SE TEM GENTE PARA COMPRAR, SEMPRE VAI TER GENTE PARA
VENDER, MESMO QUE NÃO TENHA SERVENTIA ALGUMA
O
episódio anedótico de uma famosa brasileira (e com certeza ela não foi a única)
que fez uso de enema de café (ou
seja, introdução de café por via retal) para tratar rosácea (doença de pele
crônica no rosto) e alergia me deixou pensativo: se tem gente (pessoas leigas,
mas também pessoas instruídas) para comprar tratamentos alternativos e bizarros,
então sempre teremos gente (profissionais de saúde ou “experts” graduado em
nada com coisa nenhuma) para vender tais bizarrices ineficazes.
Sendo
assim, sobre o enema de café, vamos ao PRIMEIRO
FATO:
A
ciência nunca esteve interessada em seu ânus e nenhum pesquisador ou cientista
gosta de meter a mão na M* durante seus estudos. É muito mais confortável,
digamos assim, realizar experimentos com células (in vitro) ou com animais e humanos (in vivo) do que analisar excrementos, fezes, cocô. Não disse,
contudo, que fazer pesquisa (in vitro ou
in vivo) seja fácil (muito pelo
contrário, não faça confusão), mas estou apenas dizendo que eu, você e muito pesquisador
não quer estudar o ânus e cocô.
Ao
mesmo tempo, o interesse pela microbiota/microbioma e sua relação saúde-doença,
especialmente na área de nutrição, aumentou grandemente. Neste sentido, mesmo
sem meter a mão na M*, os estudiosos querem entender melhor o funcionamento do
intestino e sua relação com microorganismos. Afinal, pelo que dizem, seu
intestino é seu “segundo cérebro”
(em outro post podemos falar melhor do eixo intestino-cérebro). Neste sentido,
durante as consultas (médicas ou nutricionais), já é comum observar
profissionais de saúde questionando seus pacientes sobre a aparência das fezes:
Duras ou moles? Parecem caroços ou salsichas? Aquosas ou líquidas? Enfim,
aplicação da Escala (de fezes) de Bristol.
Quer
dizer, agora estão interessados em nosso “orifício circular localizado região
glútea”, responsável pela eliminação das fezes?
Talvez
sim, talvez não. Porém, vamos ao SEGUNDO
FATO:
Curandeiros
e charlatões, bem como picaretas de plantão, vão aproveitar sua ignorância para
faturar alto e, você, vai até enfiar
1 ou 2 litros de café no c* sem nem perceber tamanha imbecilidade.
Peraí,
professor, imbecilidade? E as alegações para a terapia de enema de café?
Que
bom que perguntou, pois vamos justamente aborda-las aqui,
Muita
gente gosta de café. Alguns são até “viciados” em café. Outros acham “elegante”
tomar um cafezinho. Outros vão entupir o c* de café (no sentido fictício agora),
como diria minha vovozinha, e vão ter insônia. Porém, em pleno 2021, alguns vão
trocar o consumo de café por via oral para seu consumo via anal. Isso me deixa
perplexo, mas vamos discutir a temática.
Para
os defensores (sim, defensores em sites, blogs e redes sociais, acreditem)
dessa prática “indefensável”, o enema de café é milenar. Quer dizer, o procedimento
é praticado na Índia há mais de 200 anos. Curioso, pois “dizem” (dizem porque
nunca estive na Índia) que as receitas indianas são maravilhosas, onde o café
da manhã típico contém pão de batata (Aloo Paratha) e pão frito com batata
refogada (Bedmi Puri e Aloo Sabzi). Outros pratos, consumidos durante o dia,
incluem o salgado de cebola (Pyaaz ki kachori), o pão frito com lentilha
(Luchi-cholar Dal), o pão com beringela defumada (Sattu ka Paratha), os flocos
de arroz com doce frito (Poha-Jalebi), os flocos de arroz com cebola (Kanda
Poha), o bolinho salgado (Dhokla), o crepe fino de farinha de arroz (Neer Dosa)
e a panqueca de farinha de arroz com curry de leite de coco vegetariano (Appam
com vegetais ao curry de leite de coco). Porém, jamais ouvi
falar que o café da manhã e outras refeições (por via oral) tinham sido
substituídas por café introduzido via retal (por via anal).
