormir. É frequentemente usado por praticantes de
musculação que não querem investir quantias onerosas em outros suplementos
proteicos, como os vários modelos de Whey Protein. Embora seu custo reduzido
seja uma vantagem, sua utilização é questionável quando se compara com o Whey Protein
ou Caseína, os quais serão discutidos mais adiante.
4. AMINOÁCIDOS RAMIFICADOS (BCAA)
Os
BCAAs constituem um grupo de três aminoácidos essenciais: a leucina, a
isoleucina e a valina. Estes são obtidos através da ingestão de alimentos
proteicos ou de suplementos. É impossível falar de aminoácidos de cadeia
ramificada (BCAA) sem tornar a explicação extensa, pois estes participam de uma
grande e complexa rede metabólica envolvida na redução de fadiga e na
hipertrofia muscular. Tentarei, mesmo assim, ser sucinto.
BCAA E REDUÇÃO DA FADIGA
Em relação à fadiga, destaco o trabalho de conclusão
de curso (TCC) de Renata Bertoni Pansera, entitulado “O papel dos
aminoácidos de cadeia ramificada na hipótese de redução de fadiga em atletas de
endurance” do Curso de Nutrição do Centro
Universitário La Salle - Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2010. De
acordo como nossa pesquisa, a
suplementação de BCAA tem sido vinculada à prevenção da fadiga central em
atletas submetidos ao exercício de longa duração, como no caso de maratonistas
e triatletas. A fadiga central, por sua vez, estaria relacionada à síntese do
neurotransmissor 5-hidroxitriptamina (5-HT), também conhecido como serotonina.
A serotonina age sobre a regulação do ciclo sono-vigília, a modulação da dor e
a regulação da atividade motora. Sendo assim, qualquer fator que altere esta
relação pode maximizar o desempenho atlético. Sabe-se, portanto, que durante o
exercício prolongado ocorre um aumento na produção de serotonina pela maior
disponibilidade do precursor plasmático: o triptofano livre (TRPL). O aumento
de TRPL está diretamente relacionado ao aumento de ácidos graxos circulantes.
Em outras palavras, durante o exercício prolongado ocorre a mobilização dos
triglicerídeos (TG) do tecido adiposo (lipólise). Estes ácidos graxos serão
posteriormente usados como fonte energética (beta-oxidação dos ácidos graxos).
O fato é: tanto o aminoácido triptofano (TRP) quanto os ácidos graxos
necessitam de albumina para serem transportados no plasma e, devido à lipólise
acelerada, acaba sobrando TRPL pela indisponibilidade de albumina que se ligou
aos ácidos graxos. Como consequência, o TRPL atravessa a barreira
hematoencefálica para formar serotonina, que está relacionado à fadiga central
e a desistência do atleta frente ao esforço físico. Os BCAAs, entretanto, podem
competir pelo sítio de ligação do TRPL e, consequentemente, limitar a entrada
deste através da barreira hematoencefálica. Com isso, ocorre redução da fadiga
central por decréscimo da produção de serotonina quando os BCAAs são utilizados
no período que antecede o treinamento, geralmente 15 até 30 minutos antes do
esforço físico. Sabe-se, ainda, que os níveis plasmáticos de BCAAs diminuem
consideravelmente durante o exercício prolongado, decorrente de uma maior
solicitação destes pelos músculos esquelético como fonte de energia. Quer
dizer, exceto pela leucina e lisina,
todos os demais aminoácidos podem ser utilizados na gliconeogênese (geração de
glicose a partir de aminoácidos). Enfim, a suplementação de BCAA no
pré-treino teria como finalidade reduzir a disponibilidade de TRPL no sistema
nervoso central (SNC) e, consequentemente, a síntese de serotonina, o que tende
a reduzir a fadiga central nestes indivíduos. Seu aumento plasmático no
pré-treino também mantém a aminoacidemia (concentração de aminoácidos presentes
no sangue) para estes aminoácidos, prevenindo uma possível degradação e
gliconeogênese acelerada.
BCAA E HIPERTROFIA MUSCULAR
Em relação à hipertrofia, destaco o trabalho de
conclusão de curso (TCC) de Karen Stéphanie Brogni Campos, entitulado “Papel dos
aminoácidos de cadeia ramificada no desempenho atlético” do Curso de Nutrição do Centro Universitário Metodista
do Sul - IPA, que tive a honra de orientar em 2009. O sítio primário para a degradação da
maioria dos aminoácidos é o fígado, devido às altas concentrações de enzimas
conhecidas como aminotransferases. Exceção é feita em relação aos BCAAs, uma
vez que o tecido hepático possui baixas concentrações destas enzimas de cadeia
ramificada. Isso resulta na liberação dos BCAAs do fígado para a circulação e,
desta, para os músculos esqueléticos e rins. Os músculos, por exemplo, contém
altas concentrações de aminotransferases de cadeia ramificada (BCAT) e de
desidrogenases de cadeia ramificada (BCKADH). Os BCAAs e, particularmente a leucina, possuem um
importante papel na regulação da tradução de proteínas contrácteis da
musculatura esquelética (actina e miosina). Este processo de tradução gênica é
citoplasmático, diferente da transcrição gênica que é nuclear. O mecanismo de ação para a atuação dos BCAAs na hipertrofia muscular é complexo, mas pode
ser resumido da seguinte forma: ETAPA 1 - Uma molécula de ácido
desoxirribonucleico mensageiro (RNAm) é selecionada por um ribossomo para a
tradução gênica, um processo que ocorre no citoplasma da célula muscular.
Ocorre a leitura do RNAm, embora haja a participação do RNA transportador
(RNAt) e do RNA ribossomal (RNAr). O passo fundamental desta primeira etapa é a
dissociação ribossomal em duas subunidades: 60S e 40S; ETAPA 2 - A subunidade
40S do ribossomo interage com vários fatores de iniciação eucarióticos (eIFs),
embora destaca-se o fator de iniciação eucariótico do tipo 2 (eIF2), que é
sensível as concentrações de leucina intracelular. Em outras palavras, na
presença de leucina exógena (alimentos ou suplementos) ocorre ativação do eIF2;
ETAPA 3 - A proteína inibitória de ligação (4E-BP1) não permite a interação de
outros eIFs ao 40S. Entretanto, quando 4E-BP1 é fosforilado pela proteína
quinase de mamíferos alvo de rapamicina (mTOR) ocorre a liberação dos demais eIFs.
A mTOR, por sua vez, é sensível a concentração de leucina intracelular, isto é,
quanto mais leucina mais ativação da mTOR; ETAPA 4 - Outros fatores de controle
da tradução também estão presentes, como a proteína quinase ribossomal S6 de 70
kDa (p70S6K ou rpS6), que estimula a tradução do RNAm e elongação da síntese
protéica e ETAPA 5 - Ocorre, finalmente, a síntese de proteínas contrácteis de
actina e miosina, implicados no aumento da massa muscular nos indivíduos
submetidos ao treinamento e dieta enriquecida com BCAA. A introdução de códon nonsense
(ou seja, sem-sentido) no sítio de leitura do RNAm interrompe o processo.
É
inegável o papel dos BCAAs na hipertrofia muscular, lembrando que estes
aminoácidos estão presentes em grandes concentrações em vários modelos de Whey
Protein. Isoladamente, os
suplementos contendo BCAA deve fornecer
a relação 2:1:1 de leucina, isoleucina e valina, respectivamente. Os estudos
manipulam de 1,5 g até 7,5 g de BCAA por refeição em indivíduos treinados. A
média de BCAA em vários modelos de Whey Protein é cerca de 5000 mg por dose,
que também é a dose para os BCAAs ultraconcentrados em pó, cápsulas ou
comprimidos. Em minha experiência, acredito que 5 g seja a dosagem ideal por
refeição durante a fase de hipertrofia muscular, porém para indivíduos pesados
(100 kg ou mais de peso corporal). Da mesma forma, acredito que ninguém precisa
mais que 7,5 g de BCAA por refeição.
Não existem estudos
fortes que comprovem efeitos negativos à saúde pela suplementação de BCAA em
indivíduos saudáveis e treinados, mas cabe lembrar que o excesso de
aminoácidos, seja através da dieta ou suplementação, aumenta o risco para
sobrecarga hepática e renal em função da hiperamonemia (excesso de amônia
oriundo do catabolismo proteico). Um erro
bastante comum entre as pessoas, portanto, é a mistura de Whey Protein (com
seus 5 g ou mais de BCAA) com aminoácidos ramificados (mais 5 g de BCAA) no
pós-treino. Quer dizer, a sobrecarga hepática e renal torna-se presente. No trabalho
de conclusão de curso (TCC) de Gabrielle
Ferreira Gazzo, entitulado “Papel neuroprotetor da dieta cetogênica no
controle da epilepsia em pacientes jovens”, do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle - Unilasalle, que tive
a honra de orientar em 2012, levantamos os aspectos positivos de uma dieta
rica em proteína e gordura para pacientes epilépticos. Porém, se não há
tratamento clínico evidente, então não há sentido na ingestão proteica excessiva
no exercício e no esporte. Por fim, cabe
destacar que a insulina e fatores de crescimento fosforilam 4E-BP1, favorecendo
a síntese proteica. Assim, a
combinação de suplementos contendo
leucina (Whey Protein e BCAA) com carboidratos estimula ainda mais a síntese
proteica pós-treino.
