quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

ENEMA DE CAFÉ: UM PROCEDIMENTO BIZARRO E SEM COMPROVAÇÃO

 


SE TEM GENTE PARA COMPRAR, SEMPRE VAI TER GENTE PARA VENDER, MESMO QUE NÃO TENHA SERVENTIA ALGUMA

O episódio anedótico de uma famosa brasileira (e com certeza ela não foi a única) que fez uso de enema de café (ou seja, introdução de café por via retal) para tratar rosácea (doença de pele crônica no rosto) e alergia me deixou pensativo: se tem gente (pessoas leigas, mas também pessoas instruídas) para comprar tratamentos alternativos e bizarros, então sempre teremos gente (profissionais de saúde ou “experts” graduado em nada com coisa nenhuma) para vender tais bizarrices ineficazes.

Sendo assim, sobre o enema de café, vamos ao PRIMEIRO FATO:

A ciência nunca esteve interessada em seu ânus e nenhum pesquisador ou cientista gosta de meter a mão na M* durante seus estudos. É muito mais confortável, digamos assim, realizar experimentos com células (in vitro) ou com animais e humanos (in vivo) do que analisar excrementos, fezes, cocô. Não disse, contudo, que fazer pesquisa (in vitro ou in vivo) seja fácil (muito pelo contrário, não faça confusão), mas estou apenas dizendo que eu, você e muito pesquisador não quer estudar o ânus e cocô.

Ao mesmo tempo, o interesse pela microbiota/microbioma e sua relação saúde-doença, especialmente na área de nutrição, aumentou grandemente. Neste sentido, mesmo sem meter a mão na M*, os estudiosos querem entender melhor o funcionamento do intestino e sua relação com microorganismos. Afinal, pelo que dizem, seu intestino é seu “segundo cérebro” (em outro post podemos falar melhor do eixo intestino-cérebro). Neste sentido, durante as consultas (médicas ou nutricionais), já é comum observar profissionais de saúde questionando seus pacientes sobre a aparência das fezes: Duras ou moles? Parecem caroços ou salsichas? Aquosas ou líquidas? Enfim, aplicação da Escala (de fezes) de Bristol.

Quer dizer, agora estão interessados em nosso “orifício circular localizado região glútea”, responsável pela eliminação das fezes?

Talvez sim, talvez não. Porém, vamos ao SEGUNDO FATO:

Curandeiros e charlatões, bem como picaretas de plantão, vão aproveitar sua ignorância para faturar alto e, você, vai até enfiar 1 ou 2 litros de café no c* sem nem perceber tamanha imbecilidade.

Peraí, professor, imbecilidade? E as alegações para a terapia de enema de café?

Que bom que perguntou, pois vamos justamente aborda-las aqui,

Muita gente gosta de café. Alguns são até “viciados” em café. Outros acham “elegante” tomar um cafezinho. Outros vão entupir o c* de café (no sentido fictício agora), como diria minha vovozinha, e vão ter insônia. Porém, em pleno 2021, alguns vão trocar o consumo de café por via oral para seu consumo via anal. Isso me deixa perplexo, mas vamos discutir a temática.

Para os defensores (sim, defensores em sites, blogs e redes sociais, acreditem) dessa prática “indefensável”, o enema de café é milenar. Quer dizer, o procedimento é praticado na Índia há mais de 200 anos. Curioso, pois “dizem” (dizem porque nunca estive na Índia) que as receitas indianas são maravilhosas, onde o café da manhã típico contém pão de batata (Aloo Paratha) e pão frito com batata refogada (Bedmi Puri e Aloo Sabzi). Outros pratos, consumidos durante o dia, incluem o salgado de cebola (Pyaaz ki kachori), o pão frito com lentilha (Luchi-cholar Dal), o pão com beringela defumada (Sattu ka Paratha), os flocos de arroz com doce frito (Poha-Jalebi), os flocos de arroz com cebola (Kanda Poha), o bolinho salgado (Dhokla), o crepe fino de farinha de arroz (Neer Dosa) e a panqueca de farinha de arroz com curry de leite de coco vegetariano (Appam com vegetais ao curry de leite de coco). Porém, jamais ouvi falar que o café da manhã e outras refeições (por via oral) tinham sido substituídas por café introduzido via retal (por via anal).  