Os
defensores também afirmam que Hipócrates, o “Pai da Medicina”, prescrevia
enemas para inúmeras situações de saúde. Olhem, cadê as provas deste argumento?
Existem muitas “coisas” atribuídas à Hipócrates, mas que não são exatamente do
Pai da Medicina. Hipócrates usava, realmente, instrumentos via retal para
detectar doenças e estabelecer alguns diagnósticos médicos, mas qual prova que introduzia
1 ou 2 litros de café no ânus das pessoas para curar o câncer, rosácea ou
alergias?
Enfim,
o pensamento de algumas pessoas é bastante limitado, ou seja, se é milenar e
prescrito por autoridade, então só pode ser bom. Todavia, lamento informar, mas
É-Ó-B-V-I-O-Q-U-E-N-Ã-O. Não estou dizendo que Hipócrates errou, só estou
pedindo provas do uso de enema de café para curar câncer, rosácea e alergia,
realizado por Hipócrates. Além disso, lamento dizer, mas os grandes gênios
também erram. Charles Darwin, Albert Einstein e Linus Pauling, que são geniais,
também erraram. Quer dizer, errar é humano (mas, talvez, persistir no erro é
burrice). Somos seres pensantes, por favor, queremos estudos, queremos
documentos, queremos provas científicas. “Palavras ao vento”, digamos assim, se
perdem aos quatro cantos e não possuem validade.
Alguns
defensores do enema de café insistem: o procedimento foi usado durante a
Primeira Guerra Mundial para melhorar a saúde dos soldados. GENTEEE querida,
por favor, se o indivíduo está no meio de uma guerra, passando fome, sem dormir
direito, ele vai preferir enfiar café na boca ou no c*? E, mesmo que assim
fosse feito, o objetivo seria curar o câncer, rosácea ou alergia? Vamos pensar
antes de abrir da boca, please.
Já
que os argumentos acima são fracos e anedóticos, sem nenhuma comprovação de
eficácia, os defensores rebatem: o enema de café é baseado na Terapia de Gerson.
Já ouviu falar disso? Não, então continue lendo.
O
médico alemão Dr. Max Gerson (1881-1959) pode ter dado origem a terapia com
enema de café para o tratamento do câncer, o que foi descrito em seu livro (que
não é artigo científico aos desavisados): “A Cancer Therapy: Results of 50
Cases”. O livro foi publicado em 1958 e traz o relato de casos de 50 casos. Nem
precisaria falar isso, mas vamos lá: existe uma coisa chamada Nível de Evidência Científica, que pode
ser representada em uma Pirâmide de Evidência. Neste caso, as evidências mais
poderosas (alto nível de evidência) são ditas nível A (1A = revisão sistemática
de ensaios clínicos randomizados ou RCT; e 1B = ensaio clínico controlado e
randomizado com intervalo de com confiança estreito), enquanto que aquelas de baixíssima
evidência são de nível C (relato de caso, incluindo coorte ou caso-controle) e
D (opinião desprovida de avaliação crítica). Alguns estudiosos, pesquisadores e
cientistas afirmam, inclusive, não existir evidência em relato de caso ou
opinião de especialista, justamente porque precisamos mensuras tais “evidências”.
Se você estudar um pouquinho de epidemiologia e bioestatística, vai entender
melhor o que estou falando. Ao mesmo tempo, é óbvio, também, que relato de
casos e opinião de especialista pode ser provida de “conflito de interesse”, os
quais deveriam (mas nem sempre o fazem) declarados no estudo. Sabendo disso,
continuamos a discussão sobre a Terapia de Gerson.
