FERRO, DÉFICIT COGNITIVO E NEURODEGENERAÇÃO
O ferro não encontra-se apenas na hemoglobina
(Hb), presente nas hemácias e, portanto, envolvido com o transporte de
oxigênio. O ferro participa de inúmeras funções metabólicas. Sua carência,
contudo, causa anemia, enquanto que seu excesso causa hemocromatose.
Uma quantidade excessiva de ferro e seu acúmulo
encefálico está associado ao déficit cognitivo e doenças neurodegenerativas no
envelhecimento. Esses são os resultados de pesquisa da Profa. Nadja Schroder -
Farmacêutica, Mestrado e Doutorado em Bioquímica pela UFRGS, e Pós-doutorado na
University of California/EUA, em sua palestra online (28/09/2021) no PPG Farmacologia
e Terapêutica da UFRGS.
Em seu estudo, publicado em 2013, a
pesquisadora relata que a sobrecarga de ferro resulta em acúmulo de ferro no
cérebro (hipocampo, áreas corticais e gânglios da base), provocando déficits
cognitivos significativos e neurodegeneração, incluindo a doença de Alzheimer
(Nadja Schröder et al. Role of brain iron accumulation in cognitive
dysfunction: evidence from animal models and human studies. Alzheimer Dis
34(4): 797-812, 2013).
Em 2012, Jesper et al., relata que níveis
excessivos de ferro aumentam o estresse oxidativo (reação de Fenton) e pode
estar envolvido ao Alzheimer e doença de Parkinson (Jesper Hagemeier et al.
Brain iron accumulation in aging and neurodegenerative disorders. Expert Rev
Neurother 12(12): 1467-80, 2012).
Segundo Dra. Nadja Schroder, o cérebro é o
segundo órgão que mais tem ferro no organismo, perdendo apenas para o fígado.
Ao mesmo tempo, acúmulo de ferro cerebral está associado as doenças
neurodegenerativas e disfunções de memória.
Agora, reflitam comigo, especialmente quem for profissional
nutricionista:
Na nutrição, a grande preocupação sempre foi em
relação a deficiência de ferro (anemia ferropriva). No Brasil, fórmulas
infantis, suplementos alimentares e alimentos são fortificados com ferro, porém
sem exames hematológicos individuais (ou seja, apenas recomendações profiláticas).
Aí, vem a pergunta:
A falta de ferro tem prejuízo sobre o
crescimento e desenvolvimento na infância e adolescência, mas seu excesso (sem
o devido exame hematológico) não teria repercussões cognitivas na vida
adulta velhice?
Pensativo em 3...2...1...
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