VOCÊ ESTÁ ESTRESSADO? E O HORMÔNIO CORTISOL É O CULPADO?
SERÁ?
Estamos
em final de semestre e, para os alunos e professores, estamos todos
estressados. Os alunos estressados com as provas finais, enquanto que os
professores estressados com o excesso de provas para corrigir. Ao mesmo tempo, estamos
estressados com as contas para pagar e as dívidas para quitar. Outros estão
estressados com seus empregos desgastantes, enquanto outros porque foram
demitidos. Estamos estressados com os assaltos, os homicídios e os estupros nas
ruas da cidade. Enfim, escutamos pelos quatro cantos sempre a mesma expressão: “Meu
cortisol está nas nuvens e, por isso, estou estressado”. Mas, será? Este
assunto já está me deixando “nervoso” e, portanto, vamos elucidar alguns fatos.
O CORTISOL NÃO É SEU INIMIGO
O
cortisol é um hormônio secretado pelo córtex da glândula adrenal (suprarrenal)
e tem com função básica reforçar a ação hiperglicemiante (capacidade de elevar
o “açúcar” do sangue) de outro hormônio: o glucagon (porém sem suprimi-lo).
Todavia, o cortisol ficou famoso, pois tem sido considerado o principal “vilão”
das situações estressantes, seja no esporte (estresse físico) ou da vida
cotidiana (estresse neurogênico).
E
que situações estressantes existem, professor?
Veja
bem, são muitos os fatores estressores: a hipoglicemia (às vezes por passar
fome ou exercício exaustivo), a hiperfagia (às vezes comer demais, devido à compulsão
alimentar, muitas vezes associado à depressão), as alterações térmicas e
ambientais (hipotermia e hipertermia, por exemplo), a presença de enfermidade
ou doença, o final de um relacionamento (para outros a própria reconciliação
conjugal), o divórcio (para outros o próprio casamento), a perda de um familiar
ou amigo (para outros até o fato sustentar uma nova vida através da gravidez), a
violência (seja na forma verbal, assalto, roubo ou estupro), a raiva ou o ódio,
as brigas no convívio social ou profissional, o desemprego, a falta de
dinheiro, a frustração, a depressão, o medo e a síndrome do pânico, o bullying,
entre outros. Enfim, qualquer tipo de acontecimento ou situação que “quebra”
sua paz de espírito, digamos assim.
E
o que seu organismo faz para te ajudar?
Na
presença de uma situação estressante, nosso hipotálamo torna-se estimulado, a
qual libera alguns hormônios, tais como o hormônio de liberação de
corticotrofina (CHR), que atuam sobre a hipófise. A hipófise anterior
(adeno-hipófise), então, libera o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), que
estimula o córtex adrenal. As glândulas suprarrenais podem liberar adrenalina
(pela medula adrenal) e cortisol (pelo córtex adrenal). Então, nas situações de
estresse agudo (“rápido”), adrenalina atua na reação de alarme (“luta e fuga”),
enquanto que o cortisol atua mais no estresse crônico (“duradouro” ou “persistente”).
E
como o cortisol pode ser meu amigo, se estamos falando de estresse?
Calma,
ainda não cheguei lá. Bioquimicamente falando, o cortisol promove a liberação e
a oxidação de ácidos graxos derivados de tecido adiposo (lipólise e beta-oxidação), bem como aumenta
a conversão de aminoácidos em glicose (gliconeogênese),
resultando em aumento da glicemia e, consequentemente, sua oxidação pelas
células dependentes de glicose (glicólise). Em outras palavras, este hormônio
está lhe ajudando, fornecendo energia (adenosina trifosfato ou ATP) para você usar.
Mas,
professor, a gliconeogênese implicaria na perda de massa muscular e isso não
seria ruim? Sim. Não. Ou, melhor: DEPENDE.
Você
realmente acha que Deus fez um hormônio só para te ferrar?
Veja
bem, o estresse “agudo” pode ser motivador, enquanto que o estresse “crônico”
pode ser devastador.
Explicando
melhor: nosso organismo, frente a um “desequilíbrio bioquímico” (como o
estresse físico e neurogênico), busca uma nova situação de equilíbrio através
de mecanismos adaptativos (e, portanto, fisiológicos e bioquímicos). Adaptar-se
não deveria ser considerado algo ruim, mas, sim, desejável e saudável. Nas situações
estressantes “agudas” você está pronto para a “luta e fuga”, como observado no
esporte e competições ou na resolução daquela questão “cabeluda” da prova de bioquímica
de certo professor “Peralta” (Se identificou?). O próprio organismo se assegura
de evitar um excesso de cortisol, diminuindo a atuação de CHR e ACTH. Quer
dizer, em um corpo saudável a “sinfonia desta orquestra bioquímica” sempre toca
de forma maravilhosa e encantadora. Todavia, o estresse “crônico” (doença, divórcio,
morte de familiar, violência, desemprego, bullying, entre outros) pode impactar
de maneira ainda mais negativa em sua vida, podendo gerar, inclusive, distúrbios
psicológicos e psiquiátricos severos que requer auxílio de um profissional de
saúde. Quer falar da perda de massa magra com o cortisol, então, diga-me que
tipo de estresse você está submetido diariamente? Além disso, quer falar do
cortisol, então, diga-me como anda sua dopamina, serotonina, endorfina,
epinefrina, norepinefrina, glutamato, GABA, encefalinas, entre outros
neurotransmissores?
O
grande problema, talvez, é que as pessoas se acostumaram com a “mesmice da
simples repetição” de conceitos. Não estou dizendo que estou certo ou errado,
mas com certeza gosto de “pensar” com minhas próprias pernas. Geralmente as
pessoas se referem ao cortisol como sendo um ser “demoníaco” e “maléfico” e,
para os mais radicais, que deveríamos acabar com esse “Hórmon do Capeta”. Todavia,
quando estudamos endocrinologia (que é um assunto interessantíssimo) fica
difícil assimilar a ideia simplista de colocar alguns hormônios como “bandidos”
e outros como “mocinhos”.
Agora
podemos corrigir aquela frase inicial, lembra-se dela:
“Meu
cortisol está nas nuvens e, por isso, estou estressado”.
Correção:
“Estou
estressado, não sei lidar com as situações estressantes da vida cotidiana, que
estão se tornando algo rotineiro, persistente, duradouro e crônico e, por isso,
estou bagunçando meu equilíbrio hormonal, inclusive do cortisol”.
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Prof.
Me. Nutricionista Joelso Peralta (CRN2 6561)
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