Os
resultados da Terapia de Gerson jamais foram publicados em uma revista
científica séria, devidamente revisada por pares. Aliás, “o pessoal”
(pesquisadores e cientistas) da época não levaram “muita fé” nas ideias e
falácias do Dr. Gerson, que até perdeu seu título médico durante um determinado
período de tempo. Dr. Gerson alegou que ninguém quis publicar seus dados (por
que será, mano?). Dr. Gerson acabou falecendo 1959 de pneumonia. Após sua
morte, sua filha, Charlotte Gerson (1922-2019), continuou promovendo a terapia
com a fundação do Instituto Gerson. Quer dizer, mesmo sem comprovação
científica documentada, milhares de pessoas poderiam conhecer a medicina
alternativa com enema de café (e outros tratamentos alternativos) promovido
pela Instituição. É impressionante, não é mesmo? Peraí, pois não acabou.
A
Terapia de Gerson e o Instituto Gerson tomaram xeque-mate quando o Instituto
Nacional do Câncer (INCA) revisou o livro do Dr. Gerson e concluiu não existir
qualquer evidência para as alegações apresentadas. Charlotte Gerson diz ter
levado os prontuários médicos dos curados de câncer pela Terapia de Gerson, mas
a indústria farmacêutica não estaria interessada nos resultados de cura. HUMMM,
teoria da conspiração? Perseguição? É normal observar esse tipo de
comportamento, favorável as teorias conspiracionistas, quando suas ideias não
são aceitas, não é mesmo? Todavia, como vamos aceitar estratégias mirabolantes,
invencionices e maluquices sem qualquer comprovação científica e dados que
possam ser reproduzidos? A ciência também não se fez com pequeníssima amostra,
baseada em opinião de especialista, portanto, só nos resta continuar o debate, enquanto
vou tomar um café por via oral (rs).
De
qualquer forma, a American Cancer Society (ACS) e Cancer Research UK também afirmaram
não existir evidência científica sobre a terapia Gerson no tratamento do
câncer. Para maiores detalhes, vejam a publicação da American Cancer Society
(ACS) sobre a Terapia de Gerson: “Unproven methods of cancer management. Gerson
method of treatment for cancer. CA Cancer J Clin 23 (5): 314-7, 1973” (ou seja,
posicionamento sobre os métodos não comprovados de gerenciamento do câncer pelo
Dr. Gerson). AHHH, não acabou.
Segundo
Dr. PhD. Edzard Ernst (que dispensa apresentações): “A Terapia Gerson:
possivelmente o pior de charlatão de todos”. Aconselho, portanto, acompanhar o
Dr. Edzard Ernst e ler, pelo menos, um dos seus inúmeros estudos publicados: “Edzard
Ernst. Colonic irrigation and the theory of autointoxication: a triumph of
ignorance over science. J Clin Gastroenterol 24 (4): 196-8, 1997”. Quer dizer,
segundo Dr. Ernst: “Existe um triunfo da ignorância sobre a ciência”.
Neste
momento crucial da leitura, você deveria se perguntar:
Como
defender um procedimento sem estudos pré-clínicos?
Como
defender um procedimento sem ensaios clínicos randomizados?
Como
defender um procedimento baseado em relato de caso não publicado?
Como
defender um procedimento condenado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), American
Cancer Society (ACS) e Cancer Research UK?
Como
defender um procedimento criticado por Dr. PhD. Edzard Ernst, que passou a vida
estudando a medicina alternativa à luz da ciência, ou seja, colocando a
medicina baseada em evidências em nossa cabeças?
Como
defender um procedimento que diz curar o câncer (sem comprovação) se existem
inúmeros e diferentes tipos de câncer, inclusive em diferentes locais do corpo?
Como
você caiu nessa de enema de café em pleno ano de 2021, onde vivemos a pandemia
de Covid-19? Não tem coisa melhor para se preocupar?
KEEP
CALM (mantenha a calma), pois agora chegamos no TERCEIRO FATO:
Se
tem alguém para comprar, sempre teremos alguém para vender, mesmo sem serventia
alguma do procedimento vendido. Mas, professor, qual mecanismo é alegado para o
uso de café no ânus? Creio que faltou discutir isso, não é? Claro, faltou sim. Vamos
lá, mas pega um “cafezinho” para ficar “ligado”, porém por via oral, please.
Buenas,
agora começa o “ENROLATION” por parte dos defensores do enema de café, onde
alguns simplesmente exercem a estratégia do “copia e cola” (CRTL C e CTRL V)
dos colegas. Em outras palavras, existe um personagem da comédia brasileira que
pode ilustrar muito bem minha explicação: o senhor Rolando Lero, conhecem?