5. ARGININA
A L-arginina é um aminoácido essencial para o
crescimento e desenvolvimento infantil, embora seja considerado,
verdadeiramente, um aminoácido semi-essencial ao ser humano. O aminoácido
também é importante para a síntese de uréia, proteína, compostos de alta
energia (creatina e creatina-fosfato), poliaminas e óxido nítrico (NO). Ele é substrato
para as enzimas arginase, arginina descarboxilase e óxido nítrico sintase
(NOS). A arginase é a enzima catabolizante da arginina no Ciclo da Uréia,
envolvido na detoxificação da amônia oriunda do catabolismo protéico. A arginina
descarboxilase catalisa a transformação da L-arginina à agmatina, um agonista
endógeno dos a-2-adrenoceptores,
que pode ter um papel como agente anti-hipertensivo. A NOS catalisa a formação
de óxido nítrico (NO) a partir de L-arginina. O NO é um agente vasodilatador endotelial que atua em muitas
funções em nosso organismo, por exemplo, como agente cardioprotetor em doenças
cardiovascular. Todavia, no esporte, a suplementação de L-arginina tem o
intuito de provocar a vasodilatação de arteríolas músculo-esqueléticas em
resposta ao exercício, o que garante o fornecimento de nutrientes e oxigênio
aos músculos solicitados durante a movimentação. Sendo assim, espera-se que a
L-Arginina ofertada pelos suplementos comumente conhecidos como NO2 realmente
siga por este caminho ao invés de tantos outros existentes. Para tanto, vários
suplementos NO2 ainda fornecem vitaminas do complexo B e minerais (como o magnésio),
que seriam os cofatores enzimáticos para as reações de síntese de NO. A
suplementação com L-arginina também parece reduzir as concentrações de amônia, o
que estaria implicado com a redução da fadiga ou o aumento da tolerância à
fadiga. Costuma-se dividir os efeitos ergogênicos do NO2 em dois aspectos: EFEITO
AGUDO, onde o NO produzido pela L-Arginina teria a capacidade de auxiliar no
exercício físico, devido o aumento do fluxo sanguíneo ao músculo e a
vasodilatação; e EFEITO CRÔNICO, sendo este bastante controverso e estaria
relacionado a secreção aumentada do hormônio do crescimento (GH). Este GH, por
sua vez, aumentaria os níveis do fator de crescimento semelhante à insulina do
tipo 1 (IGF-1), resultando em um aumento da massa muscular e redução da gordura
corporal. Os suplementos contendo L-Arginina viraram moda nas academias de
ginástica e musculação, onde as doses oscilam entre 500 até 4000 mg/dia de
L-arginina. Em minha prática profissional, a suplementação de L-Arginina é de 3
g/dia, sendo que a arginina alfa-cetoglutarato (AKG) é a melhor forma de
assimilação do organismo, que por vezes pode ser combinada com vitamina C
(500-1000 mg/dia) e/ou vitaminas do complexo B e ZMA (suplementos contendo
zinco e magnésio).
6. ATP-CARNOSINA-VASO COMPLEX
ATP-carnosina-vaso complex é o nome utilizado para
descrever a mistura de creatina monoidratada, beta-alanina e arginina
alfa-cetoglutarato (AAKG), os quais já são devidamente e isoladamente descritos
nesta postagem. Outros aminoácidos também são encontrados em suplementos, tais
como a L-citrulina, o b-Hidroxi-b-metilbutirato (HMB) e a L-tirosina. A L-citrulina é
um componente do ciclo da uréia no organismo e sua suplementação (3-9 g/dia) tem
a intenção de aumentar os níveis de arginina. O HMB será discutido será discutido
no item número 10 desta postagem, sendo um suplemento destinado à hipertrofia
muscular. A L-tirosina é precursor de neurotransmissores (dopamina,
noradrenalina e adrenalina) e usado para redução da fadiga.
7. BAUHIMIA PURPUREA
A
Bauhimia purpurea é extraído de uma planta
nativa da China, conhecida como unha-de-vaca, e tem sido observado em alguns
suplementos importados. Não tenho informações suficientes sobre esta
substância, mas acredita-se que seja um regulador dos hormônios tireoidianos. Portanto,
um cuidado especial deve ser dado à suplementação com esta substância. Seu
excesso, contudo, é causa de toxicidade hepática e distúrbios gastrintestinais.
8. BENZODIAZEPINAS
Benzo... O quê? A família das benzodiazepinas são medicamentos
ansiolíticos, sedativos, hipnóticos e relaxantes musculares. Quer dizer, não
tem nada a ver com suplemento alimentar e, sendo assim, cuidado com que você
está ingerindo. Seu mecanismo de ação está relacionado ao receptor do ácido g-aminobutírico
(GABA). Tal substância pode causar depressão do sistema nervoso central (SNC)
e, em altas doses, coma e óbito. Além disso, causa ação depressora do centro
respiratório, causando sérios problemas respiratórios. Os efeitos colaterais
comuns desta medicação incluem a sedação ou euforia, anemia hemolítica, perda
do apetite, dependência psicológica e física, convulsão, coma e óbito. Não
sendo “suplemento” e nem mesmo “natural” me limito a estes poucos comentários e
a recomendação de “não usar tal medicamento no esporte sem a supervisão de um
médico”.
9. BETA-ALANINA
A b-Alanina tem
aparecido com grande frequência na categoria dos suplementos conhecidos como pre-workout (pré-treino). Este se
combina com o aminoácido L-histidina para formar carnosina dentro do músculo
esquelético, embora também seja encontrado no coração e no cérebro. Todavia,
existem 2 a 3 vezes mais carnosina em fibras de contração rápida ou de força
(tipo II) do que fibras de contração lenta ou de resistência (tipo I), o que
parece uma grande vantagem na suplementação para levantadores de peso e
fisiculturistas. A carnosina atua no tamponamento celular, reduzindo a acidose
láctica e, como consequência, a fadiga periférica. Sua dosagem oscila entre 800
e 1500 mg, embora alguns estudos trabalham de 4-6 g/dia. Todavia, não há estudos
suficientes para assegurar sua segurança e eficácia. Seu excesso, atualmente, é
queixa comum de formigamento da pele e acredita-se também na ocorrência de
distúrbios hidroeletrolíticos. O Dilatex da Power Supplements, o Pre-workout Formula
Ultra Hardcore UHC da Max Titanium e o C4 Extreme da Cellucor são exemplos de
suplementos pré-treinos contendo a b-Alanina.
10. BETA-HIDROXI-BETA-METILBUTIRATO
O b-Hidroxi-b-metilbutirato (HMB) é um produto originário do metabolismo
da leucina. Quer dizer, a leucina gera a-cetoisocaproato
(KIC) que dá origem ao HMB. Endogenamente obtém-se 0,1 até 1,0 g/dia de HMB,
geralmente sintetizado pelo fígado. A base teórica é que o HMB reduza a
proteólise exercício-induzido ou dano muscular, aumente a massa muscular, a força
e a redução da gordura corporal. Um possível papel no metabolismo das lipoproteínas
plasmáticas, sistema imune e glândula mamária têm sido estudados com o uso de
HMB. Os estudos ofertam 2-3 g/dia de HMB, mas nem todos confirmam os benefícios
desta substância nos parâmetros citados. Além disso, quando a via de
catabolismo da leucina e do KIC se prolonga, obtemos a acetil-CoA. Esta é completamente
oxidada no ciclo dos ácidos tricarboxílicos (TCA, comumente conhecido como
ciclo de Krebs). Neste sentido, para ilógico ofertar HMB para gerar energia,
sendo que a maltodextrina ou dextrose são bem mais baratos. Como foi dito,
pouco de sabe sobre o HMB no esporte.
11. BORO
Não é comum observarmos a suplementação com o
mineral boro, mas cabe destaca-lo rapidamente. O boro é um mineral que não
possui recomendação de ingestão pela Recommended Dietary Allowances
(RDA). Estudos sugerem que humanos necessitem de 0,5 a 1,0 mg/dia no mineral.
Valores excessivos, contudo, estão relacionados com distúrbios gastrintestinais
(náusea e vômito), dor de cabeça, redução do apetite, hipotermia e toxicidade.
O boro tem sido utilizado para aumentar os níveis séricos de testosterona, o
que estaria associado a um aumento da massa muscular e decréscimo da
adiposidade. Alguns argumentam que se trata de uma estratégia de aumentar a
testosterona sem recorrer ao uso de esteroides anabolizantes. Bem, cerca de 90%
do mineral é excretado pela urina, pois não é efetivamente absorvido pelo trato
gastrintestinal. Quer dizer, qualquer excesso através da dieta ou suplementação
é expelido do organismo, o que representa um grande desânimo para os mais
afoitos quanto à suplementação do mineral. Uma segunda alternativa para
aumentar os níveis de testosterona é o Tribulus
terrestris, como veremos a seguir.
12. CAFEÍNA
Uma
grande parcela dos suplementos pre-workout
(pré-treino) ou termogênicos-estimulantes para emagrecimento possuem cafeína em
sua composição. A cafeína possui rápida absorção intestinal e pico sanguíneo
dentro de 15 ou 20 min (o que parece justificar seu uso no período que antecede
o treinamento). É metabolizada no fígado em três metilxantinas: a paraxantina,
a teofilina e a teobromina. É um estimulante do sistema nervoso central (SNC),
reduzindo a percepção da fadiga. Além disso, parece aumentar as concentrações
do neurotransmissor dopamina (DA), o que estaria relacionado às sensações de
prazer. Por fim, estimula o processo lipolítico por inibição da enzima
fosfodiestarase, responsável pela degradação da norepinefrina (NE). Quer dizer,
o efeito adrenérgico da epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina)
se dão pela formação de adenosina monofosfato cíclico (AMPc), que após uma
cascata de reações dominadas por proteínas-quinases ativam a lipase hormônio
sensível (LHS). A LHS é a enzima responsável pela degradação do triglicerídeo
(TG) em ácidos graxos, os quais são completamente oxidados na mitocôndria para
a geração de energia. Estes processos são conhecidos bioquimicamente como
lipólise (degradação do TG) e beta-oxidação dos ácidos graxos (geração de
energia a partir de gordura). O efeito adrenérgico é normalmente interrompido
pela degradação do AMPc em 5’-AMP pela fosfodiesterase. Assim, a inibição da
fosfodiestarase pela cafeína levaria à promoção do emagrecimento (lipólise),
justamente porque o AMPc e a norepinefrina (NE) não são degradados. Lembro que
a cafeína tem meia-via de 2 até 4 horas e, sendo assim, deve-se evitar a
associação de suplementos contendo cafeína com cafezinho (150 ml de café
expresso tem 125-165 mg de cafeína), bebidas energéticas (pode conter até 80 mg
de cafeína), refrigerantes (a coca-cola tem 19 mg de cafeína, enquanto que a
coca-cola light tem 26 mg de cafeína) e, até mesmo, chocolate escuro (pode
conter 20 mg de cafeína). A recomendação de uso para cafeína é de 3 a 4 mg/kg
de peso corporal/dia (Exemplo: Uma mulher de 55 kg só poderia ingerir 165
mg/dia de cafeína, ou seja, 55 kg x 3 mg = 165 mg). Todavia, alguns suplementos
nacionais e vários suplementos importados trazem um excesso de cafeína por dose
(350 até 600 mg ou mais de cafeína). Vejam, cerca de 5 ou 6 mg/kg peso/dia em
cafeína já seriam responsáveis por efeitos colaterais (Exemplo: 55 kg x 6 mg =
330 mg), tais como: taquicardia, dilatação da pupila, aumento da pressão
arterial, aumento da frequência cardíaca, arritmia, tremores, ansiedade,
nervosismo, alucinação, insônia, aumento do volume urinário, secreção aumentada
de ácido gástrico e pepsina e “vício da cafeína”. Alguns suplementos importados
ainda possuem 1,3-N-dipropil-7-propargilxantina, que é um análogo sintético da
cafeína, sendo até 100 vezes mais potente que a mesma. Portanto, os efeitos
colaterais podem ser ainda mais acentuados.
