ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA DEFINIÇÃO MUSCULAR
Prof. Me. Nutr. Joelso Peralta
Um
fenômeno bastante comum entre os praticantes de atividades físicas, justamente
às vésperas do verão é a preocupação com a “balança” e o “emagrecimento” (não é
mesmo?). Homens e mulheres, jovens e adultos, querem “fazer bonito no verão” e,
sendo assim, CORREM para as academias de ginástica e musculação, CORREM nas
praças da cidade e CORREM para folhar as revistas da moda a fim de obter uma
“nova” e “milagrosa” dieta de emagrecimento que, muitas vezes, são estratégias “mirabolantes”
para reduzir o peso corporal, mas não necessariamente reduzir a gordura corporal.
Isso mesmo, reduzir o “peso na balança” não é a mesma coisa que “reduzir o
percentual de gordura corporal”.
Fiquei
um “tempinho” (OK, um “tempão”) sem atualizar meu Blog, pois minha vida
profissional é extremante corrida (eu diria, até mesmo, que fico calculando os
milésimos de segundos para dar conta do recado). Claro, fiquei “preso” no
FACEBOOK, que me pareceu uma ferramenta mais rápida para introduzir inúmeros
comentários e aulas técnicas entre um paciente e outro, preso o trânsito
caótico ou entre um compromisso e outro. Todavia, agora (em férias) pensei em
dar um presente de “ANO NOVO” para todos vocês, caros leitores, que acompanham
meu trabalho, abordando as estratégias nutricionais para definição muscular
nesta postagem.
O
objetivo desta postagem é apresentar algumas estratégias nutricionais com
embasamento científico e ferramentas que padronizei para se atingir a tão
“sonhada” definição muscular para “fazer bonito no verão”. Obviamente que
aqueles que “ralaram muito” durante o ano inteiro com dieta e treinamento terão
menos dificuldade, enquanto outros terão maiores dificuldades. Entretanto,
ambos podem se beneficiar com as estratégias que irei abordar aqui. Recortes
desta discussão aparecem em meu Facebook (Joelso Peralta), porém aqui você terá
um texto completo com discussões de caráter fisiológico e bioquímico, ou seja,
trata-se de um texto técnico e não leigo. Vão observar, contudo, que não se
trata de prescrição dietética, mas, sim, de uma discussão técnica que justifica
a estratégia para se obter uma definição muscular com sucesso. Sendo assim: Boa
Leitura e Aprendizado!
NUTRIÇÃO É COISA DE NUTRICIONISTA
Fico muito impressionado com algumas estratégias de definição muscular que "rolam" pela internet ou, pior, prescritas por pessoas que se denominam "experts em nutrição e treinamento".
Em primeiro lugar, “experts”
graduados na “escola da vida” e da “malandragem” tem um monte por ai, então, muito
cuidado. Temos ótimos profissionais no mercado, que estudam 5, 10, 15 anos ou
mais os “emaranhados” da nutrição esportiva e você resolve pedir “conselhos”
aos “experts” em GOOGLE e WIKIPEDIA, faça-me a favor! Valorize sua saúde, pois
com certeza não achou ela no lixo.
Em segundo
lugar, ter um físico extremamente musculoso, abdome rasgado, braços de 45 cm ou
coxas e glúteos tonificados não são sinônimos de “conhecimento” ou
“competência”. Deixe-me explicar melhor através de uma frase que ouvi na
academia um dia destes: “Cara, tenho um
braço de 45 cm e abdome rasgado, então, as pessoas tem que acreditar quando eu
falo de dieta e treino”. Este mesmo indivíduo não possui formação superior
e até pode ser um “rato de academia”, mas construiu seu físico à custa de esteroides
anabolizantes e isso não lhe dá a “competência” para prescrever dieta e
treinamento. Discute-se muito atualmente a “competência profissional”, que
envolve a capacidade de comunicação, liderança, determinação, relacionamento
pessoal, ética profissional, planejamento, organização, empreendedorismo e, sem
dúvidas, modernidade. Todavia, o profissional “competente” assume as
responsabilidades inerentes de seu trabalho e possui “conhecimento” para tal
função, executando-os sem erros (ou com a mínima margem de erro, o que é
aceitável). Em outras palavras, você deve pedir auxilio aqueles que estudaram
os “emaranhados” da anatomia, fisiologia,
cinesiologia, bioquímica e tantas outras disciplinas que fornecem “competência
profissional”.
Parece-me, atualmente, que a versão masculina de “sabedoria”
ao leigo que tem a ambição de braços e abdome impressionantes é o “bombado” da
academia, enquanto que a versão feminina é ser “mulher camarão”, onde se despreza
a cabeça e aproveita-se apenas o corpo (li esta frase um dia destes).
Deixando a brincadeira de lado, estou dizendo que a seleção de um profissional
competente para lhe ajudar na árdua tarefa de modificar seu corpo não pode ser
espelhada na figura de um indivíduo extremamente musculoso do “estilo rato de
academia”. Ao mesmo tempo (e me desculpem aos que se ofenderem) você também
deveria desconfiar daquele profissional graduado que vive comendo “pizza e
cachorro-quente” ou que possui aquela “barriguinha de cerveja”, pois fica
difícil acreditar que ele poderá lhe ajudar se não consegue ajudar a si mesmo.