Rolando Lero é um dos personagens brasileiros da famosa “Escolinha do Professor
Raimundo”, criada pelo humorista Chico Anysio (1931-2012). O personagem Rolando
Lero é interpretado pelo humorista Rogério Cardoso Furtado (1937-2003) na série
original; e por Marcelo França Adnet na versão de 2015. Enfim, Rolando Lero
"ENROLAVA", mas nunca respondia às perguntas (rsrs). Da mesma forma,
os defensores do enema de café “ENROLAM”, mas não explicam nada e não provam
coisa nenhuma.
Retomando
a pergunta: qual mecanismo de ação para usar café no ânus? Segundo defensores do
tipo “Rolando Lero”, o enema de café teria um efeito “detox” no organismo. Ou seja,
seria capaz de detoxificar ou desintoxicar o organismo, eliminando determinadas
substâncias tóxicas. E quais substâncias tóxicas estão se referindo? Óbvio que
os defensores do enema de café não explicam (ou não sabem), mas tudo bem, vamos
continuar. Essas substâncias tóxicas seriam, posteriormente, eliminadas nas
fezes ou urina. Segundo eles, essas substâncias precisam ser eliminadas, por
podem causar males, inclusive o câncer. Ao mesmo tempo, alegam que a cafeína
possui antioxidantes, que podem “varrer” radicais livres. E, por fim, alegam que
o café possui palmitatos, os quais estimulariam o fígado para produzir GST
(glutationa-S-transferase). Essa enzima seria responsável pela remoção de
radicais livres, promover detoxificação hepática e ação anticâncer. Impressionante,
não é mesmo? Porém, vamos aos fatos.
Primeiro,
me respondam, por favor: o café foi ingerido (via oral) ou introduzido via
anal? Se for via oral (cavidade bucal), então seus componentes (antioxidantes e
palmitatos) poderiam chegar ao fígado, onde podem ser metabolizados. Neste caso,
poderíamos esperar algum efeito, que pode ser positivo ou negativo. Todavia, se
o café foi inserido no ânus (via retal), como foi parar no fígado? AINNN, mas
você pode alegar que teve absorção intestinal, não é? Porém, como foi
facilmente absorvido se o mesmo foi inserido no intestino grosso e não
intestino delgado? Não seria o intestino delgado o local de maior capacidade
absortiva para a grande maioria dos nutrientes e outras substâncias? Bah, estou
sendo chato? Tudo bem, continuamos.
Segundo,
vamos assumir que o café introduzido no ânus faça as pessoas “correrem” ao vaso
sanitário (e realmente ocorre após 15 minutos de procedimento ou, até mesmo, em
menor tempo). Então, seria essa “diarreia de café” capaz de limpar (lavagem
local) e eliminar as substâncias tóxicas potencialmente danosas ao organismo?
Se sim, quais são as substâncias tóxicas e porque seriam danosas? Ainda, como
se comportaria o balanço de bactérias colônicas no intestino grosso após essa enxurrada
de café? Você sabia que existem bactérias “boas” e “ruins”, onde o desbalanço
ou desequilíbrio destas é um problema?
Terceiro,
como o café introduzido no ânus, via intestino grosso, ganhou o sangue e chegou
no fígado, por favor? Além disso, como isso poderia aumentar a enzima glutationa-S-transferase
(GST) no fígado?
CARACAS, são muitas
informações desconexas e anedóticas, sem qualquer sentido fisiológico ou
bioquímico. Como sou amigo de vocês, vamos rapidamente esclarecer alguns
pontos.
Primeiro,
a absorção no intestino delgado é facilitada pela presença de microvilosidades
(borda em escova), o que não ocorre no intestino grosso (cólon). Neste sentido,
o intestino grosso se limita em absorver água e íons.
Segundo,
o sistema excretor humano (via excreção urinária e fecal) é capaz de eliminar
algumas substâncias tóxicas endógenas, incluindo amônia, ácido úrico,
creatinina e uréia. Estes são eliminados via excreção renal, enquanto que
alguns resíduos e bactérias são eliminados via excreção fecal. Algumas substâncias
exógenas, digamos “restos de medicamentos”, podem ser eliminadas via renal e/ou
fecal.