Os defensores também afirmam que Hipócrates, o “Pai da Medicina”, prescrevia enemas para inúmeras situações de saúde. Olhem, cadê as provas deste argumento? Existem muitas “coisas” atribuídas à Hipócrates, mas que não são exatamente do Pai da Medicina. Hipócrates usava, realmente, instrumentos via retal para detectar doenças e estabelecer alguns diagnósticos médicos, mas qual prova que introduzia 1 ou 2 litros de café no ânus das pessoas para curar o câncer, rosácea ou alergias?

Enfim, o pensamento de algumas pessoas é bastante limitado, ou seja, se é milenar e prescrito por autoridade, então só pode ser bom. Todavia, lamento informar, mas É-Ó-B-V-I-O-Q-U-E-N-Ã-O. Não estou dizendo que Hipócrates errou, só estou pedindo provas do uso de enema de café para curar câncer, rosácea e alergia, realizado por Hipócrates. Além disso, lamento dizer, mas os grandes gênios também erram. Charles Darwin, Albert Einstein e Linus Pauling, que são geniais, também erraram. Quer dizer, errar é humano (mas, talvez, persistir no erro é burrice). Somos seres pensantes, por favor, queremos estudos, queremos documentos, queremos provas científicas. “Palavras ao vento”, digamos assim, se perdem aos quatro cantos e não possuem validade.

Alguns defensores do enema de café insistem: o procedimento foi usado durante a Primeira Guerra Mundial para melhorar a saúde dos soldados. GENTEEE querida, por favor, se o indivíduo está no meio de uma guerra, passando fome, sem dormir direito, ele vai preferir enfiar café na boca ou no c*? E, mesmo que assim fosse feito, o objetivo seria curar o câncer, rosácea ou alergia? Vamos pensar antes de abrir da boca, please.

Já que os argumentos acima são fracos e anedóticos, sem nenhuma comprovação de eficácia, os defensores rebatem: o enema de café é baseado na Terapia de Gerson. Já ouviu falar disso? Não, então continue lendo.

O médico alemão Dr. Max Gerson (1881-1959) pode ter dado origem a terapia com enema de café para o tratamento do câncer, o que foi descrito em seu livro (que não é artigo científico aos desavisados): “A Cancer Therapy: Results of 50 Cases”. O livro foi publicado em 1958 e traz o relato de casos de 50 casos. Nem precisaria falar isso, mas vamos lá: existe uma coisa chamada Nível de Evidência Científica, que pode ser representada em uma Pirâmide de Evidência. Neste caso, as evidências mais poderosas (alto nível de evidência) são ditas nível A (1A = revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados ou RCT; e 1B = ensaio clínico controlado e randomizado com intervalo de com confiança estreito), enquanto que aquelas de baixíssima evidência são de nível C (relato de caso, incluindo coorte ou caso-controle) e D (opinião desprovida de avaliação crítica). Alguns estudiosos, pesquisadores e cientistas afirmam, inclusive, não existir evidência em relato de caso ou opinião de especialista, justamente porque precisamos mensuras tais “evidências”. Se você estudar um pouquinho de epidemiologia e bioestatística, vai entender melhor o que estou falando. Ao mesmo tempo, é óbvio, também, que relato de casos e opinião de especialista pode ser provida de “conflito de interesse”, os quais deveriam (mas nem sempre o fazem) declarados no estudo. Sabendo disso, continuamos a discussão sobre a Terapia de Gerson.