A regra é simples: nem “8”, nem “80”. Existem “bombados” expressando técnicas
de treinamento e, por vezes de dieta, extremamente valiosas; assim como existem
profissionais graduados que são verdadeiras “tábuas de madeira com cupim”. Mas,
de regra, os profissionais graduados e pós-graduados possuem “conhecimento
técnico-científico” e “competência profissional” para atuar na área do esporte,
os quais você deveria apostar todas suas fichas e corresponde a maior parte da
“fatia da torta” (torta light, é claro).
Em terceiro
lugar (embora triste em dizer), mas também temos profissionais nutricionistas graduados
(Sim, graduados em nutrição e, até mesmo, pós-graduação) que usam da
“malandragem”, da “boa oratória”, da “manipulação” e das “estratégias de
marketing” para prescrever as chamadas “dietas de bolso” ou “dietas do estilo
receita de bolo” e “agentes farmacológicos” para seus pacientes-clientes. Estes
“COLEGAS” com pouco “conhecimento técnico-científico” usam a “persuasão” – que
seria a capacidade de convencimento de ideias a fim de persuadi-los sobre seu
ponto de vista – para prescrever suas dietas mirabolantes e, por vezes, o uso
de esteroides anabolizantes.
Sobre o
fato acima tenho dois pensamentos:
(1º) Quando
o leigo “prescreve” uma dieta “mirabolante e inadequada” logo penso “Perdoe este ser, pois ele não sabe o que
está fazendo”. Quando um profissional nutricionista prescreve fico pensando
como ele ou ela obteve a graduação e;
(2º) Quando
o leigo resolve usar esteroides anabolizantes penso: “Perdoe este ser, pois ele não sabe o que está fazendo”. Quando um
profissional nutricionista prescreve agentes farmacológicos aos seus pacientes
(e isso existe, basta abrir os olhos para enxergar) eu penso: “@#$#@$%$#¨$” (Enfim,
melhor não traduzir).
Enfim,
prescrever dieta sem ser nutricionista ou prescrever agentes farmacológicos sem
ser médico é exercício ilegal da profissão e está sujeito às ações penais.
Portanto, fique ligado, pois nossa tolerância em 2014 será “ZERO”.
NÃO PENSE NA “BALANÇA”. PENSE NA “GRAXA”.
Muitas pessoas (aflitas pelo verão) estão preocupadas em sentirem-se mais leves ao subir na balança, o que é um grande erro. Sim, um erro. Quero mostrar a vocês que o “emagrecimento” e a “definição muscular”, em minha concepção, são “coisas” distintas e a balança tem pouca importância para nós, profissionais nutricionistas do esporte.
Quero destacar que a “definição
muscular” não é um simples "emagrecimento", ou seja, subir na balança
"feliz da vida" registrando um peso menor a cada semana. Deixa-me
exemplificar: se você colocar em uma balança um
"balde de água" ou um "balde de cimento", perceba que a
balança continuará fazendo seu papel em mostrar apenas um valor numérico e
sabemos que “água” não é “cimento”. Se em uma balança subir um
"fisiculturista" e um “obeso”, a balança poderá registrar o mesmo
valor numérico: 100 kg. E daí? Daí que sabemos que gordura e massa muscular são
coisas absurdamente diferentes. Em outras palavras, a balança não sabe
diferenciar a "massa magra" e a "massa gorda", então, pare
de pensar na balança quando se prepara para “fazer bonito no verão”. Pense em
reduzir seu percentual de gordura corporal (que muitas vezes é acompanhado pela
redução ponderal, mas nem sempre é uma perda de peso drástica).
Agora
farei algumas perguntas rápidas e você deve pensar nas respostas, OK? Você quer
perder peso, porém ficar flácido ao ponto de lembrar uma “gelatina”? Você quer
um abdome definido, porém ficar com "braços de macarrão"? Você quer eliminar
às "bordas de catupiri" da cintura e ficar com pernas de Olívia
Palito? Certamente suas respostas foram NÃOOOO. E por quê? Porque você não quer
simplesmente emagrecer, você quer definir sua musculatura. Você quer eliminar a
GORDURA e manter ou aumentar sua MASSA MUSCULAR. Claro, tem gente que parece
estar buscando as respostas de “SIM” quando observamos prescrições absurdas com
2 horas de aeróbico na maior parte dos dias da semana associado aos treinos de
musculação com "30 reps" ou mais. Eu nem vou entrar no mérito do
treinamento, pois isso cabe aos meus colegas Educadores Físicos, mas obviamente
treinos destes modelos levará você a ficar na "pele e osso" com uma
aparência "magricela" e não exatamente um rapaz ou moça com
musculatura definida.
O
resultado efetivo em redução da gordura corporal pode ser obtido com
treinamento e dieta. Treinamento, este, realizado com pesos (treinamento
resistido, como a musculação) associado ao treinamento aeróbio. Sim, não apenas
aeróbico feito “bicho”, pois já está mais que documentado a importância da
musculação no processo de definição muscular. A dieta deve ser adequada em
macro e micronutrientes e apoiada em “ciência” e não “falácia”, onde há lugar
para uma variedade de alimentos e não apenas “batata-doce, frango e claras de
ovos”.
O fato
é que para definir seus músculos precisa conservar seus músculos! Simples
assim!