Terceiro,
GST (glutationa-S-transferase) faz parte do Sistema de Metabolização de Xenobióticos
de Fase II no tecido hepático, que catalisa a
conjugação de glutationa (GSH) a uma variedade de substratos hidrofóbicos e
eletrofílicos (que geralmente seriam citotóxicos), que podem ser eliminados.
Afinal, formam-se conjugados solúveis em água, reduzindo qualquer toxicidade de
uma determinada substância. Ao mesmo tempo, GST pode reduzir o peróxido
de hidrogênio (H2O2) e peróxidos lipídicos, envolvidos em
processo oxidativos prejudiciais ao organismo.
Quarto,
a cafeína (via oral, não anal) possui rápida absorção intestinal (intestino
delgado) e pico sanguíneo dentro de 15 ou 20 minutos (o que parece justificar
seu uso no período que antecede o treinamento, por exemplo). É metabolizada no
fígado em três metilxantinas: a paraxantina, a teofilina e a teobromina. Pode ser
considerado um estimulante do sistema nervoso central (SNC), reduzindo a
percepção da fadiga. Além disso, parece aumentar as concentrações do
neurotransmissor dopamina (DA), o que estaria relacionado às sensações de
prazer. Alega-se que cafeína estimula o processo lipolítico por inibição da
enzima fosfodiestarase, responsável pela degradação da norepinefrina (NE), o que
teria bastante lógica. Quer dizer, o efeito adrenérgico da epinefrina
(adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) se dão pela formação de adenosina
monofosfato cíclico (AMPc), que após uma cascata de reações dominadas por
proteínas-quinases ativam a lipase hormônio sensível (LHS). A LHS é a enzima
responsável pela degradação do triglicerídeo (TG) em ácidos graxos, os quais
são completamente oxidados na mitocôndria para a geração de energia. Estes
processos são conhecidos bioquimicamente como lipólise (degradação do TG) e
beta-oxidação dos ácidos graxos (geração de energia a partir de gordura). O
efeito adrenérgico é normalmente interrompido pela degradação do AMPc em 5’-AMP
pela fosfodiesterase. Assim, a inibição da fosfodiestarase pela cafeína levaria
à promoção do emagrecimento (lipólise), justamente porque o AMPc e a
norepinefrina (NE) não são degradados. Lembro, também, que a cafeína tem
meia-vida de 2 até 4 horas e, sendo assim, deve-se evitar a associação de
suplementos contendo cafeína com cafezinho. Exemplos: 150 ml de café expresso
tem 125-165 mg de cafeína; bebidas energéticas pode conter até 80 mg de
cafeína; refrigerantes tipo Coca-Cola tem 19 mg de cafeína e refrigerante tipo
Coca-Cola light tem 26 mg de cafeína. E, até mesmo o chocolate escuro, contém 20
mg de cafeína. Alguns suplementos esportivos têm 100, 200, 300 e até 400 mg de
cafeína (cuidado). A recomendação de uso para cafeína é de 3 a 4 mg/kg de peso
corporal/dia (Exemplo: Uma mulher de 55 kg só poderia ingerir 165 mg/dia de
cafeína, ou seja, 55 kg x 3 mg = 165 mg). O excesso de cafeína (via oral,
please), pode trazer efeitos colaterais: taquicardia, dilatação da pupila,
aumento da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, arritmia,
tremores, ansiedade, nervosismo, alucinação, insônia, aumento do volume
urinário, secreção aumentada de ácido gástrico e pepsina e “vício da cafeína”.
Com
base nisso, vamos de novo:
Como
o café via anal chegou ao fígado?
Como
o café via anal aumentou GST?
Como
o café anal eliminou substâncias tóxicas e quais são elas?
Como
provar tudo isso se não existem dados científicos devidamente publicados sem “Rolando
Lero”?
Conclui-se,
portanto, que você deve ter muito cuidado com as pessoas e redes sociais que
anda de “conectando” ou vai acabar enfiando café em qualquer orifício não
adaptado para tal finalidade.
