sexta-feira, 24 de setembro de 2021

IVERMECTINA: ESTUDOS FRAUDULENTOS?

 


IVERMECTINA: ESTUDOS FRAUDULENTOS?

É engraçado como algumas coisas são divulgadas pelos "doutores" defensores do tratamento precoce e DESinfluenciadores digitais e outras são, simplesmente, ignoradas. Por exemplo, recentemente (dia 22/09/2021) saiu uma carta ao editor, publicada na Nature Medicine, que diz respeito à lição aprendida com o uso da ivermectina: meta-análises baseadas apenas em dados agregados são inerentemente não confiáveis, que foi totalmente ignorada.

O que isso quer dizer?

Bah tchê, quer dizer muita coisa, por exemplo:

O estudo randomizado do Dr. Ahmed Elgazzar et al. (Efficacy and safety of ivermectin for tretment and prophylaxis of Covid-19 pandemic, 2020), na forma de preprint, sobre ivermectina, que apontou uma redução de mortalidade de 90% no grupo tratado com medicamento para piolho é uma fraude. Este estudo foi compartilhado nas mídias sociais (tantas vezes que perdi a conta), mas para quem não lembra (ou disfarça que não lembra), o estudo está sob investigação e foi retirado do ar devido "preocupações éticas".

Bah tchê, também quer dizer:

O Dr. Elgazzar não está sozinho neste "barco furado". Outro estudo (Andrew Hill et al. Meta-analysis of randomized trials of ivermectin to treat SARS-CoV-2 Infection. Open Forum Infectious Disease, 2021) declarou que vai reanalisar e republicar seus dados. De acordo com Nature Medicine (2021), outros estudos com o antiparasitário contém dados preocupantes e impossíveis de serem replicados, que são incompatíveis com os dados registrados no estudos. Existem, também, inúmeros estudos observacionais (que não estabelecem causalidade) e preprints (talvez jamais publicados) preocupantes, ou seja, muitos estudos que apoiam a ivermectina serão retirados do ar nos próximos meses, segundo Nature Medicine.

Bah tchê, outra coisa que podemos dizer:

Claro que a carta da Nature Medicine (2021) é totalmente ignorada pelos amantes do medicamento para piolho, assim como também é ignorado uma revisão sistemática com meta-análise de ensaios clínicos randomizados, publicado em 2021, na Clinical Infecfions Diseases, que diz: a ivermectina não reduz mortalidade, não melhora a clínica do paciente ou sua necessidade de ventilação mecânica e não é uma opção viável para o tratamento da Covid (Ivermectin for the treatment of coronavirus disease 2019: a systematic review and meta-analysis of randimized controlled trials. Clinical Infectious Diseases, 2021).

Bah tchê, e qual a lição disso tudo?

Para mim, que não tenho preocupação em agradar Gregos e Troianos, mas apenas trazer a verdade, mantendo minha sanidade mental e sono tranquilo à noite, diria:

Primeiro, os estudos de baixa qualidade metodológica, questionáveis ou fraudulentos, incluindo preprints, não deveriam ser divulgados em mídias sociais por profissionais de saúde, pois, afinal, são profissionais de saúde.

Segundo, o estrago já foi feito, pois dados falsos, mentirosos e fraudados se espalham rapidamente e dão a população uma falsa noção de segurança na pandemia. O leigo, portanto, não consegue discernir o FATO do FAKE.

Terceiro, se estamos, ainda hoje, discutindo ivermectina na Covid-19 é porque o estrago não foi grande, mas, sim, abissal, estratosférico, colossal, descomunal. Quando "alguém diz" (que governante vocês acham?): "Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial", percebe-se, claramente, que estamos perdendo a racionalidade, além de tempo e dinheiro.

Enfim, a fraude na ciência não é uma novidade, mas foi exacerbada na pandemia de Covid-19. Quais são os motivos? Bah tchê, essa deixo para o caro leitor refletir. Por outro lado, isso não significa que você deve desacreditar na ciência, mas, sim, selecionar melhor o que lê, o que compartilha e que você segue nas mídias sociais.