Aliado
aos treinos absurdos para “definição muscular” (deveria ser chamado de “definhar
muscular”) ainda existem as prescrições dietéticas mirabolantes ou dietas da
moda, incluindo a Dieta da Sopa, a Dieta das Frutas, a Dieta da Proteína, a Dieta
da Lua, a Dieta da Água, a Dieta do Frango e Batata-doce, a Dieta do Ovo, a
Dieta do Jejum Intermitente, entre outras. Tem gente que parece não ter
frequentado o Ensino Superior, Pós-graduação, Mestrado ou Doutorado para
indicar tais estratégias. Opa! Errei: tem gente que frequentou e prescreve isso
(lembram-se dos malandros de boa oratória e persuasão?). Sabe o que tem de pior
nisso? Você paga (e caro) para receber uma dieta assim, que por sinal é passada
a você e igualmente a tantos outros pacientes-clientes atendidos naquele mesmo
dia, mês e ano (E eu conheço alguns “mercenários” assim, os quais deixo o meu
desprezo).
E o
que seria definição muscular? Em uma linguagem simples seria retirar, extrair,
excluir, detonar, mandar embora, dar tchau, bye-bye à gordura apenas, ou seja, a
redução do tecido adiposo subcutâneo e visceral, porém sem sacrificar a massa
muscular conquistada durante o ano inteiro de malhação. Vejam, não me parece
vantagem alguma construir seus músculos durante o ano e depois jogar tudo fora
correndo feito maratonista nas ruas da cidade. É óbvio que deve fazer um treino
aeróbio, mas com “Consciência e Ciência” e supervisão de um profissional de
saúde capacitado. É óbvio que deve alterar seu treino constantemente, mas
novamente com auxílio de um profissional de Educação Física, que seria o
profissional que estudou e tem “competência” para cuidar de sua saúde,
desempenho atlético e estética corporal.
FALANDO O “BIOQUIMIQUÊS”
E em relação à dieta e suplementação? Bem, a definição muscular impressionante só se mostrará através da dieta adequada e equilibrada, muitas vezes com auxílio de recursos ergogênicos nutricionais (suplementos esportivos), seguindo protocolos específicos para “deletar” a gordura corporal sem comprometer a massa magra. Obviamente estamos falando de balanço energético negativo (BE negativo) associado à redução de carboidratos e aumento proteico, mas "zerar carbo" ou colocar a "proteína nas nuvens" ou "cortar totalmente a gordura e colesterol" da dieta não trará efeitos estéticos positivos e pode apostar nisso. Não acredita? Então me conte como foi seu verão da próxima vez, pois neste não “fará bonito”.
Deixe-me
falar, agora, mais bioquimicamente. Para que você atinja a sonhada definição
muscular, sem sacrificar sua massa magra, precisa reduzir
o percentual de gordura corporal. Isso ocorrerá no tecido adiposo subcutâneo
(localizado entre a pele e os músculos esqueléticos) e tecido adiposo visceral
(localizada entre os órgãos internos ou também chamada de gordura profunda).
Claro que a redução da gordura subcutânea seria nossa prioridade estética, mas
a redução da gordura visceral (ou abdominal) também é importante, pois reduz o
risco para doenças cardiovasculares e aumenta a promoção da saúde. Este projeto
de definição muscular deve ser bem traçado, sendo uma preocupação constante dos
profissionais envolvidos: nutricionistas e educadores físicos, particularmente.
O objetivo será reduzir a massa gorda, porém sem sacrificar a massa corporal
magra (MCM) adquirida durante o ano (ou anos na maioria dos casos) de
treinamento árduo. Como eu havia dito, não me parece nada lógico construir
músculos durante anos e depois jogá-lo no lixo com práticas dietéticas de
“emagrecimento” sem respaldo científico e sem a experiência de profissionais
“competentes” e “experientes” sobre esta temática. Qualquer erro aqui pode ser
fatal, acarretando em perda de massa muscular ou ineficiente perda de gordura
corporal.
Acredito que a definição muscular se baseia em dois grandes
pilares. Primeiro, eliminar o tecido adiposo subcutâneo (onde a redução da gordura
visceral também é acompanhada, o que seria muito bom) através da promoção do BE
negativo (ao bom entendedor: realmente “passar fome”). Segundo, reduzir o
líquido subcutâneo (água entre a pele e os músculos), porém sem perder o
líquido dentro das células musculares (onde dietas “zero carbo” ou “zero sódio”
ou “zero água” não possuem lógica bioquímica, como veremos). Veremos cada um
deles a seguir, portanto, preste bem atenção.
Começaremos pelo PASSAR FOME, assim você já
vai se acostumando (hehe). A redução da gordura corporal requer a mobilização
dos triglicerídeos (triacilgliceróis, corretamente falando) das células
adiposas (chamadas de adipócitos) do tecido adiposo distribuídos no organismo.
E para obter tal finalidade você precisará “gastar” mais calorias diárias do
que “consome”. E não pense que é só “fechar a boca”, como vendem as revistas da
moda, pois volto a relembrar que você não quer ficar flácido e com braços e
pernas finas. Embora brinquei com a frase “passar fome”, na verdade precisará
comer “sabiamente”.
Existe uma “balança” em nosso organismo que
regula o peso corporal, onde as variáveis desta balança são o “consumo
energético” e o “gasto energético”. Já as variáveis do consumo energético
incluem o cardápio diário, o cardápio do fim de semana, o ato de beliscar entre
as refeições, a ingestão de bebidas alcoólicas e o uso de recursos ergogênicos
nutricionais (suplementos esportivos). Ou seja, todas estas variáveis possuem
calorias (energia) e podem “quebrar” sua estratégia de “fazer bonito no verão”.