13.
CARALLUMA
FIMBRIATA
A Caralluma
Fimbriata é cacto suculento do reino Plantae, da classe Magnoliophyta,
da ordem Asteridae, cuja família é das Gentianales e gênero Asclepiadaceae
Caralluma. As substâncias fitoquímicas presentes no vegetal são
glicosídeos, flavonóides, saponinas, entre outras. Argumenta-se que a Caralluma
atue inibindo a ATP-citrato liase da rota lipogênica, ou seja, esta enzima
promove a degradação do citrato em oxaloacetato e acetil-CoA citossólicos. A
acetil-CoA citossólica dá origem ao malonil-CoA que, futuramente, origina os triglicerídeos
(TG). Com a inibição da ATP-citrato liase espera menor síntese de ácidos graxos
e TG. Embora o mecanismo de ação sugerido seja interessante, ainda falta um
consenso científico sobre tal substância. Além disso, podemos pensar que a grande
parte do citrato e da acetil-CoA citossólica é oriunda, na grande maioria dos
casos, do excesso na ingestão de carboidratos de origem alimentar. Desta forma,
creio que seria mais interessante um forte processo de reeducação alimentar,
valorizando uma ingestão consciente de carboidratos de moderado e baixo índice
glicêmico, dentro de uma dieta perfeitamente elaborada, ao invés de um simples bloqueio
enzimático. Estaríamos tratando a consequência do excesso de peso e obesidade e
não, verdadeiramente, sua causa. A causa, nesta situação, são os maus hábitos
alimentares. Alguns estudos ainda sugerem uma redução no apetite com a ingestão
da planta, embora o mecanismo de ação permaneça obscuro.
14.
CARNITINA
A L-carnitina (ácido
3-hidroxi-4-trimetilaminobutirato) é obtida pelo metabolismo dos aminoácidos
lisina e metionina por enzimas encontradas no fígado e nos rins, mas não no
músculo esquelético e no músculo cardíaco. Para tanto, são necessários vários cofatores
enzimáticos, tais como a niacina (vitamina B3), a piridoxina (vitamina B6), o ácido
ascórbico (vitamina C) e o ferro. Estes tecidos (músculo e cardíaco) são
totalmente dependentes da carnitina distribuída pelo sangue, proveniente dos
hepatócitos ou da dieta (principalmente carnes). Todavia, cerca de 97% da
carnitina total do corpo encontra-se nos músculos esqueléticos que, por sua vez,
são depletados com o exercício intenso. A proposta de suplementação, portanto,
é promover o acúmulo de carnitina nas células musculares ou prevenir sua
deficiência durante o esforço físico. A carnitina facilita a translocação de
ácidos graxos para sua geração de energia (b-oxidação).
Neste sentido, tem sido usado durante a fase de definição muscular ou emagrecimento.
Há grande controversa sobre o papel da L-carnitina no emagrecimento. Estudos
recentes investigam seu papel na redução de ácido láctico e prevenção da
fadiga. Doses de 1,0 até 4,5 g/dia tem sido observado na grande maioria dos
suplementos de L-carnitina, usado pela manhã ou final do dia, ou mesmo no
período pré-treino e pós-treino.
15.
CASEÍNA
A caseína é uma fonte de
proteína extraída do leite, contendo proteína de alto valor biológico (PAVB). É
rico em aminoácidos glutamato e tirosina, mas pobre em arginina. Alguns modelos
de Caseína possuem teores de aminoácidos ramificados (BCAAs) similares aos bons
modelos de Whey Protein e devemos estar atento a este item durante a seleção do
produto. Possui os seguintes subgrupos proteicos: alfa-caseína (a-S1-caseína e a-S2-caseína), beta-caseína
(b-caseína) e kappa-caseína (k-caseína). Isso fornece naturalmente
cadeias complexas de aminoácidos, o que justifica sua digestão e absorção
lenta, quando comparado ao Whey Protein. É um modelo de proteína time-release (lenta liberação) ou
"anticatabólica". Sua
estrutura química sem pontes de sulfeto, ou seja, sítios hidrofóbicos expostos
e pouca solubilidade, dificulta sua desnaturação e, assim, possui lenta
absorção garantindo um fluxo constante de aminoácidos ao sangue. Quando
comparado ao Whey Protein em uma mesma quantidade ingerida, os níveis de
aminoácidos do sangue dos consumidores de caseína permaneceram elevados por
mais de 5 horas após a ingestão. No grupo Whey Protein, dentro de 1,5 horas o
nível plasmático de aminoácidos permanece elevado, mas dentro de 3 horas ou
menos o nível de aminoácidos retornou ao nível anterior ao consumo. Neste
sentido, a caseína é usada antes de dormir, prevenindo o catabolismo protéico.
16.
CASEOLAMINA
A caseolamina (ou cassiolamina) é extraída de uma
planta chamada Cassia nomame. Atua como auxiliar no processo de emagrecimento,
pois a substância é um inibidor da enzima lipase pancreática, responsável pela
digestão das gorduras contidas nos alimentos. Além disso, alega-se a presença
de flavonóides que ajudam a reduzir a pressão arterial, o ácido úrico e o
colesterol sanguíneo. Como já dito, o uso de inibidores enzimáticos trata a consequência
do excesso de peso e obesidade, mas não a causa do problema: os maus hábitos
alimentares. O processo de educação alimentar deve estar sempre presente!
17.
CENTELLA ASIÁTICA
A
centella (ou centelha) asiática é uma planta que possui como princípio ativo os
triterpenos (ácido madecassico, ácido asiático e ácido madasiático), que ajudam
no combate a celulite por ativação da circulação local e reorganização das
fibras colágenas. É um asiaticosídeo que estimula a biossíntese de colágeno, a
microcirculação local e possui ação antiinflamatória, melhorando o aspecto
geral da pele. Doses de 20 até 2000 mg/dia, via oral, tem sido encontrado na
literatura, usado antes ou após as refeições. Tenho observado grande sucesso no
tratamento da celulite e enrijecimento da pele em meus pacientes na combinação
de colágeno (2000-3000 mg/dia, ou seja, doses de 1000 mg/dia em 2-3 vezes/dia)
com centella asiática (1000-1500 mg/dia, distribuídos em doses de 500 mg/dia). Para
tratamento oral da celulite e da gordura localizada ainda existem as
manipulações, combinando asiaticosídeo (30-50 mg), alcachofra (100-150 mg),
citrus aurantium (200-400 mg), fucus vesiculosus (100-150 mg), Ginkgo Biloba (60-80
mg), cavalinha (200-400 mg) e picolinato de cromo (150-200 mcg). Quanto a
posologia, costuma-se observar 1 cápsula via oral até 2 vezes ao dia.
18.
CHÁ VERDE
Em
relação ao chá verde, destaco o trabalho de conclusão de curso (TCC) de Priscila
da Costa, entitulado “Ingestão de chá verde e seus efeitos sobre a
redução da gordura corporal: tratamento auxiliar da obesidade?” do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle -
Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2011. Em nossa pesquisa
observamos que o chá verde é obtido
da planta Camellia sinensis, um
arbusto de pequeno porte, pertencente à família Theaceae. Ele é utilizado como termogênico, devido à
presença de polifenóis denominados catequinas, que inibem a degradação de
noradrenalina, resultando em maior gasto energético. As principais
catequinas do chá verde incluem a epicatequina galato (ECG), epicatequina (EC),
epigalocatequina (EGC) e epigalocatequina galato (EGCG). O chá verde ainda
possui em sua composição outras variedades de flavonóides, como a quercetina, a
kaempferol e a miricetina. Além disto,
o chá verde possui função antioxidante, hipercolesterolêmico e fortalecimento o
sistema imunológico.
19.
CIRSIUM
OLIGOPHYLLUM
Alguns devem estar pensando: tá falando japonês? Na
verdade não, pois se trata de uma planta da África e Europa. Não tenho grandes
informações sobre tal substância, apenas posso dizer que parece aumentar a
atividade da cafeína, causando efeito lipolítico. Neste sentido, os efeitos
colaterais devem ser similares ao da cafeína, ou seja, taquicardia, aumento da
pressão arterial e da frequência cardíaca, ansiedade e nervosismo, se usado em
excesso.
20.
CLEMBUTEROL
O clembuterol (CLEM) não é um “suplemento alimentar”
e, sim, um “medicamento” usado como broncodilatador para o tratamento de
asma e bronquite crônica. Já discutimos este fármaco em outra postagem,
portanto, aqui serei breve. O CLEM é um fármaco b-adrenérgico
que representa um grande perigo a saúde. O CLEM estimula os receptores b-2-adrenérgicos em neurônios
pós-sinápticos, podendo levar a vasodilatação da musculatura lisa, redução da
resistência periférica, broncodilatação, aumento da degradação de glicogênio
hepático e muscular, aumento na liberação do hormônio glucagon e relaxamento da
musculatura uterina. Todavia, o CLEM também estimula os receptores b-1-adrenérgicos, que atuam sobre
a musculatura cardíaca, causando taquicardia, aumento da contratilidade do
miocárdio, aumento da mobilização de gordura do tecido adiposo (lipólise) e
aumento na liberação da renina. O CLEM possui efeito lipolítico, ou seja, capaz
de mobilizar a gordura do tecido adiposo e promover o emagrecimento e definição
muscular. Não podemos esquecer, contudo, seus efeitos colaterais: nervosismo,
tremores das mãos, cefaléia, enxaquecas, insônia, aumento da pressão arterial,
taquicardias, náusea, vômitos, tonturas, infarto agudo do miocárdio (IAM),
acidente vascular cerebral (AVC) e, até mesmo, óbito dependendo da dose
administrada. Funciona para emagrecer? Sim. Vale a pena usar? Certamente que não,
embora nem todos pensem assim. Para atletas, cabe lembrar que o uso de CLEM é
considerado Doping.
21.
COLÁGENO
O
colágeno é uma proteína insolúvel rica em aminoácidos prolina e glicina, que
estimulam as células a produzirem colágeno para o enrijecimento da pele e a
manutenção de tendões e cartilagens. É frequentemente usado nas dietas de
emagrecimento, justamente com o intuito de evitar a flacidez durante o processo
de redução de peso. Todavia, as doses oscilam entre 1000 até 9000 mg/dia,
administrado antes ou após as refeições. Em minhas prescrições dietéticas,
costumo indicar 2-3 g/dia, distribuídos durante o dia, o que pode vir combinado
com outros produtos (centella asiática, alcachofra, citrus aurantium e
picolinato de cromo, por exemplo).