Os resultados da Terapia de Gerson jamais foram publicados em uma revista científica séria, devidamente revisada por pares. Aliás, “o pessoal” (pesquisadores e cientistas) da época não levaram “muita fé” nas ideias e falácias do Dr. Gerson, que até perdeu seu título médico durante um determinado período de tempo. Dr. Gerson alegou que ninguém quis publicar seus dados (por que será, mano?). Dr. Gerson acabou falecendo 1959 de pneumonia. Após sua morte, sua filha, Charlotte Gerson (1922-2019), continuou promovendo a terapia com a fundação do Instituto Gerson. Quer dizer, mesmo sem comprovação científica documentada, milhares de pessoas poderiam conhecer a medicina alternativa com enema de café (e outros tratamentos alternativos) promovido pela Instituição. É impressionante, não é mesmo? Peraí, pois não acabou.

A Terapia de Gerson e o Instituto Gerson tomaram xeque-mate quando o Instituto Nacional do Câncer (INCA) revisou o livro do Dr. Gerson e concluiu não existir qualquer evidência para as alegações apresentadas. Charlotte Gerson diz ter levado os prontuários médicos dos curados de câncer pela Terapia de Gerson, mas a indústria farmacêutica não estaria interessada nos resultados de cura. HUMMM, teoria da conspiração? Perseguição? É normal observar esse tipo de comportamento, favorável as teorias conspiracionistas, quando suas ideias não são aceitas, não é mesmo? Todavia, como vamos aceitar estratégias mirabolantes, invencionices e maluquices sem qualquer comprovação científica e dados que possam ser reproduzidos? A ciência também não se fez com pequeníssima amostra, baseada em opinião de especialista, portanto, só nos resta continuar o debate, enquanto vou tomar um café por via oral (rs).

De qualquer forma, a American Cancer Society (ACS) e Cancer Research UK também afirmaram não existir evidência científica sobre a terapia Gerson no tratamento do câncer. Para maiores detalhes, vejam a publicação da American Cancer Society (ACS) sobre a Terapia de Gerson: “Unproven methods of cancer management. Gerson method of treatment for cancer. CA Cancer J Clin 23 (5): 314-7, 1973” (ou seja, posicionamento sobre os métodos não comprovados de gerenciamento do câncer pelo Dr. Gerson). AHHH, não acabou.

Segundo Dr. PhD. Edzard Ernst (que dispensa apresentações): “A Terapia Gerson: possivelmente o pior de charlatão de todos”. Aconselho, portanto, acompanhar o Dr. Edzard Ernst e ler, pelo menos, um dos seus inúmeros estudos publicados: “Edzard Ernst. Colonic irrigation and the theory of autointoxication: a triumph of ignorance over science. J Clin Gastroenterol 24 (4): 196-8, 1997”. Quer dizer, segundo Dr. Ernst: “Existe um triunfo da ignorância sobre a ciência”.

Neste momento crucial da leitura, você deveria se perguntar:

Como defender um procedimento sem estudos pré-clínicos?

Como defender um procedimento sem ensaios clínicos randomizados?

Como defender um procedimento baseado em relato de caso não publicado?

Como defender um procedimento condenado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), American Cancer Society (ACS) e Cancer Research UK?

Como defender um procedimento criticado por Dr. PhD. Edzard Ernst, que passou a vida estudando a medicina alternativa à luz da ciência, ou seja, colocando a medicina baseada em evidências em nossa cabeças?

Como defender um procedimento que diz curar o câncer (sem comprovação) se existem inúmeros e diferentes tipos de câncer, inclusive em diferentes locais do corpo?

Como você caiu nessa de enema de café em pleno ano de 2021, onde vivemos a pandemia de Covid-19? Não tem coisa melhor para se preocupar?

KEEP CALM (mantenha a calma), pois agora chegamos no TERCEIRO FATO:

Se tem alguém para comprar, sempre teremos alguém para vender, mesmo sem serventia alguma do procedimento vendido. Mas, professor, qual mecanismo é alegado para o uso de café no ânus? Creio que faltou discutir isso, não é? Claro, faltou sim. Vamos lá, mas pega um “cafezinho” para ficar “ligado”, porém por via oral, please.