Da mesma forma, existem variáveis do gasto energético, tais como a taxa
metabólica basal (TMB), a termogênese alimentar ou termogênese da dieta, o
gasto calórico com atividade física, a composição corporal (observado na
avaliação antropométrica) e a idade do indivíduo. A matemática aqui é muito
simples (quase que 2 + 2 = 4): se você comer mais e gastar menos vai acabar
engordando, mas se você comer menos e gastar mais vai acabar emagrecendo (aqui
no sentido de definir seus músculos, pois estará submetido(a) a uma dieta adequada).
A redução da gordura corporal,
bioquimicamente falando, é baseada na promoção da lipólise do tecido adiposo
(ou seja, a mobilização de triglicerídeos do tecido adiposo) e subsequente
“queima” desta gordura na mitocôndria das células musculares (ou seja, beta-oxidação
dos ácidos graxos). A hidrólise dos triglicerídeos em ácidos graxos, catalisada
pela lipase hormônio sensível (LHS), é estimulada por hormônios catabólicos,
tais como o glucagon (hormônio do estado de jejum e secretado pelo pâncreas) e
as catecolaminas (hormônios do exercício físico e secretadas pela glândula
suprarrenal).
O ácido graxo resultado da hidrólise do
triglicerídeo é convertido em acil-CoA graxo (um “ácido graxo ativado”) pela
acil-CoA sintetase de ácidos graxos. Todavia, isso não é garantia de definição
muscular, pois estes ácidos graxos “ativados” precisam ser oxidados para a
geração de energia na mitocôndria muscular. Sem problemas, ocorre um processo
de translocação de acil-CoA graxo através das membranas mitocondriais com
auxílio de determinadas proteínas conhecidas como CATs, ou seja, carnitina
acil-transferase do tipo 1 (CAT-1), carnitina acil-carnitina translocase (CACT)
e carnitina acil-transferase do tipo 2 (CAT-2). Estas proteínas permitem o
transporte de ácidos graxos do citosol para a matriz mitocondrial, onde
ocorrerá a oxidação (“queima”) dos mesmos. Por fim, estou dizendo que será
gerado acetil-CoA como um “funil energético” e este será oxidado no ciclo dos
ácidos tricarboxílicos (ou ciclo de Krebs, como preferirem). A cadeia oxidativa
mitocondrial transportadora de elétrons (COMTE) se encarrega de dar
continuidade às reações de oxidação, onde adenosina trifosfato (ATP = energia
livre) e energia calorífica (calor) são obtidas ao final do processo. Como
consequência você reduz a massa gorda em suas “bordas de catupiri”.
Em resumo: você precisa do esforço físico
para promover a lipólise e a beta-oxidação mitocondrial, estimulado por
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que pode refletir em menor concentração
de “gordura corporal”. Portanto: MEXA-SE. Ainda, você precisa do esforço físico
DIÁRIO para reduzir a gordura corporal (Agora você pensa: mas não posso treinar
apenas 3 vezes por semana? Minha resposta é: você vive apenas 3 vezes por
semana ou vive 7 dias por semana? Sem mais comentários...).
Agora, nutricionistas e educadores deveriam
pensar juntos nesta estratégia de gasto calórico com atividade física (GCAF),
pois o jejum “prolongado” ou exercício de longa duração “exagerado” pode levar
a perda de peso à custa de massa magra, favorecido pela gliconeogênese (ou
seja, a conversão de proteínas da massa muscular em glicose ou glicogênio para
sustentar a glicemia) e pelo excesso na secreção de cortisol (conhecido como
“hormônio do estresse”). Repito: você quer perder gordura e não sacrificar sua
massa muscular. Um planejamento inadequado resultará em um resultado
insatisfatório.
Ao mesmo tempo, você não pode chegar em casa,
depois do treino, “morrendo” de fome e “comer um boi por uma perna”, pois vai
reabastecer seus adipócitos novamente. Quer dizer, todo excesso de macronutriente
será convertido em triglicerídeo e “jogado” no tecido adiposo de reserva em um
caminho que envolve as lipoproteínas plasmáticas, tais como o quilomicron (QM)
e a lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL). Ah, percebeu onde fica o
“passar fome”? Sim, para reduzir a gordura corporal precisará comer menos e
gastar mais calorias diárias. Então você pensa: “Claro, devo chegar a casa
depois do treino árduo e não comer mais nada até o dia seguinte?” Como diria
uma série de TV: “Cala boca Magda”.
Não é nada disso. Você precisa comer no pós-treino, mas deve reduzir as
calorias do dia inteiro, favorecendo a mobilização das reservas de triglicerídeos
do tecido adiposo durante o jejum normal (fracionamento de 3 ou 4 horas,
normalmente e estimulado pelo glucagon) e através do esforço físico (estimulado
por efeitos adrenérgicos). Percebeu? Quanto você deve gastar em calorias com o
esforço físico e quanto você deve comer em calorias através da dieta requer cálculos
matemáticos (E ainda tem gente que busca dieta e treino em revistas da moda, mas
gostaria de lembrar que o “barato sai caro” no final das contas).
E o que comer? Dar ênfase em carboidratos de
baixo e moderado índice glicêmico ao longo do dia? Restringir gordura saturada,
gordura trans e interesterificada?
Consumir gorduras “boas”, como as monoinsaturadas e poliinsaturadas? Fornecer
diariamente proteínas de alto valor biológico (PAVB), ricas em aminoácidos de
cadeia ramificada (BCAA), durante o dia e principalmente no pós-treino?