A
creatina é sintetizada a
partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina. A suplementação com
creatina tende aumentar a creatina e a fosfocreatina (CP) intramuscular, bem
como regenerar rapidamente a molécula de adenosina trifosfato (ATP) para
contração muscular. Com isso, espera-se a otimização da potência e da força
muscular. O ganho ponderal também é atribuído à retenção hídrica, onde o volume
urinário tende a diminuir e o conteúdo de glicogênio muscular tende a aumentar.
Antigamente pensava-se que a retenção hídrica, o acúmulo de glicogênio, o
aumenta da força e a otimização do sistema ATP-CP (fosfagênio) seriam os únicos
responsáveis pelo aumento da massa corporal magra (MCM) durante a suplementação
com creatina. Atualmente sabe-se que o processo é mais complexo, onde a
creatina poderia aumentar a expressão de RNAm para actina e miosina, que
correspondem as proteínas contrácteis da musculatura esquelética. Também
existem achados sobre a superexpressão do fator de crescimento
semelhante à insulina (IGF-1, que atua regulando o crescimento muscular) e o
transportador de glicose do tipo 4 (GLUT-4, que atua na captação de glicose ao
músculo esquelético). Investiga-se, ainda, um aumento de células satélites e
número de mionúcleos com a suplementação de creatina, ou seja, as células
satélites mononucleares dos músculos esqueléticos poderiam se diferenciar e
fundir-se para aumentar o número de fibras musculares existentes, criando novas
fibras e regenerando o músculo. Por fim, a participação da creatina nas mesmas
vias de sinalização da leucina e da proteína
quinase de mamíferos alvo de rapamicina (mTOR) também tem sido
investigado. É um suplemento formidável, embora deva ser usado com cautela. Classicamente,
a suplementação de creatina respeitava uma sobrecarga de 20-25 g/dia por 5-7
dias, seguido de um período de manutenção de 3-5 g/dia por 2-3 meses. Estudos
posteriores obtiveram resultados semelhantes com a suplementação de 5 g/dia de
creatina por 2-3 meses sem o período de sobrecarga. E, atualmente, frente aos
novos estudos, parece que a tendência é para a suplementação de creatina no
período pré-treino e no pós-treino, embora as dosagens não devam ser
excessivas. Acredito, ainda, que um período de 2-3 meses de suplementação,
seguido por um período igual ou superior de interrupção seja necessário para
estabelecer a “ordem” do organismo. Além da creatina, o mercado de suplementos
ainda fornecem outros produtos relacionados à geração de energia (ATP). A
D-Ribose (10 g/dia) teria a intenção de aumentar a síntese de ATP para aqueles
indivíduos submetidos ao treino intenso e de curta duração (musculação e
corrida de 100 metros rasos, por exemplo). Já a suplementação (1-10 mg/dia) de uridina
trifosfato ou ácido uridino-5-trifosfórico (UTP) tem um papel no fornecimento
de energia e contração muscular, sendo usado por atletas de resistência.
23. DESIDROEPIANDROSTERONA (DHEA)
O
desidroepiandrosterona (DHEA) é vendido como “suplementar alimentar”, mas verdadeiramente
é um hormônio. É precursor de outros hormônios esteroides, como a testosterona.
O DHEA é um hormônio natural que circula em níveis máximos entre 20 e 30 anos
com decréscimo em 20% a cada década de vida. É produzido pela glândula adrenal
e, em menor quantidade, pelos testículos. Sua suplementação tem a intenção de
aumentar a produção de testosterona, onde os usuários recorrem as doses de 50
até 100 mg/dia no horário de dormir e/ou pós-treino imediato. Particularmente
acho o DHEA uma bela alternativa de reposição hormonal masculina, um tema
repleto de tabus, dúvidas e controversas. A diminuição da produção normal de
testosterona ou hipofunção testicular (Andropausa) é um fato que deve ocorrer
em todos os homens com o passar dos anos e durante o envelhecimento. Sendo
assim, porque não recorrer à terapia de reposição hormonal masculina, como já
fazem as mulheres há vários anos? Obviamente que a reposição hormonal masculina
deve ter acompanhamento médico, pois estamos falando de medicamento e não de
suplemento alimentar. Além disso, aumentar os níveis de testosterona na fase
adulta e na velhice aumenta o risco para câncer de próstata, o que justifica a
acompanhamento de um profissional qualificado. Também é óbvio que um “guri” de
18 anos de idade não precisa de DHEA, mas penso que um adulto de 40 anos ou
mais, saudável, que treina, também não precisa observar seus músculos
literalmente “murchar” com o passar dos anos, mesmo que continue treinando
pesado e alimentando-se corretamente. Quer dizer, o processo de envelhecimento
é algo natural e irreversível, quer você goste ou não desta informação. Ao
mesmo tempo, aceitar o envelhecimento sem lutar é uma escolha pessoal de cada
indivíduo.
24.
DEXTROSE
Os
Sports Drinks (bebidas esportivas) correspondem
às bebidas glicídicas, que são fontes de energia para o esforço físico,
aumentando a captação de glicose pelos músculos em função do estímulo da
proteína transportadora de glicose do tipo-4 (GLUT-4). São usadas antes,
durante e depois do treinamento. Antes e durante o treino tendem a reduzir a degradação
do glicogênio hepático e as chances de hipoglicemia, além de minimizar o
catabolismo protéico (gliconeogênese). São úteis, portanto, na redução da
fadiga. Usadas após o treino tendem a recuperar rapidamente as reservas
glicídicas corporais, aumentando os depósitos de glicogênio hepático e
muscular. Em relação à dextrose, destaco o trabalho de conclusão de curso (TCC)
de Ricardo José Batistela, entitulado “A Influência da dextrose na absorção da
proteína ingerida pós-treino em relação ao ganho de massa muscular” do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle -
Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2012. Em nosso estudo,
mostramos que a combinação de suplementos contendo aminoácidos ramificados (BCAA
ou Whey Protein) com carboidratos (dextrose e/ou maltodextrina, por exemplo)
aumentam as concentrações de insulina (hiperinsulinemia) e estimula a síntese
protéica pós-exercício em ratos e humanos. Confirmamos dados da literatura,
onde a combinação de suplementos de aminoácidos com carboidratos de alto índice
glicêmico produz efeitos aditivos na estimulação das vias
fosfatidilinositol-3-quinase (PI3-K) e da proteína quinase de mamíferos alvo de
rapamicina (mTOR), produzindo as taxas máximas de síntese protéica
pós-exercício.
25.
EFEDRINA
A efedrina é obtida do extrato vegetal
conhecido como Ma Huang (Ephedra). Novamente, trata-se de um
“medicamento” e não “suplemento alimentar”. Embora seja usado pelas práticas
medicinais chinesas há séculos, está muito longe de ser inofensivo. Já falamos
da efedrina em outra postagem neste Blog e, portanto, serei breve. Em primeiro
lugar, seu uso é proibido por vários órgãos de saúde (AMA, NCAA, IOC, FDA e
ANVISA). Em segundo lugar, trata-se de um potente “queimador de gordura” (fat
burner). A efedrina é um fármaco que atua sobre receptores adrenérgicos (a e b), promovendo a mobilização dos
triglicerídeos (TG) do tecido adiposo (lipólise) e sua subsequente oxidação.
Também aumenta a secreção de glucagon, o que justificaria seu efeito
lipolítico. Por fim, estimula a liberação de norepinefrina (NE), ativando a
lipólise do tecido adiposo. Em terceiro lugar, seu uso não vale a pena. Por
quê? Bem, deixe-me apresentar os efeitos colaterais para que você tire suas
próprias conclusões: aumento da temperatura corporal (hipertermia),
taquicardia, aumento da pressão arterial, aumenta da frequência cardíaca,
aumento do risco de infarto ou derrame, até mesmo, óbito. Puxa, será que estou
exagerando? Tenho certeza que não, mas você poderia ler o estudo “Myocardial Infarction Associated with the
Use of a Dietary Supplement Rich in Ephedrine in a Young Athlete” (Infarto
do miocárdio em atleta jovem associado ao uso de suplemento dietético rico em
efedrina), publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia 87:5, 179-181,
2006.
26.
ESTANOZOLOL
Pode parecer piada, mas muita gente me procura para
usar um “suplemento”, indicado pelo colega de academia, chamado “estanozolol”
ou “stanozolol”. Em primeiro lugar, não é “suplemento” e, sim, um “medicamento”.
Trata-se de um esteroide anabolizante vendido como o nome de Winstrol (via
oral) ou Winstrol Depot (via intramuscular). Em segundo lugar, seu amigo não
pode prescrever medicamentos (a não ser que ele seja médico) ou suplementos
alimentares (a não ser que ele seja nutricionista). Em terceiro lugar, o uso
deste e de outros esteroides anabolizantes (deca-durabolin, durateston,
hemogenin, deposteron, metiltestosterona, oxandrolona e halotestin) no meio
esportivo é uma realidade, infelizmente. Não pretendo, aqui, descrever o
mecanismo de ação dos esteroides anabolizantes. Pretendo, apenas, fazer a
seguinte ressalva: (1) Cerca de 1 milhão de pessoas ou mais fazem uso de
esteroides anabolizantes somente nos Estados Unidos da América (EUA) e ainda
outros milhões que pensam em usar; (2) Drogas anabolizantes possuem uso
terapêutico, observados no tratamento da
impotência sexual, sarcopenia, raquitismo, osteoporose, Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida (SIDA/AIDS), hipogonadismo, câncer de mama, Síndrome
de Tanner e Distrofia Muscular de Duchenne; (3) Todos os esteroides
anabolizantes parecem ser úteis para estimular a massa muscular, a força e a
redução da gordura corporal, embora com dosagens distintas, ou seja, eles
realmente transformam seu corpo e rapidamente e (4) Não existe um esteróide anabolizante
100% anabólico e 0% androgênico e, portanto, não existe 100% de segurança. Os efeitos colaterais gerais
em homens e mulheres dos esteroides anabolizantes incluem: ginecomastia,
insônia, aumento da pressão arterial, atrofia testicular, perda do lipido, impotência
sexual, irregularidades menstruais, hipertrofia clitoriana, diminuição das
mamas, engrossamento da voz, hirsutismo, acne, calvície, depressão, aumento da
resistência periférica à insulina, diminuição do colesterol bom (HDL), aumento
o risco para hepatopatia e nefropatia, infarto, derrame, trombose cerebral,
hemorragia hepática e câncer de próstata. Enfim, estou falando de efeitos
colaterais e, alguns, possivelmente irreversíveis. Fizemos uma bela discussão
sobre os hábitos alimentares e uso de esteroides anabolizantes por
fisiculturistas quando tive a honra de orientei o trabalho de conclusão de curso (TCC) de Éverton
José Bottega, entitulado “Padrão de ingestão alimentar de atletas do fisiculturismo”
do Curso de Nutrição do Centro Universitário La
Salle – Unilasalle em 2010. Enfim, o uso de esteroides anabolizantes, em
minha opinião, pode ser considerado uma espécie de “roleta russa”, pois seria
muita ingenuidade sua achar que estaria totalmente livre dos efeitos colaterais.
