A Dieta do Paleolítico, muitas vezes chamada de Dieta Primitiva ou Dieta das Cavernas, baseia-se na proposta de
mudar os hábitos alimentares das pessoas, imitando, dentro do possível, o
regime alimentar de nossos ancestrais há 10.000 ou 15.000 anos antes de nós.
Naquela época, julgamos que a alimentação envolvia o ato de caçar, matar e
extrair produtos alimentícios naturais da terra. Neste sentido, a dieta era
rica em proteínas (carnes, pesca, ovos e insetos), fibras e antioxidantes (folhas,
raízes, frutos, sementes e grãos) e gorduras insaturadas do tipo ômega-3
(peixes e frutos oleaginosos). Além disso, a dieta era pobre em carboidratos e
lactose. Os alimentos não sofriam cozimento e não eram submetidos às
intervenções de caráter agrícola.
É óbvio que este estilo de dieta tem
chamado à atenção da população e está sendo divulgada nos meios de comunicação,
principalmente porque vivemos em uma sociedade industrializada, onde nossa
alimentação diária fornece, além dos nutrientes essenciais, uma grande
quantidade de “ANTES”, ou seja, conservANTES,
corANTES, acidulANTES, aromatizANTES, umectANTES, antiumectANTES, emulsificANTES, estabilizANTES e edulcorANTE. Ainda existe a preocupação dos
alimentos modificados geneticamente, das gorduras trans e das gorduras interesterificadas
em nossa alimentação habitual. A expectativa de vida da
população também aumentou, onde realmente vivemos mais do que na era paleolítica,
porém também vivemos mais doentes, incluindo a obesidade, o diabetes, a doença
cardiovascular e o câncer.
Frente à problemática situação
perguntas óbvias são feitas: O que estamos fazendo de errado? Será que nosso
organismo tem “recursos metabólicos” para lidar com todas estas substâncias
novas em nossa alimentação? O DNA humano vai conseguir se adaptar aos alimentos
processados e industrializados? Podemos tomar como referência o período
pré-histórico e alterar nossos hábitos alimentares? E, será que tal dieta se
aplica ao esportista ou atleta?
Certamente mais estudos são
necessários para assegurar uma verdadeira vantagem de saúde com a adoção da
Dieta do Paleolítico, mas seguramente podemos afirma que “Você é o que você
come”. Quer dizer, a redução dos açúcares simples, do excesso de gordura
saturada e colesterol e dos ácidos transgordurosos a favor de uma alimentação
com produtos naturais, com alta ingestão de fibras, ingestão de carboidratos
complexos de moderado e baixo índice glicêmico e ingestão de proteínas de alto
valor biológico só tende a beneficiar qualquer indivíduo, seja o Homo sapiens sapiens Cro-Magnon ou o
indivíduo estressado de nosso século.
A Dieta das Cavernas, essencialmente,
trata-se de uma dieta rica em proteína e pobre em carboidrato. Cabe lembrar que todo excesso de proteína, em indivíduo com lesão hepática e renal prévia, seja
pelo consumo de alimentos de origem animal ou de suplementos ricos em proteína, pode ser problemático. Problemático porque as vias de detoxificação (ciclo da uréia) e eliminação (excreção urinária de produtos nitrogenados) podem estar comprometidas.
Em Nutrição Esportiva, portanto, uma dieta equilibrada e saudável é um quesito
fundamental para otimizar a saúde, alterar positivamente a composição corporal
e maximizar o desempenho no esporte. Neste sentido, não existem déficits ou
excessos de calorias e nutrientes, seja com a dieta paleo ou dieta XYZ, já que todos os planos alimentares devem ser
devidamente calculados pelo profissional nutricionista. Disciplinas como Avaliação
Nutricional e Dietoterapia, que pertencem ao curso de Nutrição nas Instituições de Ensino Superior (IES), mostram a importância em se estabelecer cálculos nutricionais. Um problema na Dieta do Paleolítico, talvez, seja a restrição de carboidratos por longos períodos em esportes e competições que exigem uma boa reserva de glicogenio hepático e muscular. Neste caso, disciplinas como Bioquímica, Fisiologia e Nutrição Esportiva nas EIS garantem o conhecimento necessário nesta temática.
Por fim, o que as pessoas não percebem
é que nosso homem primitivo, que vivia da caça e pesca para subsistência, era
um indivíduo extremamente ativo, onde um alto grau de esforço físico talvez lhe
proporciona-se um físico vigoroso e qualidade de vida. Neste sentido, não somos contra a dieta paleo ou quaisquer outros modelos dietéticos, pois tudo depende da adesão do paciente em acordo com o profissional nutricionista contratado.
Nota: O texto original (08/09/2013) foi atualizado (01/09/2021).