Suplementar com “termogênicos” ou “fat burners” (“queimadores de gordura”) para
acelerar a mobilização e oxidação da gordura? Qual termogênico, pois existem
inúmeros? Adicionar algum suplemento polivitamínico e mineral para acelerar as
rotas metabólicas e promover uma ação antioxidante e “antienvelhecimento”?
Beber bastante água para manter-se hidratado e a saúde renal? Enfim, tenho
certeza que a “teoria” você já ouviu falar, porém quanto de carboidrato, lipídeo
ou proteína diária? Qual melhor horário para o seu fornecimento? Qual
termogênico selecionar? Qual polivitamínico? Qual dose? Como usar? Quanto usar?
Quando parar de usar? Existe risco à saúde? São tantos questionamentos, não é
mesmo? Como eu disse: esta postagem tem como objetivo uma discussão técnica e
não possui caráter de prescrição dietética. Sendo assim, procure um
profissional nutricionista para maiores informações e lembre-se: “Não existe receita de bolo ou cápsulas
mágicas, pois o que funciona para você pode não surtir efeito a um segundo
indivíduo e ser, até mesmo, prejudicial a um terceiro indivíduo”.
Lembram-se da “balança” do organismo que
falamos? Pois bem, a redução no aporte calórico diário acarretará,
teoricamente, na redução das células adiposas (que muito provavelmente também
reduzirá seu peso corporal). Em outras palavras, você precisa alterar a equação
do equilíbrio energético a fim de promover o balanço energético negativo (BE
negativo). Porém, o processo não é tão simples assim, pois já destaquei
inúmeras variáveis envolvidas que precisam ser analisadas pelo profissional
nutricionista. De maneira didática e simplista, falarei sobre BE negativo
associado à dieta hipocalórica e o aumento do gasto energético com exercício
físico. Irei excluir, aqui, as discussões envolvendo as demais variáveis do
consumo e gasto calórico, mas você já deve ser capaz de perceber que existe uma
ciência bioquímica e matemática por trás disso (onde não consigo entender como
alguns indivíduos ainda busquem dietas de revistas ou sites que não realizam
tais cálculos para você, pois simplesmente nunca lhe olharam nos olhos).
BRINCANDO
COM OS NÚMEROS
A definição muscular requer uma alteração na equação do equilíbrio energético a fim de promover o balanço energético negativo (BE negativo), ou seja, você deve gastar mais calorias diárias do que está ingerindo habitualmente. O BE negativo é conseguido aumentado o gasto calórico com o exercício físico e atividades cotidianas, bem como através de um plano alimentar de baixa caloria (dieta hipocalórica).
Teoricamente, os déficits
energéticos diárias de 500 até 1000 kcal/dia (3500 até 7000 kcal/semana) resultam
em importante perda de peso, que deve ser refletido na redução da gordura
corporal e na conservação da massa muscular. A literatura sugere perdas
ponderais de 0,5 até 1,0 kg/semana, onde podemos assumir até 2,0 kg/semana sem
comprometimento da massa magra, desde que o treinamento e a dieta estejam
adequados.
Então, vamos examinar algumas
perguntas que devem estar “rolando” em sua mente. Se eu queimar 700 kcal/sessão
de treinamento e se eu treino 5 dias por semana, então, isso poderia
representar 3500 kcal/semana? E se 0,5 kg de gordura equivalem a 3500 kcal,
então, eu ficarei 0,5 kg mais magro a cada sessão de treino? E se eu continuar
a perder peso neste ritmo “frenético” de treino em 5 dias por semana, então, estarei
com 2,5 kg mais leve a cada semana? Que maravilha se você assim, mas não funciona
desse jeito (hehe). Primeiro, porque devemos respeitar a individualidade
biológica, onde cada indivíduo responde diferente às imposições do treino e
dieta, o que é perfeitamente acompanhado durante as reavaliações físicas e
nutricionais (você que foge das reavaliações está deixando seu nutricionista
confuso, pois ele ou ela não conseguirá descobrir como funciona seu metabolismo).
Segundo, porque os exercícios físicos de qualquer modalidade (leves, moderados
ou intensos) queimam calorias em taxas diferentes, onde você pode queimar de
300 kcal (por exemplo, em 1 hora de musculação) até mais de 900 kcal (por
exemplo, em uma corrida de intensidade moderada por 1 hora). Em outras
palavras, tudo isso precisa ser calculado a fim de não comprometer sua massa
muscular e reduzir a gordura corporal (você ainda acredita em “revistinhas” de dietas
e treinos?). E, terceiro, as calorias gastas com esforço físico geralmente são
superadas facilmente pela ingestão alimentar, já que uma simples e deliciosa fatia
média de bolo de chocolate pode conter 350 kcal/fatia.
Qual a solução, então? Eu diria
apenas: “Comer sabiamente e treinar de
verdade”. Todavia, seria muita maldade não contar o segredo, então continue
lendo.