Pensem nisso!
27.
EXTRATO DE
GERÂNIO
A
metilhexanoamina, metil-hexaneamina, 1,3-dimetilamilamina, geranamina,
geranamine, DMAA, fortano, floradrene, dimetilpententilamina ou, simplesmente,
óleo ou extrato de gerânio é a famosa substância que ganhou os canais de
comunicação de mídia devida sua proibição pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Segundo a ANVISA, o Jack3d da USP Labs, que possui o DMAA, não está
autorizado para comércio no Brasil, pois não se enquadra em nenhuma categoria
de alimento existente neste país. Sua comercialização no território nacional
configura infração sanitária e está sujeita a sanções penais. No passado foi
usado como descongestionante nasal no medicamento Forthane. É proibida no
Canadá e faz parte da lista de substâncias proibidas e dopantes pela Agência de
Vigilância Mundial Antidoping (WADA, World
Antidoping Agency). Os vários nomes para o DMAA correspondem a uma
substância proibida em competições e referenciada no item S6.b como
estimulantes não especificados do programa de monitoramente de 2011 do Comitê
Olímpico Brasileiro (COB). Enfim, a substância é extraída do óleo da planta
Gerânio, a Pelargonium graveolens, da família Geraniaceae, cuja substância é o metilhexanoamina ou
1,3-dimetilamilamina. O DMAA é tido como uma substância simpatomimética da
adrenalina e noradrenalina, estimulando o sistema nervoso central (SNC). Porém,
seu efeito estimulante seria elevado ao ponto de deixar o indivíduo em
verdadeiro estado de alerta e euforia. Ele reduz a fadiga e deprime a apetite.
Além disso, parece aumentar a secreção de glucagon e promover a lipólise do
tecido adiposo. Efeitos colaterais, tais como taquicardia, aumento da pressão
arterial, dependência química, alteração de humor, insônia, comportamento
compulsivo e síndrome do pânico, são associados ao DMAA. Alguns argumentam que
a 1,3-dimetilamilamina (DMAA) possui uma estrutura química similar à efedrina
ou anfetamina, podendo desempenhar suas funções. Não estou querendo absolver o
Jack3d ou DMAA, mas esta informação não é absolutamente verdadeira. Por outro
lado, o Jack3d contém dibenzo (uma classe dos benzodiazepínicos, medicamentos
ansiolíticos e sedativos), onde voltamos a crucificar e proibir o uso deste
produto e com todo meu apoio.
28.
EXTRATO DE GUGGUL
Podemos
observar a presença do extrato da resina Guggul em alguns suplementos
atualmente. O guggul ou guggulsterona é extraído da árvore Commiphora mukul comum
na Índia. Seu uso, na literatura, é sugestivo com a redução da colesterolemia
em animais por síntese hepática aumentada de sais biliares, bem como aumento de
HDL (“colesterol bom”) e diminuição na oxidação da LDL (“colesterol ruim”).
Outros estudos com animais sugerem inibe a agregação plaquetária e ação
antiinflamatória. Por fim, estudos apenas com animais (ratos) sugerem que o
Guggul estimule a atividade da glândula tireoidiana, promovendo o
emagrecimento. Em relação a este último item, o guggul deve ser usado com
cautela e sob acompanhamento profissional. Além disso, os estudos conduzidos
com seres humanos não foram conclusivos e o mecanismo de ação desta substância
continua indefinido.
29.
EXTRATO DE
GYMNEMA SYLVESTRIS
Os extratos de Gymnema
sylvestris (Ascleoidaceae) são
obtidos de uma planta trepadeira comum na Índia. Contêm resinas, enzimas,
glicosídeos, ácido gimnêmico e quercitol. O ácido gimnêmico possui ação
hipoglicemiante, sendo usado, portanto, como recurso antidiabético. Ele teria
ação estimulante sobre a secreção de insulina e controle da glicemia. Melhora a
sensibilidade do organismo e auxilia na correção da resistência periférica à
insulina, tem sido testado em pacientes obesos e diabético não-insulino
dependente (DM do tipo II). A redução do peso, o controle da glicemia e do apetite
por doces fazem desta substância uma grande possibilidade de estudos.
Costuma-se observar o consumo de 50 a 100 mg/dia do extrato seco de Gymnema,
antes das refeições grandes (almoço e jantar). Pode-se chegar até 400 ou 500
mg/dia, mas seu uso requer cautela e acompanhamento clínico a fim de evitar riscos
para hipoglicemia.
30.
FASEOLAMINA
A
faseolamina é obtida da planta Phaseolus vulgaris, conhecido como feijão
comum, sendo seu princípio de funcionamento a inibição de a-amilase pancreática. Isso minimiza a digestão de
amido e, desta forma, diminui a absorção de glicose e a disponibilização de
calorias provenientes de glicídios. Também tem sido observada menor velocidade
de digestão dos amidos, evitando picos de insulina. A dose utilizada é de 445 a
750 mg de extrato seco da planta. Como já mencionado aqui, o processo de
reeducação alimentar é muito mais valioso e duradouro do que simplesmente
inibir as calorias advindas de carboidratos. Aliás, você sabe que existem
carboidratos “desejáveis” e “indesejáveis” em nosso organismo e isso depende do
momento fisiológico vivido durante o seguimento de um plano alimentar? Por
exemplo, carboidratos de baixo e moderado índice glicêmico são muito desejáveis
durante o dia, principalmente para fornecer energia diária, manter os níveis
glicêmicos normais e alimentar nosso cérebro. Já os carboidratos de alto índice
glicêmico podem ser igualmente desejáveis no período pós-treino imediato a fim
de aproveitar todo momento anabólico no processo de hipertrofia muscular.
Pensem nisso antes de “cortar” totalmente os carboidratos em suas dietas.
31.
FIBRAS E ERVAS
Suplementos contendo fibras e ervas são bastante
comuns entre as pessoas, tanto no esporte, quanto fora deles. Grãos integrais, leguminosas, vegetais folhosos,
frutas e sementes de oleaginosas (castanhas, nozes, amendoim, amêndoas doces e
sementes de girassol descascadas), pães integrais, maçãs, figos, pêras, ameixas
e morangos são alguns exemplos de alimentos ricos em fibras.
Todavia, sabemos que alguns indivíduos simplesmente fogem de saladas e frutas assim
como o “diabo foge da cruz”, digamos
assim. Como diria o comediante Marcus Veras, “Deus povoou a terra com brócolis, couve-flor, frutas e vegetais de
todas as espécies para que o homem e a mulher pudessem viver longas e saudáveis
vidas, mas Satanás criou o Mc Donald’s”. Neste caso, a combinação de fibras
em suplementos (cápsulas e pós) pode facilitar a vida destes “anticristos”,
quero dizer, “anti-saladas” ou “anti-frutas”. As fibras permitem o controle de
peso e ajuda no funcionamento intestinal. De qualquer forma, acredito que com
um pouco de força de vontade você consegue introduzir aquela pequena folha
verde em seu prato, só para começar.
32.
GARCÍNIA
CAMBOGIA
O fruto de Garcinia cambogia, uma planta
nativa do sul da Ásia, tem sido utilizado para perda de peso. Acredita-se que o
ingrediente ativo seja o ácido hidroxicítrico (HCA), um inibidor competitivo da
enzima ATP citrato liase,
suprimindo a síntese de ácidos graxos e colesterol por diminuir a
disponibilidade de acetil-CoA citossólica para esta biossíntese. Neste sentido,
o mecanismo de ação seria igual ao da Caralluma
Fimbriata, já discutido nesta postagem. Voltamos, portanto, ao mesmo
paradigma: citrato e acetil-CoA são oriundos do excesso de carboidratos da
dieta e, portanto, um processo de reeducação alimentar faz-se necessário. Além
disso, faltam estudos científicos para assegurar a eficácia e ausência de efeitos
colaterais com a administração desta substância, onde suas dosagens não estão
totalmente estabelecidas.
33.
GLUTAMINA
A
glutamina é o aminoácido livre mais abundante no tecido muscular. Ele apresenta
tantas funções importantes no organismo que seria impossível tratá-lo com toda
categoria que merece nesta simples postagem. Cabe, apenas, destacar algumas
funções da glutamina: biossíntese de nucleotídeos, detoxificação da amônia,
transferência de nitrogênio entre os órgãos, síntese de hexosaminas, síntese e
degradação proteica, modulação da resposta inflamatória, síntese de glutationa,
síntese do ácido g-aminobutírico
(GABA), ureogênese e gliconeogênese, manutenção do balanço ácido-básico e
nutriente energético para as células imunológicas e enterócitos. A glutamina no
esporte se destaca pelo seu papel anabólico, promovendo o crescimento muscular.
Este efeito pode estar associado à sua capacidade de captar água para o meio
intracelular, biossíntese de nucleotídeos e transferência de nitrogênio,
altamente implicados no processo de síntese proteica. Como eu avisei, seria
impossível aborda-lo totalmente aqui, mas cabe a curiosidade do caro leitor
quanto a pesquisa pessoal.
34.
GUARANÁ
Os
frutos de guaraná (Paullinia cupana) possuem
guaranina, uma molécula parecida com cafeína, portanto, efeitos similares à
cafeína sobre a estimulação do sistema nervoso central (SNC). Para maiores
informações, portanto, leia a o item número 12, referente à cafeína.
35.