Buenas, agora começa o “ENROLATION” por parte dos defensores do enema de café, onde alguns simplesmente exercem a estratégia do “copia e cola” (CRTL C e CTRL V) dos colegas. Em outras palavras, existe um personagem da comédia brasileira que pode ilustrar muito bem minha explicação: o senhor Rolando Lero, conhecem? Rolando Lero é um dos personagens brasileiros da famosa “Escolinha do Professor Raimundo”, criada pelo humorista Chico Anysio (1931-2012). O personagem Rolando Lero é interpretado pelo humorista Rogério Cardoso Furtado (1937-2003) na série original; e por Marcelo França Adnet na versão de 2015. Enfim, Rolando Lero "ENROLAVA", mas nunca respondia às perguntas (rsrs). Da mesma forma, os defensores do enema de café “ENROLAM”, mas não explicam nada e não provam coisa nenhuma.

Retomando a pergunta: qual mecanismo de ação para usar café no ânus? Segundo defensores do tipo “Rolando Lero”, o enema de café teria um efeito “detox” no organismo. Ou seja, seria capaz de detoxificar ou desintoxicar o organismo, eliminando determinadas substâncias tóxicas. E quais substâncias tóxicas estão se referindo? Óbvio que os defensores do enema de café não explicam (ou não sabem), mas tudo bem, vamos continuar. Essas substâncias tóxicas seriam, posteriormente, eliminadas nas fezes ou urina. Segundo eles, essas substâncias precisam ser eliminadas, por podem causar males, inclusive o câncer. Ao mesmo tempo, alegam que a cafeína possui antioxidantes, que podem “varrer” radicais livres. E, por fim, alegam que o café possui palmitatos, os quais estimulariam o fígado para produzir GST (glutationa-S-transferase). Essa enzima seria responsável pela remoção de radicais livres, promover detoxificação hepática e ação anticâncer. Impressionante, não é mesmo? Porém, vamos aos fatos.

Primeiro, me respondam, por favor: o café foi ingerido (via oral) ou introduzido via anal? Se for via oral (cavidade bucal), então seus componentes (antioxidantes e palmitatos) poderiam chegar ao fígado, onde podem ser metabolizados. Neste caso, poderíamos esperar algum efeito, que pode ser positivo ou negativo. Todavia, se o café foi inserido no ânus (via retal), como foi parar no fígado? AINNN, mas você pode alegar que teve absorção intestinal, não é? Porém, como foi facilmente absorvido se o mesmo foi inserido no intestino grosso e não intestino delgado? Não seria o intestino delgado o local de maior capacidade absortiva para a grande maioria dos nutrientes e outras substâncias? Bah, estou sendo chato? Tudo bem, continuamos.

Segundo, vamos assumir que o café introduzido no ânus faça as pessoas “correrem” ao vaso sanitário (e realmente ocorre após 15 minutos de procedimento ou, até mesmo, em menor tempo). Então, seria essa “diarreia de café” capaz de limpar (lavagem local) e eliminar as substâncias tóxicas potencialmente danosas ao organismo? Se sim, quais são as substâncias tóxicas e porque seriam danosas? Ainda, como se comportaria o balanço de bactérias colônicas no intestino grosso após essa enxurrada de café? Você sabia que existem bactérias “boas” e “ruins”, onde o desbalanço ou desequilíbrio destas é um problema?

Terceiro, como o café introduzido no ânus, via intestino grosso, ganhou o sangue e chegou no fígado, por favor? Além disso, como isso poderia aumentar a enzima glutationa-S-transferase (GST) no fígado?

CARACAS, são muitas informações desconexas e anedóticas, sem qualquer sentido fisiológico ou bioquímico. Como sou amigo de vocês, vamos rapidamente esclarecer alguns pontos.

Primeiro, a absorção no intestino delgado é facilitada pela presença de microvilosidades (borda em escova), o que não ocorre no intestino grosso (cólon). Neste sentido, o intestino grosso se limita em absorver água e íons.