Digamos que um indivíduo
fictício do sexo masculino e de meia idade, 70 kg de peso corporal e com boa
massa muscular esteja ingerindo 3000 kcal/dia e pretenda
iniciar uma dieta de definição muscular. Primeiramente, deve-se estabelecer um
déficit calórico a fim de promover o BE negativo. Em minha prática de
atendimento, um déficit entre 20 até 30% sobre a dieta habitual (ou seja,
aquela recolhida durante a entrevista de consultório) seria necessário. Neste
sentido, uma redução de 20% implicaria em uma prescrição dietética de 2400
kcal/dia (ou seja, 3000 kcal/dia – 20% = 2400 kcal/dia). Este indivíduo, então,
estaria ingerindo 600 kcal/dia (4200 kcal/semana) a menos que vinha realizando.
Digamos, ainda, que tal indivíduo faça musculação (sessão
de treino em 1 hora com acompanhamento profissional), seguido de uma corrida na
esteira com intensidade moderada (por exemplo, 60% da capacidade aeróbica em
uma sessão de 30 minutos). O gasto calórico “aproximado” com o treinamento e
por pessoa foi de mais 600 kcal/dia (musculação e treino aeróbico). Se este indivíduo
treina 4 vezes por semana isso poderia representar 2400 kcal/semana.
Este indivíduo, com certeza, estaria reduzindo sua massa
gorda e, provavelmente, seu peso corporal, pois o déficit promovido foi, na
realidade, de 1200 kcal/dia (8400 kcal/semana) através da dieta e treino.
Contudo, cabe destacar alguns pontos importantes (e
depois não venha dizer que em não falei):
(1º) A redução ou déficits calóricos (com dieta e treino)
devem ser graduais, pois faz-se necessário criar uma adaptação fisiológica do
organismo frente à restrição calórica. Em épocas primitivas, nossos
antepassados primatas não tinham esta fartura de comida que temos hoje e, desta
forma, nosso corpo se adaptou para armazenar energia. Sendo assim, frente às
restrições calóricas severas, o organismo tende a reduzir a taxa metabólica
basal como um mecanismo de defesa primitivo e sua perda de peso (e massa gorda)
serão interrompidos. Além disso, promover restrição calórica através da dieta
sem a prática esportiva causa o mesmo efeito, além de deixá-lo flácido (lembra-se
da aparência “gelatina” que falamos?);
(2º) É necessário um acompanhamento semanal através de parâmetros
antropométricos pré-estabelecidos pelo profissional nutricionista, o que não
inclui uma avaliação física completa, mas, apenas, algumas medidas de controle.
Além disso, visitas na frente do espelho são sempre bem vindas a fim de
acompanhar a evolução destas intervenções (aos que preferem fotografias também é bastante válido);
(3º) Não importa
qual peso a pessoa precise perder ou quanto falta para se atingir à definição,
mas as dietas não devem ser inferiores a 1200 kcal/dia. Caso contrário poderá
estar prejudicando sua saúde, particularmente seu sistema imunológico de
defesa;
(4º) A dieta deve oferecer uma
variedade de alimentos saudáveis a fim de evitar deficiências nutricionais,
principalmente em vitaminas, minerais e antioxidantes. Sendo assim, nada de
“frango e claras de ovos” cerca de 6 vezes ao dia (será que as pessoas que
fazem e indicam isso estão querendo abrir uma granja?);
(5º) O processo de definição
muscular deve ser breve e efetivo, onde perdas ponderais excessivas (maiores
que 2,0 kg/semana) resultam em perda da massa muscular e queda brusca no
desempenho atlético. Neste sentido, eu defendo a periodização da dieta, assim
como a periodização do treinamento comumente abordada na literatura.
Era isso? Não. Vocês lembram
que o processo de redução ou déficit calórico deve ser gradual?
Pois bem, deve ser gradual e de curto período. Em outras palavras, a primeira
fase da dieta (2400 kcal/dia em nosso exemplo) deve durar 4-6 semanas. Em seguida,
o indivíduo é submetido à reavaliação nutricional, avaliando se os resultados
foram satisfatórios ou nem tanto. Se a resposta foi positiva, parte-se para a
segunda fase.
Na segunda fase parte-se um déficit calórico dietético de
10 até 15% sobre a dieta prescrita na fase inicial. Em nosso exemplo: 2000 kcal/dia
(ou seja, 2400 kcal – 15% = 2040 kcal/dia), que deve ser seguida de 2 até 3 semanas.
Se tudo está andando em passos largos e firmes rumo à felicidade, então sua silhueta
em frente ao espelho já é bem mais agradável e o verão começa a sorrir para
você.
A terceira e última fase é a mais “radical” e pode durar
de 7 até 10 dias. A redução calórica dietética mantém-se entre 10-15%, calculada
sobre a última dieta prescrita pelo profissional nutricionista. Isso poderia
representar 1700 kcal/dia (ou seja, 2000 kcal – 15% = 1700 kcal/dia). Puxa,
aqui vai “doer o estômago”, você pensa. Provavelmente não, pois sua capacidade
gástrica e secreção hormonal vêm acompanhando estas reduções parciais, criando a
adaptação fisiológica que havia comentado. Está dieta de 1700 kcal/dia é dita
mais “radical” porque faz oscilações “low
carb diet” (dieta de baixo carboidrato e alto teor proteico, mas não “zero”
carboidrato como alguns poderiam pensar) e “carb
up diet” (dieta com elevado teor de carboidrato, mas evitando carboidratos
simples). Embora eu esteja falando em manipulações de carboidrato e proteína,
obviamente deve haver ajustes em lipídeos, vitaminas, minerais e água. Em algumas situações não há redução calórica da segunda para a terceira fase, apenas a manipulação da dieta de supercompensação de glicogênio. E volto
a lembrar que o objetivo desta postagem não é a prescrição dietética (pois não
existe receita de bolo que serve para todos e quaisquer indivíduos) e, sendo
assim, estou contando a “fofoca”, mas não pretendo dizer quem é o “santo” (ao
final da postagem encontrará meu contato, caso sinta a necessidade de agendar
uma consulta).