HIPERCALÓRICOS
Hipercalóricos
ou Gainers são substitutos de refeição, ideais para aumento do peso corporal e a
construção de massa muscular em indivíduos submetidos ao treinamento de
sobrecarga através da musculação. O suplemento não deveria ser usado por
sedentários e um cuidado especial é dado aos indivíduos com história familiar e
pessoal de sobrepeso-obesidade, bem como história de diabetes. Eles podem
conter proteína de alto valor biológico (PAVB), creatina, glutamina,
aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), ácidos graxos (ômega-3 e ômega-6),
vitaminas e minerais. Podem fornecer de 400 até 700 kcal ou mais por dose.
Alguns podem ser ricos em maltodextrina e sódio, onde o cuidado deve ser
redobrado. Para aqueles que consomem acima de 4000 kcal/dia, os hipercalóricos
são verdadeiramente uma grande “mão na roda”.
36.
HIPOCALÓRICOS
É
complicado falar de hipocalóricos ou pós para o preparo de bebidas de baixa
caloria, pois tenho um pé (ou talvez dois) contra tais produtos. Em primeiro
lugar, alega-se que tais produtos promovam a redução do peso, mas isso só
ocorre porque as pessoas substituem as refeições convencionais mais calóricas
por um copo de shake pouco calórico. Nós, nutricionistas, podemos calcular
perfeitamente uma dieta hipocalórica, através da oferta de alimentos, e não
necessitamos destes produtos. Além disso, tais produtos não fornecem qualquer
mecanismo capaz de acelerar seu metabolismo, como tantos outros discutidos
nesta postagem. Em segundo lugar, alega-se que tais produtos são saudáveis e
balanceados, ofertando vários nutrientes (cálcio, ferro, selênio, vitaminas do
complexo B, vitamina E, vitamina C, proteínas e fibras) em apenas 1 copo de 250
ml. E você acha que não obtém estes nutrientes nos alimentos? Não vale a pena
citar nomes aqui, mas um teste realizado pela Associação de Brasileira de
Defesa do Consumidor (Proteste) mostrou que os shakes estudados não possuem
quantidades ideais de nutrientes, apresentam desequilíbrios em vitaminas e
minerais, são pobres em gorduras “boas” e fibras. Ainda, talvez estes shakes
hipocalóricos industrializados “sequem
seus músculos e não as gorduras indesejáveis”. Vejamos um exemplo: Se você,
que treina quase todo santo dia, tiver em mãos dois suplementos (Whey Protein e
Shake Hipocalórico) com o mesmo aporte calórico (120 kcal) na porção, porém o
primeiro possui 18-20 g de proteína, enquanto que o segundo apenas 4-6 g de
proteína, então qual você escolheria? Nem preciso responder. Dietas
hipocalóricas pobres em proteína conduzem a perda de massa muscular e flacidez.
Com a perda de massa magra o gasto de gordura torna-se menor, pois você perdeu
a “fornalha” para queimar gorduras indesejáveis. Ah, mas você pode argumentar
que os shakes hipocalóricos são saborosos. E uma dieta equilibrada não é? Sua
última chance é argumentar que os shakes hipocalóricos possuem praticidade no
armazenamento, transporte e consumo. E descascar uma banana é tão difícil
assim?
37.
HORDENINA
A
hordenina é um alcalóide da cevada germinada. Alcalóides são substâncias
derivadas de plantas e entre os alcalóides mais conhecidos podemos citar a
cocaína, a morfina, a heroína e a codeína (geralmente terminam com o sufixo “ina”, exceto a cafeína que é uma xantina
e não um alcalóide). É resultante da metilação da tiramina e este, por sua vez,
é um composto vasoativo produzido pela descarboxilação do aminoácido tirosina. Sugere-se
que a tiramina aumente a liberação de norepinefrina (NE) e/ou epinefrina (EP) nas
terminações nervosas. Também se sugere que sirva de substrato para o sistema de
recaptação de serotonina. Enfim, a tiramina seria um agonista adrenérgico ou simpatomimético,
embora não sabemos se isso ocorre direta ou indiretamente. Esta amina
biogênica, quando acumulada no sangue, provoca aumento da pressão arterial,
principalmente em vasos sanguíneos cerebrais, podendo causar dores de cabeça ou
enxaquecas. Teoricamente qualquer alimento proteico (queijos, pescados, carnes,
fígado, salames, salsichas, caviar, entre outros) pode estar sujeitos ao
crescimento microbiano ou atividade bioquímica, favorecendo o surgimento de
aminas biogênicas. As aminas biogênicas também são encontradas em bebidas
alcoólicas (cerveja e vinho) e frutas em compotas. Portanto, indivíduos que
sofrem de enxaqueca devem reduzir a ingestão de tiramina através da dieta. Da
mesma forma, pessoas que usam medicamentos inibidores da monoamina oxidase
(IMAO) devem obter uma dieta livre de tiramina. A IMAO atua inibindo a
degradação das aminas e a ingestão de tiramina, que não será degradada, poderão
levar a seu acúmulo e crises de cefaleia ou enxaqueca.
38.
INOSITOL
O inositol é um poliálcool cíclico que atua nos
processo de sinalização celular via segundo mensageiro, envolvido nos processos
de montagem do citoesqueleto, controle da concentração intracelular de cálcio,
manutenção do potencial de membrana celular, modulador da atividade insulínica
e atua no metabolismo lipídico, especialmente redução dos níveis de colesterol.
É encontrado em frutas cítricas (exceto limão), lecitina de soja, grãos
integrais, raízes, levedo de cerveja, gérmen de trigo, repolho e vísceras
(coração e fígado). Enfim, atua como sinalizador celular nos processos
biológicos.
39.
MALTODEXTRINA
O
efeito das bebidas esportivas no esporte também é observado no trabalho de
conclusão de curso (TCC) de Cristiane Pereira Ferreira, entitulado “Efeito das
bebidas esportivas sobre as alterações hormonais e fadiga durante o exercício
físico” do Curso de Nutrição do Centro
Universitário La Salle - Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2008. Para maiores
informações leia o item número 24, relativo à dextrose.
40.
METILFENILETILAMINA
Metilfenil... O quê?! Que nome estranho para
uma substância inserida em alguns suplementos importados (Phenadrine, por
exemplo). Em que alimento é obtido ou em que planta foi extraída? Nenhuma.
Trata-se de uma substância sintética, semelhante à anfetamina e que bloqueia o
apetite. Também traz sensação de bem-estar e promove a perda de peso e a
redução da gordura corporal, devido seu forte efeito lipolítico. Vou ser
repetitivo aqui, mas trata-se de um “medicamento” e não “suplemento”. É
impressionante como tentam nos enganar, não é mesmo? Será que não estão
preocupados com nossa saúde? Sem comentários para esta pergunta, pois tenho
certeza que você sabe a resposta.
41.
ÓLEO DE CÁRTAMO
(CA)
O
óleo de cártamo (CA) é um produto destinado ao emagrecimento e queima de
gordura corporal. É proveniente da planta Carthamus tinctorius da Índia. Alega-se, ainda, que o CA
protege a estabilidade da molécula ativa do ácido linoleico (LA), impedindo sua
oxidação. Neste sentido, seria considerado um antioxidante natural. Especula-se
que o CA aumenta a produção de adiponectina, um hormônio produzido pelo tecido
adiposo e regula a peso corporal e a “queima de gordura”. Outros trabalhos
sugerem que o CA auxilie no controle glicêmico e melhora a sensibilidade à
insulina, útil no tratamento de pacientes diabéticos. Os suplementos contendo
CA também ganharam fama na mídia, embora falte muita pesquisa científica em
relação a seu uso, posologia, mecanismo de ação e efeitos adversos à saúde.
42.
ÓLEO DE COCO
O
óleo de coco é a bola da vez nas revistas da moda. Sua eficácia quanto à perda
de peso e a redução da gordura corporal dividem opiniões. Como que uma gordura
saturada e rica em calorias (cerca de 100 kcal por colher de sopa) pode ajudar
alguém emagrecer? Bem, tecnicamente o óleo de coco é um triglicerídeo de cadeia
média (TCM), onde se destaca o ácido graxo saturado conhecido ácido láurico
(ácido dodecanóico, C12:0). O TCM possui rápida absorção e oxidação pelo
organismo uma vez que não necessita de micelas do sal biliar para absorção e
nem o auxilio de carnitina acil-transferase (CAT) para sua oxidação na
mitocôndria das células. Em outras palavras, o ácido láurico gera energia de
forma mais acelerada no organismo. Todavia, vou levantar ainda mais a polêmica sobre
sua utilização: (1) O consumo diário é de 2 colheres de sopa ao dia, o que
representa 200 kcal ou mais diariamente. Será que não seria interessante
investir estas calorias em outro alimento rico em gordura insaturada (excelente
para o coração) ou carboidratos complexos (excelente para o controle glicêmico)
ou proteínas (excelente para a construção de músculos)? (2) A recomendação de
gordura através da dieta deve oscilar entre 25-30% das calorias totais, onde
menos de 7% devem vir da gordura saturada. Assim, matematicamente falando, você
consegue introduzir o óleo de coco diariamente e manter estes valores numéricos
sem o auxílio de um profissional nutricionista? (3) Sabe-se de muitos anos e
estudos científicos os males de uma dieta rica em gordura saturada para a saúde
cardiovascular. Será que uma dieta rica em óleo de coco não pode acelerar
processos ateroscleróticos conduzindo “silenciosamente” ao infarto e derrame em
um futuro próximo? (4) Relata-se que o óleo de coco produz saciedade. Já parou
para pensar nos aspectos psicológicos que estão levando você a ingerir
desesperadamente grandes quantidades de alimentos? Se descobrir isso não
precisaria de um possível inibidor da saciedade. Um bom e grande prato de
salada não teria o mesmo efeito sobre a saciedade e, além disso, absurdamente
menos calórico. Enfim, meus caros leitores, vamos ter um pouco mais de
consciência antes de ingerir quaisquer suplementos que tenta nos empurrar por
goela abaixo. Suplementos de TCM também são encontrados no mercado, onde
relatos de distúrbios gastrintestinais são relatados.
43.
ÓLEO DE PEIXE
COM ÔMEGA-3
Alimentos ricos em ácidos
graxos poliinsaturados (“gorduras boas”), contendo ômega-3, como o ácido eicosapentaenoico
(EPA) e o ácido docosahexaenóico (DHA) ajudam a reduzir a fluidez do sangue, na
resposta imunológica e antiinflamatória. Além disso, ajudam na redução do nível
de triglicerídeos do sangue. A linhaça, o óleo de canola, o óleo de soja, a noz
e alguns peixes (cavala, arenque, salmão e atum) são boas fontes de ômega-3.