Segundo, o sistema excretor humano (via excreção urinária e fecal) é capaz de eliminar algumas substâncias tóxicas endógenas, incluindo amônia, ácido úrico, creatinina e uréia. Estes são eliminados via excreção renal, enquanto que alguns resíduos e bactérias são eliminados via excreção fecal. Algumas substâncias exógenas, digamos “restos de medicamentos”, podem ser eliminadas via renal e/ou fecal.  

Terceiro, GST (glutationa-S-transferase) faz parte do Sistema de Metabolização de Xenobióticos de Fase II no tecido hepático, que catalisa a conjugação de glutationa (GSH) a uma variedade de substratos hidrofóbicos e eletrofílicos (que geralmente seriam citotóxicos), que podem ser eliminados. Afinal, formam-se conjugados solúveis em água, reduzindo qualquer toxicidade de uma determinada substância. Ao mesmo tempo, GST pode reduzir o peróxido de hidrogênio (H2O2) e peróxidos lipídicos, envolvidos em processo oxidativos prejudiciais ao organismo.

Quarto, a cafeína (via oral, não anal) possui rápida absorção intestinal (intestino delgado) e pico sanguíneo dentro de 15 ou 20 minutos (o que parece justificar seu uso no período que antecede o treinamento, por exemplo). É metabolizada no fígado em três metilxantinas: a paraxantina, a teofilina e a teobromina. Pode ser considerado um estimulante do sistema nervoso central (SNC), reduzindo a percepção da fadiga. Além disso, parece aumentar as concentrações do neurotransmissor dopamina (DA), o que estaria relacionado às sensações de prazer. Alega-se que cafeína estimula o processo lipolítico por inibição da enzima fosfodiestarase, responsável pela degradação da norepinefrina (NE), o que teria bastante lógica. Quer dizer, o efeito adrenérgico da epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) se dão pela formação de adenosina monofosfato cíclico (AMPc), que após uma cascata de reações dominadas por proteínas-quinases ativam a lipase hormônio sensível (LHS). A LHS é a enzima responsável pela degradação do triglicerídeo (TG) em ácidos graxos, os quais são completamente oxidados na mitocôndria para a geração de energia. Estes processos são conhecidos bioquimicamente como lipólise (degradação do TG) e beta-oxidação dos ácidos graxos (geração de energia a partir de gordura). O efeito adrenérgico é normalmente interrompido pela degradação do AMPc em 5’-AMP pela fosfodiesterase. Assim, a inibição da fosfodiestarase pela cafeína levaria à promoção do emagrecimento (lipólise), justamente porque o AMPc e a norepinefrina (NE) não são degradados. Lembro, também, que a cafeína tem meia-vida de 2 até 4 horas e, sendo assim, deve-se evitar a associação de suplementos contendo cafeína com cafezinho. Exemplos: 150 ml de café expresso tem 125-165 mg de cafeína; bebidas energéticas pode conter até 80 mg de cafeína; refrigerantes tipo Coca-Cola tem 19 mg de cafeína e refrigerante tipo Coca-Cola light tem 26 mg de cafeína. E, até mesmo o chocolate escuro, contém 20 mg de cafeína. Alguns suplementos esportivos têm 100, 200, 300 e até 400 mg de cafeína (cuidado). A recomendação de uso para cafeína é de 3 a 4 mg/kg de peso corporal/dia (Exemplo: Uma mulher de 55 kg só poderia ingerir 165 mg/dia de cafeína, ou seja, 55 kg x 3 mg = 165 mg). O excesso de cafeína (via oral, please), pode trazer efeitos colaterais: taquicardia, dilatação da pupila, aumento da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, arritmia, tremores, ansiedade, nervosismo, alucinação, insônia, aumento do volume urinário, secreção aumentada de ácido gástrico e pepsina e “vício da cafeína”.

Com base nisso, vamos de novo:

Como o café via anal chegou ao fígado?

Como o café via anal aumentou GST?

Como o café anal eliminou substâncias tóxicas e quais são elas?

Como provar tudo isso se não existem dados científicos devidamente publicados sem “Rolando Lero”?