Você vai observar que a dieta de definição muscular,
geralmente, dura 8 até 10 semanas (para alguns um pouco mais, enquanto que para
outros um pouco menos, mas para ambos o processo não deve ser eterno a fim de
evitar a perda de massa muscular, já que um pouco sempre se perde durante o
processo de definição muscular).
Recapitulando, pois já vamos ver os demais
“pilares da definição muscular”. Primeiro você precisa comer menos e gastar
mais calorias diárias, conseguido com dieta e treinamento, promovendo o balanço
energético negativo. Assim estará atuando sobre a lipólise e beta-oxidação dos
ácidos graxos. Segundo, a estratégia de definição muscular, segundo minhas
diretrizes protocoladas, envolve reduções calóricas parciais (através de
percentuais) a partir da dieta habitual do paciente-cliente e o processo deve
persistir em curto período. Claro, somente o nutricionista saberá calcular
corretamente a dieta habitual, observando os macro e micronutrientes, e as
demais variáveis do consumo e gasto energético (portanto, procure um
profissional capacitado ao invés de gastar dinheiro com revistas do Tio
Patinhas, “consultas” com amigos e pesquisas em websites).
E a disposição dos macronutrientes
(carboidratos, lipídeos e proteínas) em cada fase da dieta? Quais suplementos
esportivos utilizar e as marcas em cada fase da dieta? Qual a dosagem? Quando
usar? Como usar? Devo usar Whey Protein Isolado, Hidrolisado ou Concentrado? Caseína?
BCAA? Waxy Maize, Dextrose ou Maltodextrina? Termogênicos? L-glutamina e
L-arginina? Polivitamínicos e minerais? Volto a repetir, prescrição dietética
só pessoalmente. Mas não fique “triste", pois tenho certeza que aprendeu
bastante e ainda não acabou...
UM
POUQUINHO DE FISIOLOGIA HUMANA
Um cuidado especial que deve haver em toda a fase de definição muscular é quanto à ingestão de sódio e potássio através da dieta (e não me venham falar do uso de diuréticos ou outros agentes fármacos para alterar sódio e potássio... a não ser que estejam pensando em suicídio decorrente do desbalanço hidroeletrolítico severo). Faço, aqui, uma breve discussão sobre balanço hidroeletrolítico para finalizar. Mas deixa-me, antes de tudo, fazer 4 comentários breves: (1) “zerar” carboidrato na dieta de definição muscular não funciona (mas reduzir sim); (2) “zerar” sal na dieta não funciona (mas reduzir sim) e “zerar” sal por mais que 3 dias é risco de saúde; (3) “zerar” água na dieta não funciona (aliás, sem água não existe vida) e (4) continuar treinado feito “louco” (ou seria feito “bicho”) até o último dia sem periodização do treinamento não funciona (procure um Educador Físico para maiores informações sobre este item). Agora, vamos ao que interesse: redução do líquido subcutâneo (entre a pele e músculos).
Você
já notou que algumas pessoas emagrecem para o verão, reduzem a barriga e até
exibem alguma definição muscular em braços e pernas, enquanto que outras exibem
uma “puta” definição muscular e “vascularização”? Como isso é possível? Você
também fez uma dieta hipocalórica, promovendo o BE negativo, lipólise e
beta-oxidação dos ácidos graxos. Você também reduziu a gordura corporal (subcutânea
e visceral) e treinou vigorosamente. Porém, cadê aquela vascularização? Se excluirmos
os componentes genéticos (que deve existir), nos sobra às estratégias de eliminação
do líquido subcutâneo para obter uma definição muscular mais expressiva.
A
estratégia, agora, é remover o líquido subcutâneo sem perder o líquido dentro
das células musculares. Para tanto, devemos manter as células musculares sempre
hidratadas. E, portanto, não a lógica em “zerar” água ou “zerar” carboidrato da
dieta (nem mesmo na fase de supercompensação de glicogênio). A água, como
sabemos, é uma molécula fundamental à vida e representa desde 55 até 70% do
peso corpóreo em homens e mulheres adultos. Didaticamente, o líquido corporal é
dividido em líquido dentro das células (intracelular) e líquido fora das
células (extracelular). Os dois compartimentos hídricos (intra e extracelular) mantêm
certo “equilíbrio” a fim de assegurar a vida, o que chamamos de homeostase. O
líquido extracelular também comporta os chamados líquidos intersticial (entre
as células), intravascular (dentro dos vasos sanguíneos) e transcelular (como o
líquido sinovial, peritonial, pericárdico, intraocular e cefalorraquidiano). Se
você contabilizar pode notar que estamos falando de muita “água” (e tem gente querendo
“zerar” tudo).