Menores quantidades são obtidas com a ingestão de camarão, lagosta, bacalhau e
linguado. Por fim, outra maneira de obtê-los é através da suplementação, geralmente
através de cápsulas líquidas. O consumo de óleo de peixe está associado à
redução da mortalidade por doenças cardiovasculares, redução da pressão
arterial, efeito anticancerígeno e aumento da memória. Todavia, nem todos os
ômegas-3 são iguais. Quando observamos sua estrutura química, o “bom” ômega-3 é
uma gordura poliinsaturada muito longa, sendo denominados ácidos graxos de
cadeia muito longa (AGCML, ou seja, igual ou superior a 22 carbonos), como o
ácido eicosapentaenoico (EPA, C20:5, n-3) e o ácido docosahexaenóico (DHA,
C22:6, n-3). Os menos benéficos à saúde, portanto, são gorduras poliinsaturadas
de cadeia curta, como os óleos extraídos da soja, girassol e milho, bem como o óleo
de canola e a linhaça. Cabe destacar que os produtos que contém ômega-3 de
cadeia curta (óleos de soja, milho, girassol e azeite de oliva) também possuem
ácidos graxos ômega-6, que competem entre si por sítios de ligação no
organismo. Neste sentido, o competidor ômega-6 poderia anular os efeitos
benéficos do ômega-3 se estiverem em maior quantidade na dieta diária. Quer
dizer, deve existir uma boa relação ou proporção entre estes tipos de gorduras
n-3 e n-6 na alimentação diária para a promoção da saúde. Óleos vegetais (milho
e canola), soja, girassol, sementes e oleaginosas (nozes e castanhas) são ricos
em ômega-6. Por fim, será que a maior expectativa de vida do mundo no Japão tem
relação com o consumo de peixe? Alias, quando foi à última vez que você ingeriu
peixe (e não vale peixe frito)?
44.
PHOLIA MAGRA
A
Ecalyculata vell é uma planta brasileira e registrada como Pholia (Folia)
Magra. Ela promete “chapar o abdômen” (um pouco exagerados não acham?). A Pholia
Magra possui alantoína, cafeína, potássio, taninos e óleos essenciais. Tem
efeito inibidor no sistema nervoso, o que controlaria o apetite e a compulsão
alimentar. Pode ter ação diurética e anticelulite. Enfim, pode tanta coisa, mas
ainda vou esperar mais estudos científicos que comprovem sua eficácia,
segurança, mecanismo de ação no emagrecimento e posologia.
45.
PICOLINATO DE
CROMO
O
cromo é um mineral que atua como cofator essencial para as ações da insulina
sobre o metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas, ou seja, aumenta a
sensibilidade da insulina. É útil no controle glicêmico, redução do colesterol
e do apetite. Teoricamente aumenta a massa magra via estimulação da insulina e
captação de glicose. O picolinato ou ácido picolínico é a substância que
facilita a absorção do cromo. Em animais de laboratório seu excesso causa
mutação do DNA com desenvolvimento de neoplasias fatais, bem como defeitos
ósseos e esterilidade. Doses de 150-200 mcg/dia é uma recomendação comum para
obter os efeitos desejáveis, embora a grande maioria dos suplementos atuais
forneçam apenas 55-75 mcg por dose. Entretanto, doses superiores a 1000 mcg/dia
causam toxicidade.
46.
POLIVITAMÍNICOS
E MINERAIS
Os polivitamínicos e
minerais não engordam, pois não possuem calorias. Eles completam sua
alimentação balanceada, garantindo vitaminas e minerais essenciais ao bom
funcionamento do organismo e o equilíbrio nutricional diário. A mega-dose,
contudo, deve ser evitada, sendo prejudicial à saúde.
47.
PROTEINATO DE
CÁLCIO
Proteinato
de cálcio é uma categoria de suplementos contendo proteína isolada da soja com
alta concentração de proteínas e rico em cálcio. Talvez tenha sido um dos
primeiros suplementos proteicos usados entre esportistas e atletas na busca por
hipertrofia muscular, embora perderam seu brilho frente aos poderosos modelos
de Whey Protein. Elas ainda podem conter isoflavonas e serem ricos em vitaminas
e minerais. As isoflavonas são compostos orgânicos naturais de origem vegetal
encontrados na soja. Possui semelhança estrutural química com os hormônios
estrogênicos. A soja é um alimento
que tem sido relacionado com efeitos anticarcinogênicos, associado às várias
substâncias nele contido (inibidores protease, fitosteróis, saponinas, ácidos
fenólicos, ácido fítico e isoflavonas). Tem sido usado para ação terapêutica em
doenças cardiovasculares, câncer, osteoporose e alívio dos sintomas da
menopausa.
48.
QUITOSANA
Eu nem perderia meu tempo falando deste produto, mas
como já observei seu uso por alguns pacientes que chegaram a meu consultório
farei breves considerações. A Quitosana é tecnicamente uma fibra, a qual é
derivada da camada externa dura de moluscos. Teoricamente, possui a capacidade
de atrair lipídeos, impedindo sua absorção e digestão pelo trato intestinal. Isso
levaria a excreção de lipídeos pelas fezes e a redução de peso. E porque eu não
queria falar dele? Primeiro, porque não indico seu uso e, segundo, porque não é
condizente com a saúde. Não absorver lipídeos da dieta significa perder nas
fezes as gorduras totais (esteatorréia), incluindo as “gorduras boas”. Sendo assim,
perde ácidos graxos essenciais (AGE), que são “essenciais” a saúde. Também se
perde vitaminas lipossolúveis (ADEK), que necessitam de gorduras para serem
assimilados ao organismo. Um bom entendimento sobre a regulação da ingestão
alimentar e da saciedade encontra-se no trabalho de conclusão de curso (TCC) de
Maiara Silva de Oliveira, entitulado “Relação do hormônio Grelina na sua forma acilada
e seu efeito cardioprotetor em atletas submetidos ao exercício Físico” do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle -
Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2011.
49.
RESVERATROL
O trans-resveratrol (Polygonum cuspidatum) é
uma fitoalexina (proteína enzimática da parede celular vegetal), naturalmente encontrada
principalmente na casca de uva, mas também em amoras, amendoim e muitas
espécies de plantas. Ficou extremamente famoso através dos estudos que aumentaram
a longevidade de insetos (Drosophila melanogaster). Em seres humanos,
tem sido usado na prevenção de doença arterial coronariana (DAC) através da
redução de colesterol total (CT) e LDL (“colesterol ruim”) e seu poder
antioxidante. A recomendação de uso é bastante variável, desde 20 mg até 500
mg/dia.
50.
SCHIZANDROL A
Não há muito que falar do
Schizandrol A (2',3',4',1",2",3"-hexametoxi-6,7-dimetil-1,2,3,4-dibenzo-1,3-ciclooctadieno-6-ol), até porque pouco se sabe sobre ela no
esporte. Fico devendo, portanto, uma pesquisa mais criteriosa. Posso, apenas,
dizer que a substância química aumenta as concentrações dos neurotransmissores
dopamina e serotonina cerebral, levando a sensação de prazer e bem-estar. Ele
também exerce efeito inibitório sobre o sistema nervoso central (SNC).
51.
TAURINA
A taurina (ácido 2-aminoetanossulfônico) é um ácido
orgânico contendo enxofre e encontrado na bile. É um aminoácido não essencial
encontrado no sistema nervoso central (SNC), fígado, músculos, coração,
leucócitos e retina. As fontes alimentares incluem os frutos do mar (mariscos,
ostras) e bebidas energéticas (Red Bull contém 1g/lata de taurina). Possui
efeito desintoxicante (conjuga-se com metabólitos de medicamentos e xenobióticos),
antioxidante, intensifica a ação insulínica, melhora o desempenho mental e físico.
O Napalm Mini-Gun da Muscle Warfare é um suplemento pré-treino que possui
taurina (2000 mg), cafeína (400 mg), maltodextrina (1,2 g) em apenas 1 colher
de chá (5 g).
52.
THIOMUCASE
Curiosamente, o Thiomucase é dito como um “supositório
que emagrece”, embora também exista a versão em creme. Não vou nem entrar em
detalhes, mas fico surpreso como as pessoas buscam emagrecer a todo custo e sem
orientação profissional. É um medicamento usado no tratamento coadjuvante da
celulite e lipodistrofia. Parece que a redução do peso deve-se a redução do
edema e água, mas não exatamente perda de gordura.
53.
TIRONINA
É forma deiodada da tiroxina, ou seja, substância
obtida da tiroxina pela remoção total do iodo. Trata-se, portanto, de um produto
para a geração de hormônios tireoidianos: triiodotironina (T3) e tiroxina (T4),
que regulam o metabolismo e afetam o peso corporal. É um suplemento alimentar?
Nada disso, mas tem aparecido com frequência em alguns suplementos importados
destinados ao emagrecimento e definição muscular. Se você tem qualquer história
clínica (pessoal ou familiar) de alterações da tireoide vai querer passar bem
longe desta substância.
54.
TOOTHED CLUBMOSS
Toothed
Clubmoss (Huperzia serrata) é um arbusto nativo dos EUA. Alega-se que a
substância extraída desta planta inibe a acetilcolinesterase, enzima que
degrada o neurotransmissor acetilcolina (ACh) no sistema nervoso central (SNC).
A ACh diminui progressivamente durante o envelhecimento e na doença de
Alzheimer. ACh promove vasodilatação, aumenta a memória e capacidade de
aprendizado. Também é liberado pelos neurônios da placa motora que estimulam as
células musculares esqueléticos no processo de contração muscular, sendo inativado
pela acetilcolinesterase. Pesquisas sugerem aumento da memória em pacientes com
doença de Alzheimer leve e moderado.
55.
TRIBULUS
TERRESTRIS
O
Tribulus terrestris (videira da punctura ou abrolhos ou “abre-os-olhos”)
pertence à família Zygophyllaceae, sendo conhecido pelo seu papel afrodisíaco.
A erva daninha é utilizada como estimulante sexual natural, útil no tratamento
da disfunção erétil, combatendo a impotência sexual. Atua na produção de
esperma e secreção de testosterona, bem como secreção do hormônio luteinizante
(LH). Creio que esperar um grande aumento da massa muscular com este “poderoso
estimulante” é um tanto cômico e exagerado, embora o Dr. Rey (Dr. Hollywood)
ache o contrário em sua entrevista em um programa de TV e ainda relata que os
maridos podem fazer um agrado para suas esposas.
56.