Conclui-se, portanto, que você deve ter muito cuidado com as pessoas e redes sociais que anda de “conectando” ou vai acabar enfiando café em qualquer orifício não adaptado para tal finalidade.

Ao mesmo tempo, pensem comigo: depois de todos estes anos, desde a Terapia Gerson de 1950, como não temos nenhum estudo sério publicado sobre o assunto em 2021? Mesmo assim, você prefere enfiar café no ânus e, pior, pagar caro ($$$) por isso? Por que as pessoas, famosas ou não, gastam fortunas com tratamentos alternativos, bizarros e ineficazes? Por que as pessoas acreditam em curandeiros, charlatões e picaretas? E que tipo de profissional de saúde é você, que defende tais procedimentos estapafúrdios? Se você é profissional de saúde, por acaso, perdeu as aulas de bioquímica, fisiologia, imunologia, epidemiologia e bioestatística? Coitado do fígado e dos rins, que perderam seus papéis “detox" do organismo (rs), não é mesmo?  

Neste momento crítico, chegamos, finalmente, ao QUARTO FATO, que é o último:

Como reconhecer um profissional de saúde PICARETA (que é uma pessoa desonesta e de má índole) e um profissional de saúde CHARLATÃO (que é uma pessoa dita curandeiro e que lhe apresenta cápsulas mágicas e soluções milagrosas)? As informações abaixo são para reconhecimento de profissionais de saúde picaretas e charlatões, pois reconhecer falsos curandeiros leigos, como o famoso João de Deus (também chamado de João Curador ou João de Abadiânia ou John of God) é fácil. Ou melhor, não é tão fácil, pois muita gente acreditou no João de Abadiânia por anos e anos. Finalmente, o criminoso curandeiro e médium João de Deus foi pego com as “calças na mão”, por assim dizer, e encontra-se sob prisão (embora foi preso somente em dezembro de 2018, ou seja, tardiamente, pois aos 79 anos de idade vai cumprir o quê de prisão?). Mas, beleza, preste atenção neste checklist para não cair nas mãos de picaretas e charlatões:

1.    Todo PICARETA e CHARLATÃO que se preze, cobra bem caro por sua consulta ou consultoria, especialmente na primeira consulta, pois ele pode ser desmascarado em seguida (mas aí você já perdeu seu dinheiro);

2.    Todo PICARETA e CHARLATÃO odeia quando é desafiado ou questionado, pois não teria como responder suas dúvidas e, assim, sua cara de malvado ou de raiva assusta você (e traz uma segurança ou tranquilidade interna para esse pobre cidadão malfeitor);

3.    Todo PICARETA e CHARLATÃO tenta inventar uma “roda quadrada”, aquela que você nunca ouviu falar, mas ficou refletindo sobre essa possibilidade. Criam-se, assim, maluquices e invencionices, garantindo mais discípulos ou seguidores em redes sociais;

4.    Todo PICARETA e CHARLATÃO, quando desmascarado, não aceita seu erro e colocará a culpa em você (isso mesmo). Por vezes, colocam a culpa na indústria farmacêutica, no governo, na ciência que não escuta suas baboseiras. Neste sentido, você errou por não seguir o plano alimentar monótono e monocromático. Você errou por ter perdido um ou outro treino. Você errou por ter usado o medicamento de forma errada. Você errou porque não completou o tratamento de enfiar café no c*. Enfim, você errou, pois não cumpriu os ensinamentos deste “falso guru” ou “pseudo-sábio”;

5.    Todo PICARETA e CHARLATÃO que se preze, nos dias atuais, tem um excelente Site ou Blog. Tem milhares de seguidores no Face e Instagram. Se comunica diariamente no Twitter. Os mesmos exibem fama e fortuna, pois “pessoas que aparentam sucesso só podem ter dado certo na vida”. Exibem um largo sorriso no rosto, como se todos os problemas do mundo não afetassem esta nobre espécie humanóide. A regra é simples: “Fale mal, mas fale de mim”.

Em suma:

"Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo".

Então:

Espero ter ajudado, pois tudo começa por VOCÊ e suas ESCOLHAS.