Tendo
em mente a descrição acima, a remoção de líquido de um local acarretará um
desequilíbrio hídrico temporário, seguido de uma adaptação para um novo
equilíbrio entre os compartimentos (olha a homeostase “gritando”). Dessa forma,
a remoção do líquido vascular (sanguíneo) e intersticial levará a redução do
líquido subcutâneo (entre a pele e os músculos), o que poderá deixar seus
músculos mais visíveis. Assim, estratégias para reduzir o líquido subcutâneo
são desejáveis nesta fase. Porém, respeitando a teoria de equilíbrio hídrico, os
músculos esqueléticos (que podem possuir até 80% de água) tendem a doar seu
líquido para equilibrar nossa “matemática hídrica”. Se isso ocorrer seus
músculos “murcharam feito balão de festa infantil e furado”. Puxa, agora
confundiu? Vamos de novo, porém com mais detalhes...
A restrição de sódio nas dietas (dietas hipossódicas) ou
a famosa retirada do “saleiro” da mesa pode deixar seus músculos mais aparentes,
justamente porque o sódio é o mineral predominante no líquido extracelular. A
restrição de sódio acarretará em maior perda de líquidos do tecido subcutâneo e
forçará a perda de água em líquidos intersticiais e intravasculares. Em suma,
não haverá sódio “puxando” água para o lado de fora, deixando sua pela “colar”
em seus músculos, ao menos teoricamente. Claro, esperamos que você tenha uma
boa massa muscular e já esteja submetido à dieta para redução de adiposidade,
pois este processo é mais efeito na segunda e terceira fase da dieta.
A eliminação total de sódio da dieta (“zerar”) não é
necessária (nem mesmo desejável), pois novo equilíbrio será imposto ao
organismo com a liberação do hormônio aldosterona e seu ajuste com o hormônio
antidiurético ou vasopressina (ADH). Assim, o processo de restrição de sódio
deve ser igualmente parcelado nas fases da dieta, sendo realizado por um período
de tempo curto e acompanhado por aumento progressivo do mineral potássio.
Se a restrição de sódio é uma prática comum para extrair
a água subcutânea, o acréscimo de potássio é uma pratica pouco lembrada para
garantir que a água intramuscular não seja doada para um novo equilíbrio
hidroeletrolítico. Em outras palavras, o potássio vai garantir que seus músculos
continuem hidratados. Associado a dieta de supercompensação de glicogênio da
última fase da dieta, seus músculos se apresentaram mais volumosos, vascularizados
e definidos.
O sódio pode ser encontrado em muitos alimentos e com
certeza o sal de cozinha é o principal exemplo. Entre alguns alimentos ricos em
sódio podemos citar o shoyo, a mortadela, o salame, os salgadinhos (batatas
Chips, biscoitos salgados, amendoim e castanha de caju salgada), as sopas
instantâneas, as azeitonas e conservas, os queijos (tais como o mussarela,
provolone, queijo prato e parmesão), os temperos prontos, os alimentos
congelados, o macarrão instantâneo, os embutidos (tais como o presunto, a salsicha,
o atum, a sardinha e as linguiças), os caldos de carne, o catchup, a maionese, a
mostarda, o molho inglês, a manteiga e margarinas com sal, os alimentos
defumados e salgados (tais como o bacon, o bacalhau, o charque, a carne seca e a
carne de sol), os enlatados (tais como as ervilhas, o milho, a seleta de
legumes, o palmito e os molhos de tomate), os alimentos prontos (tais como o hambúrguer,
o pastel, o quibe, as coxinhas e as empadas), os refrigerantes, os sucos light
e os suplementos esportivos (tais como Whey Protein, Caseína e Hipercalóricos).
Como você pode observar são muitos os alimentos naturais e processados ricos em
sódio, o que torna difícil a manipulação dietética para aqueles indivíduos que
fazem praticamente todas as refeições em bares e restaurantes.
Já a banana, o mamão papaia, o melão, a pêra, o abacate,
a acelga, o espinafre, a beterraba e as folhas de beterraba cozidas, as sementes
de girassol, o amendoim, a castanha, os cogumelos, a lentilha e o feijão são
alguns exemplos de alimentos ricos no mineral potássio. O leite e o iogurte
desnatado possuem algum potássio. O vinho também é uma boa fonte de potássio,
mas deve ser evitado durante a dieta de definição muscular (especialmente se
está usando algum suplemento termogênico). Da mesma forma, os peixes (salmão e
sardinha) possuem bons teores de potássio, mas deve-se cuidar quanto ao preparo
dos alimentos, evitando as frituras. Lembro que o déficit de potássio é maior
em atletas ou esportistas submetidos ao estresse térmico ambiental (quando
resolvemos correr nas ruas da cidade, por exemplo), já que ele se perde pelo suor.
E quais seriam as dosagens de sódio e potássio em cada fase
da dieta? Bem, procure um profissional nutricionista, especializado em nutrição
esportiva, pois a função desta postagem é estabelecer uma linha de raciocínio
lógico e não prescrição dietética. Portanto, nós, profissionais de nutrição esportiva, não podemos aceitar atualmente
afirmações e condutas baseadas em hipóteses teóricas, especulações, falácias e
estratégias mirabolantes de dieta e treinamento ou “evidências” baseadas em
observação pessoal de ditos “experts” em nutrição e treinamento sem o
devido respaldo científico. Fica, aqui, registrado um "FELIZ 2014" e meu presente
só poderia ser a transmissão de conhecimento.
Atenção: Este texto pode ser compartilhado na
íntegra ou em partes, desde que citada a fonte www.peraltanutri.blogspot.com.br do Prof. Me. Nutr. Joelso Peralta. Para maiores informações, agendar consultas,
palestras ou assessorias entrem em contato (joelsoperalta@hotmail.com ou peraltanutri@gmail.com ou (51) 9943-1815).