VANÁDIO
Vanádio
é um mineral traço presente naturalmente no organismo. É comercializado na
forma de sulfato de vanádio (VS), embora não seja um suplemento comum de
utilização. Sua necessidade oscila entre 12 a 28 mcg/dia. O VS tem sido usado
por mimetizar os efeitos da insulina. Espera-se, com isso, o aumento da massa
magra, da síntese proteica e de glicogênio, ou seja, efeitos anabólicos
similares ao da insulina.
57.
WAXY MAIZE
O
Waxy Maize (WM) parece ser a nova “febre” entre os frequentadores de academia,
onde alguns relatam ser o verdadeiro substituto para maltodextrina ou dextrose.
Será mesmo? O WM possui o chamado amido de milho seroso com contém 99% de
amilopectina. Bem, amido é um polissacarídeo da célula vegetal formado por
moléculas de glicose unidas entre si por ligações lineares (do tipo a-(1,4)-glicosídicas) ou formando ramificações
(através da ligação a-(1,6)-glicosídicas).
Dois constituintes principais do amido se destacam: a-amilose (uma estrutura helicoidal não ramificada) e
amilopectina (uma estrutura altamente ramificada). Pois bem, a amilopectina é
uma estrutura solúvel em água e altamente ramificada, contendo cerca de 1.400
resíduos de glicose. Alega-se que os suplementos de WM repõem mais rapidamente
as reservas de glicogênio no pós-treino quando comparado a outras fontes
glicídicas, como a maltodextrina ou dextrose. Vejam, poucos estudos estabelecem
a relação “amido seroso de milho” e “esporte”. Destes, nenhum parece confirmar a
superioridade do WM em relação à malto ou dextrose quanto à ressíntese de
glicogênio em 24 horas pós-treino. Ainda, a resposta também não parece estar no
índice glicêmico (IG), já que o WM é similar à dextrose (IG = 90) neste
quesito. Além disso, a resposta insulínica do WM tende a ser igual ou até menor
que a dextrose em alguns trabalhos. Por fim, a reposição de glicogênio é similar
ao uso de malto ou dextrose em outras discussões científicas. Ah, não vamos
esquecer que o WM é muitas vezes mais caro que um pacote de malto ou dextrose.
Com base nisso, o que você faz ou não com seu dinheiro é um problema só seu e
isso não posso lhe ajudar.
58. WHEY PROTEIN
A
ingestão proteica é uma preocupação constante entre os atletas competitivos
desde os Jogos Olímpicos da Antiguidade na Grécia. As orgias alimentares em
relação à proteína, tanto no passado como atualmente, podem ter várias
explicações segundo a literatura: (1) o músculo humano é parecido com o tecido
do animal, o que estimularia uma ingestão proteica aumentada; (2) o tecido
animal lembra a força, a agilidade e a destreza dos animais abatidos, o que
novamente sugere sua ingestão excessiva e (3) muitos atletas acreditam que o
músculo “rasgue” durante o treino intenso, o que acaba gerando um “vazamento”
de proteínas do músculo esquelético e sugere uma supercompensação através da
ingestão excessiva de proteína. Bem, sabe-se atualmente que a microrruptura ou
microlesão muscular foi devidamente comprovada e refere-se, basicamente, uma
desorganização na estrutura das fibras musculares com alargamento da linha Z.
Em algumas situações pode ocorrer o vazamento de marcadores bioquímicos de
lesão muscular no sangue (creatina fosfoquinase e 3-metilhistidina) ou urina
(creatinina ou mioglobinúria). Este processo causaria maior proliferação de
células satélites a fim de reparar as fibras musculares, resultando em
hipertrofia muscular como resultado da microrruptura adaptativa. Neste sentido,
a ingestão de aminoácidos e proteínas tem sido valorizada por esportistas e
atletas. O papel dos aminoácidos ramificados (BCAA) na hipertrofia muscular,
por exemplo, tem sido exaustivamente estudada desde a década
de 1970. A partir da virada do século, muitos estudos têm demonstrado a cascata
de sinalização dos BCAAs na síntese proteica. Além disso, talvez a prática mais
comum em frequentadores de academia de musculação, submetidos ao treinamento de
força, seja a ingestão de proteína do soro do leite (Whey Protein), o
famoso shake protéico pós-treino imediato. É inacreditável que algumas pessoas,
desinformadas, off course, ainda
pensem que o uso de BCAA ou Whey Protein no esporte seja apenas placebo. Para
tais pessoas, seguem algumas vantagens do Whey Protein comprovadas na
literatura especializada: (1) rico em proteína de alto valor biológico (PAVB),
essencial para promover o balanço nitrogenado positivo, quando associado ao
treinamento físico; (2) rápida absorção, quer dizer, maior biodisponibilidade e
maiores resultados em massa muscular; (3) elevado teor de aminoácidos de cadeia
ramificada (BCAA), que participam efetivamente do processo de tradução de
proteínas contrácteis da musculatura esquelética; (4) livre de lactose em
alguns casos, ideais para indivíduos com intolerância à lactose; (5) rico em
glutamina, essencial para a biossíntese de nucleotídeos, detoxificação da
amônia, transferência de nitrogênio entre os órgãos, síntese de hexosaminas,
síntese e degradação proteica, modulação da resposta inflamatória, síntese de
glutationa, síntese do ácido gamma-aminobutírico (GABA), ureogênese e
gliconeogênese, manutenção do balanço ácido-básico, nutriente energético para
as células imunológicas e enterócitos, aumento do volume celular e
hipertrofia muscular; (6) rico em cisteína, ideal para aumentar o antioxidante
glutationa (GSH) e (7) impacto positivo à saúde e prevenção de doenças, já que
possuem lactoglobulinas (que otimizam o carreamento de retinol ou vitamina A e
promovem atividade antimicrobiana contra bactérias patogênicas), imunoglobulinas
(que fortalecem o sistema imunológico) e glicomacropeptídeos (GMP, que
estimulam a secreção de colecistoquinina ou CCK e do peptídeo similar ao
glucagon ou GLP-1, que são supressores do apetite, mantendo o controle do peso
corporal). Por fim, cabe destacar que a combinação
de suplementos contendo leucina (Whey Protein e BCAA, por exemplo) com
carboidratos (Gatorade, Maltodextrina, Dextrose, Waxy Maize, suco de frutas,
frutas, etc.) aumenta as concentrações de insulina e estimula a síntese proteica
pós-exercício em ratos e humanos. Enfim, que “placebo” dos bons este Whey
Protein, não é mesmo?!
59.
YOHIMBINA
A Yohimbina (ou Ioimbina) é outra substância
curiosa, pouco estudada e que vem aparecendo em alguns suplementos esportivos,
principalmente importados. O princípio ativo é extraído da planta African
pausinystalia yohimbe. Possui
efeito vasodilatador, usado como medicamento para tratar baixa libido e
disfunção erétil. Porém, pode causar náusea, tontura, nervosismo, ansiedade,
sonolência e problemas estomacais. Curiosamente a substância tem sido associada
à redução dos depósitos de gordura resistentes às dietas de emagrecimento e
exercício, principalmente em coxas, quadris e glúteos nas mulheres. Tais locais
possuem alta concentração de receptores a-2-adrenérgicos
e poucos receptores b-adrenérgicos,
o que torna tais zonas difíceis de mobilização. Alguns trabalhos mostram que a
Ioimbina inibe receptores a-2-adrenérgicos,
aumenta a secreção de norepinefrina e causa vasodilatação, facilitando a
mobilização de gordura nestes locais. Não há consenso quanto à dosagem, embora
se observe 5 mg/dia distribuídos em 3-4 vezes ao dia.
60.
ZMA
ZMA
é a sigla usada para descrever os suplementos alimentares que possuem
essencialmente os minerais zinco e magnésio, embora a piridoxina (vitamina B6)
também costuma estar presente nestes produtos. Em relação ao zinco, destaco o
trabalho de conclusão de curso (TCC) de Tássia Rolim Camargo, entitulado “Efeitos do zinco sobre a resposta inflamatória mediada pelo fator nuclear
kappa B e sua relação com as lesões em jogadores de futebol profissional”, do Curso de Nutrição do Centro Universitário La Salle -
Unilasalle, que tive a honra de orientar em 2011. O corpo humano possui
cerca de 3 g deste mineral, sendo considerado o menos tóxico de todos os
minerais. O zinco participa como cofator enzimático de mais de 190 reações químicas,
incluindo DNA e RNA polimerase, superóxido dismutase (SOD) citossólica, álcool-desidrogenase,
anidrase carbônica, fosfatase alcalina, carboxipeptidases, enzima conversora da
angiotensina (ECA), reações para síntese de hormônio do crescimento (GH), entre
outras. Embora este mineral tenha funções nobres à saúde (como promoção do
crescimento normal, proteção contra a hipertrofia prostática, resposta
imunológica e atividade insulínica normal), ficou famoso por seu papel em
aumentar a massa muscular em funções de uma maior secreção de testosterona e
GH. A Recommended Dietary Allowances (RDA) para zinco é de 15 mg/dia,
embora alguns estudos sugiram 0,43 mg/kg de peso/dia (Ex.: 0,43 x 80 kg = 34,4
mg/dia). Já o magnésio participa na regulação de funções cardíacas, transporte
de nutrientes, regulação do humor e balanço dos níveis de sódio e potássio nas
células. É importante para a conversão de macronutrientes (carboidratos,
lipídeos e proteínas) em energia. Afinal, o magnésio participa de mais de 400
enzimas no organismo, principalmente aquelas que hidrolisam os fosfatos
(fosfatases) e geram de adenosina trifosfato (ATP). Sua deficiência prejudica
transmissão do impulso nervoso e contração muscular. A RDA para magnésio é de 350
mg/dia para homens e 280 mg/dia para mulheres. A base teórica para o ZMA é
formidável, mas poderíamos nos perguntar: Porque entre as 190 reações químicas
zinco-dependentes ou as 400 reações magnésio-dependentes o organismo iria
buscar do suplemento ZMA justamente as reações envolvidas na hipertrofia
muscular? Creio que deixei duas pulgas atrás da orelha do caro leitor, uma do
zinco na direita e outra do magnésio na esquerda.
Enfim, espero que esta
postagem lhe tenha sido útil. Mas, lembre-se: O profissional nutricionista é
responsável pela prescrição de suplementos nutricionais, amparado pela Lei
8.234 de 17 de Setembro de 91. A RDC 18/2010, a resolução CFN 390/2006 e
portaria 40/1998 da ANVISA garantem nossa atuação e responsabilidades em
Nutrição em Esportes. Entre em contato para maiores informações, palestras e
eventos ou para agendar sua consulta nutricional (peraltanutri@gmail.com ou joelsoperalta@hotmail.com).