Ao
mesmo tempo, pensem comigo: depois de todos estes anos, desde a Terapia Gerson
de 1950, como não temos nenhum estudo sério publicado sobre o assunto em 2021?
Mesmo assim, você prefere enfiar café no ânus e, pior, pagar caro ($$$) por
isso? Por que as pessoas, famosas ou não, gastam fortunas com tratamentos
alternativos, bizarros e ineficazes? Por que as pessoas acreditam em
curandeiros, charlatões e picaretas? E que tipo de profissional de saúde é
você, que defende tais procedimentos estapafúrdios? Se você é profissional de
saúde, por acaso, perdeu as aulas de bioquímica, fisiologia, imunologia,
epidemiologia e bioestatística? Coitado do fígado e dos rins, que perderam seus
papéis “detox" do organismo (rs), não é mesmo?
Neste
momento crítico, chegamos, finalmente, ao QUARTO
FATO, que é o último:
Como
reconhecer um profissional de saúde PICARETA (que é uma pessoa desonesta e de
má índole) e um profissional de saúde CHARLATÃO (que é uma pessoa dita
curandeiro e que lhe apresenta cápsulas mágicas e soluções milagrosas)? As
informações abaixo são para reconhecimento de profissionais de saúde picaretas
e charlatões, pois reconhecer falsos curandeiros leigos, como o famoso João de
Deus (também chamado de João Curador ou João de Abadiânia ou John of God) é
fácil. Ou melhor, não é tão fácil, pois muita gente acreditou no João de
Abadiânia por anos e anos. Finalmente, o criminoso curandeiro e médium João de
Deus foi pego com as “calças na mão”, por assim dizer, e encontra-se sob prisão
(embora foi preso somente em dezembro de 2018, ou seja, tardiamente, pois aos
79 anos de idade vai cumprir o quê de prisão?). Mas, beleza, preste atenção
neste checklist para não cair nas
mãos de picaretas e charlatões:
1.
Todo
PICARETA e CHARLATÃO que se preze, cobra bem caro por sua consulta ou
consultoria, especialmente na primeira consulta, pois ele pode ser desmascarado
em seguida (mas aí você já perdeu seu dinheiro);
2.
Todo
PICARETA e CHARLATÃO odeia quando é desafiado ou questionado, pois não teria
como responder suas dúvidas e, assim, sua cara de malvado ou de raiva assusta
você (e traz uma segurança ou tranquilidade interna para esse pobre cidadão
malfeitor);
3.
Todo
PICARETA e CHARLATÃO tenta inventar uma “roda quadrada”, aquela que você nunca
ouviu falar, mas ficou refletindo sobre essa possibilidade. Criam-se, assim,
maluquices e invencionices, garantindo mais discípulos ou seguidores em redes
sociais;
4.
Todo
PICARETA e CHARLATÃO, quando desmascarado, não aceita seu erro e colocará a
culpa em você (isso mesmo). Por vezes, colocam a culpa na indústria farmacêutica,
no governo, na ciência que não escuta suas baboseiras. Neste sentido, você
errou por não seguir o plano alimentar monótono e monocromático. Você errou por
ter perdido um ou outro treino. Você errou por ter usado o medicamento de forma
errada. Você errou porque não completou o tratamento de enfiar café no c*. Enfim,
você errou, pois não cumpriu os ensinamentos deste “falso guru” ou “pseudo-sábio”;
5.
Todo
PICARETA e CHARLATÃO que se preze, nos dias atuais, tem um excelente Site ou
Blog. Tem milhares de seguidores no Face e Instagram. Se comunica diariamente
no Twitter. Os mesmos exibem fama e fortuna, pois “pessoas que aparentam
sucesso só podem ter dado certo na vida”. Exibem um largo sorriso no rosto,
como se todos os problemas do mundo não afetassem esta nobre espécie humanóide.
A regra é simples: “Fale mal, mas fale de mim”.
Em
suma:
"Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas
por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo".
Então:
Espero
ter ajudado, pois tudo começa por VOCÊ
e suas ESCOLHAS.