terça-feira, 2 de janeiro de 2018


EXISTEM "OBESOS SAUDÁVEIS"?
Em 18 de abril de 2017, a BBC Brasil (http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39625621) fez uma matéria sobre a obesidade, ou melhor, sobre as razões da explosão de obesidade no Brasil. Em outra matéria da BBC Brasil, publicada em 27 de dezembro de 2017, ocorreu um destaque sobre a vida das pessoas que são alvo da chamada “Gordofobia”, ou seja, uma espécie de bullying (físico e psicológico) com que sofrem as pessoas acima do peso, onde o título da matéria destaca: “A gente não quer mais ser visto como doente”. Em seguida, um apresentador e comediante brasileiro fez uma piada “infeliz” sobre as pessoas acima do peso ou obesas, que teve inúmeras curtidas através de seus milhares de seguidores, mas também recebeu muitas críticas. Por fim, uma jornalista e youtuber (que foi entrevista da matéria da BBC Brasil) detonou o comediante e sua “piadinha infeliz”, chamando-o de “gordofóbico” e sentou o sarrafo brilhantemente nas palavras. Enfim, o comediante já disse em outras entrevistas: “Sou apenas um idiota” e “Eu sou um comediante, eu só falo merda”. Neste sentido, não podemos levar em consideração a “piadinha” de mau gosto do comediante, mas esse assunto tem gerado debates nas redes sociais e fiquei pensando naquela frase: “A gente não quer mais ser visto como doente”.

Então, a obesidade não é uma doença?

A resposta te parece simples? Pois bem, não é tão simples assim.

A obesidade pode ser considerada um desvio do bom estado nutricional, sendo caracterizado pelo aumento exagerado do tecido adiposo de reserva, que coincide com o ganho de peso além dos limites de normalidade. Em outras palavras, seus adipócitos (células que armazenam gorduras) estão repletos de triglicerídeos (como se fossem “balões de festa inflados”), o que concorre para um corpo volumoso. Normalmente classificamos os pacientes obesos de acordo com o índice de massa corporal (IMC) elevado, o que se torna um grande equívoco. Ou seja, um atleta também pode exibir elevado IMC, devido sua grande musculatura e consequente baixo percentual de gordura. Em outras palavras, o IMC isoladamente não te diz nada, onde será necessário avaliar o estado nutricional geral destes pacientes, incluindo avaliação antropométrica, exames laboratoriais, exames clínicos, inquéritos alimentares e socioeconômicos e culturais.

E o que causa obesidade?

Da mesma forma, a resposta não é nada simples. Quer dizer, são múltiplos os fatores, incluindo fatores genéticos, ambientais, psicológicos e metabólicos, bem como fatores associados à má alimentação, sedentarismo e uso descontrolado de medicamentos. Além disso, todos estes fatores podem estar inter-relacionados, o que se torna impossível apontar um único culpado.

Então, o obeso não pode ser visto como doente?

Veja bem, existem algumas complicações de saúde associadas à obesidade, incluindo hipertensão arterial, diabete melittus, dislipidemia, insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio, insuficiência vascular periférica, acidente vascular cerebral, trombose venosa profunda, edema, arritmias cardíacas, irregularidades menstruais, hipoandrogenismo, dermatites, osteoartrose, hérnia discal, lombociatalgia, síndrome nefrótica e risco aumentado para câncer (reto, próstata, mama, ovário e endométrio). Neste sentido, me parece importante encarar o paciente obeso como um paciente doente e que necessita de auxílio profissional adequado.

Então, a obesidade é uma doença que vai levar a morte precoce do indivíduo?

KEEP CALM (mantenha a calma), pois não foi isso que eu disse. Veja bem, um estudo publicado em 2011 (Jennifer L. Kuk et al. Edmonton Obesity Staging System: association with weight history and mortality risk. Appl. Physiol. Nutr. Metab. 36: 570–576, 2011) utilizou o sistema de estadiamento da obesidade de Edmonton (EOSS, Edmonton Obesity Staging System) para avaliar a associação histórica do excesso de peso e o risco de mortalidade. O sistema de classificação da obesidade de Edmonton (EOSS) é mais confiável que o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) ou medida da circunferência da cintura, pois leva em consideração outros parâmetros clínicos, tais como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Neste estudo foram avaliados 5.453 homens e 771 mulheres (total: 6.224 indivíduos) americanos obesos durante 14 anos (1987 até 2001), os quais foram comparados com o risco de mortalidade em relação aos indivíduos magros. Sabemos que a obesidade está associada às inúmeras comorbidades que prejudicam a qualidade de vida, mas será que os obesos vivem menos? Pois bem, os resultados mostram que não houve diferenças no risco de mortalidade por todas as causas entre indivíduos obesos (avaliados pelo EOSS) quando comparados aos indivíduos de peso normal. Questiona-se, assim, o argumento que todos os obesos devem emagrecer, independente de seu perfil de saúde geral.

Então, está me dizendo que não preciso emagrecer? 

KEEP CALM, novamente! Estou dizendo que nem todo obeso está infeliz com seu corpo, que nem todo obeso é deprimido, que nem todo obeso é inflamado, que nem toda pessoa precisa seguir os “padrões de beleza” estabelecidos pela sociedade atual. Estou dizendo que sua aparência não determina quem você é ou sua competência no âmbito pessoal e profissional. Estou dizendo que a perda de peso é benéfica para reduzir o risco de doenças, mas que viver no “efeito sanfona” de perda e ganho de peso, movidos pela cobrança desenfreada de uma sociedade de “dietas da moda”, pode ser pior para sua saúde do que perder peso de maneira controlada e de longo prazo.

Enfim, será que existem “obesos saudáveis”?

Bem, essa pergunta não vou responder neste post, mas deixo meu contato abaixo para ajudar obesos e não obesos através de minha Equipe PeraltaNUTRI. Esqueça 2017 e comece uma nova vida em 2018!

Prof. Me. Nutr. Joelso Peralta
Telefone/Whats: (51) 99943-1815
E-mail: peraltanutri@gmail.com ou joelsoperalta@hotmail.com
Blog: www.peraltanutri.blogspot.com